A estrutura sem centro: as arquiteturas de redes de Paul Baran

Jornalismo ESPM 2017.1
4 min readJun 10, 2018

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João Ricardo Barbedo

O capítulo “A estrutura sem centro: as arquiteturas de redes de Paul Baran”, do livro Teorias das Mídias Digitais, procura entender como foram criadas e como funcionam as estruturas das redes sem centros, estudadas pelo cientista norte-americano Paul Baran.

O autor do livro começa apresentando o contexto do estudo, fator importantíssimo para se entender o porque da criação das redes distribuídas. O fator histórico começa com o contexto histórico da guerra fria nos EUA, com o famoso episódio das crises dos misseis em 1961 em Cuba, quando a URSS decidiu montar uma base, na pequena ilha, que serviria como uma ameaça imensa ao norte-americanos. O estudo partiu, então, desse episódio, quando o cientista viu que era necessário estar preparado para qualquer tipo de ataque inimigo, a ideia inicial era montar um sistema de defesa que continuasse funcionando após qualquer tipo de ataque.

A noção das redes distribuídas parte do principio que as conexões não estarão presas ao ponto fixo e foi exatamente esse o problema que Baran descobriu as “redes” que existiam na época. Antes do início do estudo, as noções da época eram de redes conectadas por um ponto centralizado, que transmitia a informação a partir da ligação quase que direta. O cientista entendeu durante o tempo que, talvez, a percepção de “conexões múltiplas “talvez fosse a mais exata.

As redes ao longo dos anos receberam três classificações, são elas redes centralizadas, redes descentralizadas e redes distributivas. As redes centralizadas são aquelas que partem em diferentes ligações vindas de um único ponto, já as redes descentralizadas são aquelas nas quais, além de um polo central, existem polos secundários ligados a outros pontos. O problema desse tipo de rede é sua fragilidade: basta destruir um dos nós (nas redes centralizadas) ou alguns (nas descentralizadas) para inutilizar todo o sistema.

Além dessas desses dois tipos de redes existem também as redes distributivas. Nesse tipo de rede não há uma hierarquia entre os pontos e todos eles estão ligados a pelo menos outros dois. Em um caso de ataque, a destruição de um ou mais pontos não afetaria o funcionamento da rede, que seria interligado por aqueles que ainda funcionassem e a única maneira para fazer com que essa rede pare, seria destruir todo o sistema. Os danos seriam catastróficos, caso isso viesse a acontecer.

O autor do livro nomeou de “Trilhas da Informação “para aquilo que seria uma novidade no conceito das redes distributivas, ou seja, é a capacidade de se criar quase instantaneamente, vários caminhos para a circulação das informações. Assim, caso um desses caminhos for atacado ou destruído, os dados imediatamente seriam desviados para outras rotas, chegando logo ao seu destino. A principal intenção em uma rede na qual todos os pontos têm mais uma conexão é eliminar o problema da centralização. Os dados que acabam seguindo uma trilha simples como A-B-C-D, caso um deles for atacado, eles poderão seguir normalmente por ligações como A-B-E-F-D e assim o sistema continuará vivo. O número de conexões existentes aumenta exponencialmente a possibilidade de a informação chegar ao seu destino, exatamente por conta da variedade de rotas existentes.

Como exemplo a ser analisado, os Torrents, são a ferramenta mais aproximada do ideal de uma rede distributiva, devido ao fato que eles funcionam dividindo seus arquivos em partes menores localizados em diferentes hosts- qualquer tipo de computador que esteja sempre conectado na internet para que as informações não sejam perdidas- de maneira ilimitada. Com esse método os arquivos grandes são baixados de maneira mais eficiente, ou seja, mais rapidamente.

O sistema de download de um Torrent funciona no programa de Peers to Peers (P2P), ou seja, estará interligado entre dois pontos, exatamente como o cientista Paul Baran demonstrou nas redes distributivas, nos quais não há um ponto fixo no qual o download de iniciará. Quando uma pessoa inicia um download por torrente, as partes estarão separadas em pequenos pedaços, nos quais serão encontradas ao longo do caminho na rede, para que o download seja feito mais rápido, devido as informações do arquivo que se complementará.

Os caminhos que foram descobertos por Baran, lá nos 60, permitiram que com a evolução tecnologia dos dias de hoje, as informações possam transitar de uma maneira mais rápida e muito mais livremente dentro das redes. Pois a quantidade de caminhos que ela pode cruzar agora tornou-se infinita devida, exatamente, as redes distributivas.

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Plataforma para divulgação dos textos do trabalho de Tecnologia da Informação e Comunicação baseado no livro "Teoria das Mídias Digitais" de Luís M. S. Martino