Social

João Pedro Fraga
Medium Brasil
Published in
2 min readMay 19, 2017

Procurei você no Facebook, não sabia seu sobrenome, nem conhecia algum dos seus amigos, interesses ou comidas favoritas. Procurei na página da faculdade, em fotos de gente da sua cidade, sabia seu primeiro nome, não que eu tenha te perguntado, mas ouvi pelos corredores, alguém te gritou, eu apenas acompanhei o som. Ou algo do tipo. Te mandei uma solicitação.

Achei seu Twitter ontem, vi que você estava com dificuldades numa matéria que eu já tinha feito, ou apenas reclamava por reclamar, aquela fala vazia de quem quer soar engraçado, eu conheço bem esse tipo de coisa. Fiquei em dúvida se me oferecia para te ajudar ou também fazia piada. Acabei fechando a aba.

Pedi para seguir seu Instagram, demorou uns dois dias, mas você aceitou, não sei qual seu critério de avaliação das chamadas redes sociais, mas de todas eu ainda acho o Instagram um dos mais pessoais, perdendo pro Whatsapp, talvez. Vi todas suas fotos, curti as duas mais recentes, mesmo querendo curtir uma de Dezembro de 2014, seu cabelo está lindo nessa, espero que saiba de qual eu falo.

Direita, direita, direita, esquerda, direita, xis, coração, xis, xis, xis, coração, clica, lê perfil, xis. Descarto tantas que não são você, procuro alguém parecido, mesmas características físicas, mesmo sorriso doce, olhar terno, talvez eu esteja procurando no aplicativo errado… O Tinder é muito complicado, mas eu bem queria te encontrar ali, saber sua música preferida, seus artistas favoritos e ler sua descrição, se descrevendo, mas nunca se limitando.

Não sei como vou conseguir seu Whatsapp, é muito difícil ser informal pedindo o número de alguém, pra mim pelo menos, se ao menos tivesse algo tipo o LinkedIn, que eu te enviasse meu currículo pessoal pedindo não um emprego, mas pedindo que você entre em contato comigo para negociarmos uma sessão no cinema cult da sua cidade.

Talvez eu devesse te parar no corredor, te dar bom dia, perguntar se está tudo bem, depois eu te acompanhava até a sua sala, chamava pra tomar um café com leite na cantina pra acordar, ou até mesmo um café puro, faria uma piada com o gosto e a “idade” do café, você riria, talvez nisso tudo eu até pediria seu número, mas não teria mais importância.

Não quero ser seu amigo só no Facebook. Não quero te seguir no Twitter ou no Instagram. Não vou te mandar um snap ou um currículo. Não vou passar minha vida inteira querendo te mandar uma mensagem em uma rede social quando posso te dar um abraço real, antes das vinte e quatro horas da história acabarem.

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