Atriz transexual que se crucificou é esfaqueada próximo a sua casa

Jornalistas Livres
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por Leo Moreira Sá, para os Jornalistas Livres

A atriz Viviany Beleboni, que realizou a performance da crucificação na Parada do Orgulho LGBT deste ano, postou um vídeo em seu perfil do faceboock, onde mostra as marcas da agressão que sofreu ontem, sábado (08). Disse que foi abordada por uma pessoa próximo à sua casa que a reconheceu e a agrediu com socos e com um canivete dizendo que ela não era de Deus, era um demônio e que que ela vai ter que pagar pelo que fez. Viviany fala e mostra os hematomas e cortes no rosto e corpo.

Isso é o resultado dos discursos de ódio que fundamentalistas têm propagado, incentivando violências homotransfóbicas como essa.

Logo depois da Parada, o pastor Marco Feliciano fez uma colagem de imagens de outras manifestações que mostravam pessoas sendo penetradas por cruzes e santos, e divulgou o monstrengo, dizendo que se tratava de cenas que aconteceram na Parada desse ano — tudo para criticar a perfomance da atriz. Depois disso, o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), apresentou um projeto que tornava crime hediondo o “ultraje a culto”, e chamou de “cristofobia” as manifestações que envolvessem símbolos religiosos.

A prova de que as acusações partem de pensamentos de intolerância transfóbica é que outras pessoas que já utilizaram o modelo da crucificação não tiveram o mesmo tratamento, como Madona, Neymar e Marcelo D2.

A atriz, que já havia recebido ameaças nas redes sociais e por mensagens telefônicas na época em que a foto de sua performance se espalhou pela internet, acaba de ser vítima da cultura de ódio que se espalha no país, cultivada pelos setores fundamentalistas de religiosos católicos e evangélicos, os mesmos que querem a exclusão do debate democrático sobre gênero nas escolas.

Viviany declarou que não irá fazer nenhum boletim de ocorrência para não ser “tratada como homem” na delegacia. Ela fechou a sua conta no facebook e concluiu que é melhor ficar na segurança de sua casa.

Ela termina a gravação com a seguinte frase, se referindo à sua performance na Parada do Orgulho LGBT de 2015:

“O meu ato foi de amor, foi pra alertar pessoas que nem eu, que estão sangrando”

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