A fragilidade exposta por um ciberataque global

Como um dos maiores ataques virtuais da história recente mostra que o futuro da tecnologia pode ser muito mais complicado do que parece

Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente
4 min readMay 13, 2017

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Enquanto o mundo inteiro se preocupa com uma 3ª guerra mundial travada através de armamentos nucleares, uma ameaça muito mais real se mostrou presente nessa última sexta-feira.

Um ciberataque global que afetou empresas e instituições publicas e privadas em mais de 90 países ao redor do mundo de forma simultânea demonstrou como um mundo cada vez mais digital e conectado, se torna refém de estratégias de ataque muito mais eficazes e escaláveis, com um custo infinitamente menor do que a ameaça atômica.

Hospitais, tribunais e empresas foram vítimas de um ataque utilizando um ransomware, que sequestrava todos os dados dos computadores afetados, tal ataque foi realizado utilizando brechas encontradas no sistema operacional Windows, que permitiu o sequestro dos computadores alvo.

Para se protegerem várias empresas foram obrigadas a desligar seus computadores e servidores, as que não conseguiram fazer a tempo, tiveram seus dados sequestrados e agora precisam pagar um resgate em bitcoins, ou simplesmente aceitar a perda dessas informações.

Dezenas de empresas e bilhões de dólares colocados em risco sem a necessidade de um único tiro ser disparado, não foram necessários porta aviões, bombas atômicas ou caças a jato, e mesmo assim vidas foram colocadas em risco quando hospitais não puderam acessar os dados dos seus pacientes.

Guerras Virtuais

O termo guerra virtual não é uma novidade, nas últimas eleições americanas houveram suspeitas que ainda estão sob investigação de que agentes russos realizaram vazamentos de dados seletivos para influenciar a eleição presidencial americana.

Ao mesmo tempo, países como a China, Rússia e os próprios Estados Unidos possuem verdadeiros batalhões de soldados especializados em realizar ciberataques a bases de dados estratégias de inimigos e mesmo aliados quando isso for relevante.

Consequências em um futuro em conectado

Algumas pessoas podem encarar esses acontecimentos como sendo algo distante, que afeta empresas que possuem milhões ou bilhões em recursos e nunca será uma realidade na vida de pessoas comuns.

Mas é preciso lembrar que cada vez mais os aparelhos conectados fazem parte do nosso dia a dia.

Carros autônomos, sensores, drones, aparelhos domésticos inteligentes, todos conectados de alguma forma a rede mundial de computadores e por consequência, suscetíveis a ataques virtuais.

Imagine um mundo onde a maior parte dos carros seja autônomo, e de repente um ataque hacker consiga assumir o controle de uma parte relevante da frota de algum país e causar acidentes em uma escala nacional.

Correndo o risco de receber críticas bastante duras: ataques assim tornariam o 11 de Setembro uma brincadeira de criança em termos de danos físicos e psicológicos causados.

Talvez situações assim sejam consideradas ficção cientifica hoje, mas o roubo de dados e controle remoto de aparelhos conectados a internet já é realidade, e a medida que essas tecnologias forem evoluindo, as técnicas de invasão também irão.

Um futuro delicado

Em uma analise realista, podemos ver que as maravilhas proporcionadas pelo avanço das tecnologias conectadas, também trazem um risco que ainda é muito ignorado pela grande maioria das pessoas.

Em um futuro onde virtualmente todas as pessoas estarão a qualquer momento do dia próximas a algum device conectado, a captura desses aparelhos pode ser usada como moeda de troca e chantagem contra empresas, governos e indivíduos.

Pontos relevantes

Diferente do que muitas pessoas pensam, o ciberataque não foi possível “somente por ser Windows”, todo sistema possui falhas, do Linux ao Mac, passando pelo Android, iOS e Windows, porém, existem ao menos dois pontos importantes que ajudam a aumentar o índice de segurança de um sistema.

O primeiro deles é a sua capilaridade. Normalmente sistemas muito populares e padronizados são alvos mais fáceis para ataques virtuais. Afinal de contas, é muito mais fácil conseguir infectar milhares ou até milhões de máquinas usando o mesmo código quando elas utilizam o mesmo O.S e por consequência possuem as mesmas vulnerabilidades, do que ter que criar milhares de adaptações para cada pequeno grupo de maquinas alvo.

Assim, o Windows como líder de mercado em desktop, acaba sendo o alvo preferido por criminosos virtuais.

O segundo ponto relevante é a capacidade de adaptação e correção de cada sistema, e nesse caso sistemas de código aberto como as diversas distribuições do Linux levam vantagem.

Ao ter uma comunidade de milhares de contribuidores produzindo constantemente, as chances são de que uma resposta aos ataques e descobertas de vulnerabilidades seja muito mais rápida.

Na realidade, o próprio processo de buscar e encontrar falhas é acelerado em projetos open source que contam com uma comunidade forte e ativa.

Conclusões

Em um mundo que caminha para se tornar cada vez mais conectado, a segurança virtual se torna uma prioridade cada vez maior para indivíduos e instituições.

Os riscos aos quais cada pessoa passa a ser exposta em sociedades nas quais quase tudo, da geladeira ao caminhão de 40 toneladas carregado de materiais químicos pode de alguma forma ser controlado através da internet, são algo nunca vistos antes.

Tais riscos podem e provavelmente vão atrasar a implementação total dessas tecnologias, até que sejam alcançados níveis satisfatórios de proteção a esses sistemas, mas da mesma forma que a sua implementação é algo praticamente inevitável, a popularização de casos de ciberataques também serão, e as consequências desses ataques provavelmente ganharão escalas cada vez mais dramáticas para todos.

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Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente

Founder @empreendajunto| Empreendedor apaixonado por inovação. | COO/Partner Gestão 4.0