O quadrante dos sonhos: compreendendo o individual e o coletivo com uma metodologia simples e transformadora.

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Imagine que vocĂȘ faz parte de um pequeno grupo de pesquisa que irĂĄ entrevistar uma turma de estudantes. VocĂȘs querem descobrir mais, por exemplo, sobre o curso no qual estas pessoas estĂŁo, mas querem captar estas informaçÔes de forma ao mesmo tempo ampla e profunda.

Como começar o papo? O que perguntar? Como organizar essa conversa? QuestÔes muito comuns, principalmente quando o objetivo da conversa não foi definido ou tudo é muito subjetivo. Dica? Use o quadrante dos sonhos.

Eu aprendi sobre o quadrante dos sonhos em uma talk sobre transformação pessoal, realizada por Marcelle Xavier e Raoni Henrique (em breve vou contar mais sobre essa talk aqui no Medium). O quadrante é uma excelente forma de captar o espírito e a energia de um grupo, ao mesmo tempo como um todo e entendendo cada indivíduo. O quadrante é formado por:

  • Eu interior
  • Eu exterior
  • NĂłs interior
  • NĂłs exterior

Eu interior

Este Ă© o primeiro momento da conversa. VocĂȘ pede a cada pessoa que responda, individualmente e de forma sucinta, Ă s seguintes perguntas:

Por quĂȘ eu me envolvi com este grupo?

No nosso exemplo, poderia ser “por que eu escolhi estar neste curso?” ou “por que eu estou nesta turma”. Neste caso, o objetivo Ă© entender o que motivou a pessoa a estar ali. Se estĂĄ buscando alguma oportunidade, quais sĂŁo seus interesses, necessidades e possibilidades.

Quais são minhas paixÔes?

O objetivo aqui Ă© ir alĂ©m de coisas que a pessoa faz por mera necessidade de sustento. É o que a traz prazer. O que ela ama. As paixĂ”es podem ser atividades intelectuais, pessoas, desde que sejam intensas e verdadeiras.

Como minha histĂłria e jornada pessoal se relacionam com este grupo?

Aqui, Ă© interessante que a pessoa realmente comece a se abrir. Estamos quase saindo da barreira do eu interior. É interessante que ela conte sobre as pedras em seu caminho e como sua jornada a levou ao grupo onde estĂĄ.

Quais são minhas limitaçÔes internas?

Aqui, a pessoa deve contar o que acredita que falta em si. O que acredita que não seja capaz de fazer ou administrar. É comum, seguindo o exemplo do curso, que estudantes confessem sobre preguiça, ansiedade e falta de foco.

O que me desmotiva?

Aqui, apesar de ainda estarmos no campo do “eu interior”, acaba relacionando o eu individual a questĂ”es externas. Seguindo o exemplo, a desmotivação pode incluir conflitos na turma, falta de recursos, estrutura


Eu exterior

Este Ă© o momento em que o eu interior se conecta ao ambiente externo. Apesar de haver perguntas especĂ­ficas na metodologia original proposta por Marcelle e Raoni, o tempo pode ser curto. EntĂŁo pode-se fazer o seguinte:

Responder às mesmas perguntas acima, mas considerando agora como o mundo reage a estas (des)motivaçÔes, paixÔes e sua história. Como suas limitaçÔes internas se tornam suas fraquezas ao serem expostas ao mundo.

NĂłs interior

Agora Ă© o momento de interagir, integrar, inteirar.

Analisar aquele grupo, que no início da conversa era abordado um conjunto de indivíduos, cada qual com seus sonhos, paixÔes, medos e limitaçÔes, agora como um corpo só, e responder às seguintes questÔes:

  • Quais sĂŁo nossos valores?
  • O que Ă© inaceitĂĄvel?
  • O que nĂłs esperamos umas das outras pessoas?
  • O que nĂłs podemos oferecer Ă s outras pessoas?
  • Como nĂłs podemos nos ajudar?
Imagem por Harish Sharma, licenciada por Creative Commons Public Domain.

NĂłs exterior

Por fim, Ă© preciso que o grupo entenda seu objetivo. E, mais importante que isso, encontrar uma pergunta geradora. A pergunta geradora Ă© aquela que define a busca daquele grupo. Na turma de um curso, seguindo o exemplo, pode ser “Como a melhorar o mundo atravĂ©s do que aprendemos no curso?”

O grupo não pode se esquecer que todos os pontos de vista precisam ser ouvidos, mas que não precisam ser tomados como verdades plenas. Essa complementariedade de opiniÔes enriquece a construção de soluçÔes para problemas através de ideias em conjunto e torna a identificação mais fiel.

Afinal, qual o objetivo final deste método?

Com a comunhĂŁo e o estĂ­mulo Ă  harmonia do grupo, as pessoas poderĂŁo:

  • Execitar a capacidade de ouvir;
  • Ouvir frases e histĂłrias que podem ajudar a transformar pessoas;
  • Descobrir quem precisa de ajuda e quem pode ajudar;
  • Encontrar uma visĂŁo de futuro para cada ser e para o grupo.

“Be We Before Me” — “Seja Nós antes de ser Eu”

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Jimmy Andrade đŸłïžâ€đŸŒˆ

Cantor, compositor, produtor musical e empreendedor no mercado da mĂșsica. Aqui vocĂȘ vai ler sobre mĂșsica, tecnologia, UX, arte e diversidade.