De produto para produto: pontos que aprendi (e aprendo) pelo caminho

Julia Cavadas
4 min readJun 18, 2023

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Como primeiro texto escrito aqui, meu intuito é falar mais sobre minha experiência do que escrever em pedra o “como fazer”. Não há receita de bolo e muito menos um padrão a se seguir no dia-a-dia, ainda mais quando estamos falando sobre ser uma pessoa de produto.

Provavelmente existem milhares de textos parecidos com esse e com tópicos que se repetem por aí, o que faz total sentido, dado que quando falamos de desafios e problemas cotidianos, existem muitas semelhanças vividas nessa área.

Há dois anos eu entrei, no que na minha concepção, foi o maior desafio da minha carreira até então: (re)construir a experiência de um produto super desejado e necessário para o cliente. Com isso, acumulei na minha bagagem alguns erros, alguns acertos mas, sem dúvida alguma, milhões de aprendizados (amém!).

  1. Não tenha medo de não saber
    Todo dia, várias vezes ao dia, eu sei que não sei algo. Independente do produto, tema ou desafio que você esteja enfrentando você não saberá algumas coisas e aprendi que a magia de ser de produto está no não saber. E isso também não tem relação com seu cargo ou com quanto tempo você tem de experiência. O não saber, quando bem usado, abre infinitas possibilidades para solucionar um problema. Faça perguntas, das mais simples às mais complexas e não tenha medo de questionar os diversos porquês que estarão escondidos sob camadas de soluções infalíveis que vão chegar prontas na sua mão.
  2. Fale do problema
    Como falei anteriormente, um problema vem cercado de oportunidades, enquanto se prender a soluções prontas que vão vir junto com a sua demanda, pode significar cair em algumas armadilhas. Pense em você como consumidor de qualquer produto, seja ele digital ou não. Agora pense em um problema que você tem com algum deles. Provavelmente você terá na cabeça milhões de formas de fazer melhor e para resolver aquele problema específico, certo? Pois bem, nosso papel como produto é não se prender a problemas pontuais e sim explorar o que causou esse problema, o que esse problema pode gerar e pensar em formas melhores e mais funcionais de se resolver.
  3. Não se apegue na solução perfeita
    Quanto mais você se aprofundar no problema, mais você vai pensar sobre como melhorar, como trazer mais funcionalidades e como construir camadas de um produto perfeito. Eu sei, é natural. Porém, é preciso ter cuidado para não ser apenas sempre uma ideia perfeita no papel e nada na mão do cliente. Lembra do problema original? Ele ainda existe. Pense de forma grande, execute em pequenos passos. Isso gera confiança no time que você está gerindo, cria-se a sensação de entrega para o cliente e ajuda na evolução da sua própria solução (que pode ter certeza que não vai ser a única e mais perfeita solução).
  4. Documente, documente, documente
    Quem me conhece vai reconhecer que esse número 4 é quase um mantra que carrego comigo e levo para o meu time, pares, companheiros de trabalho. Não se prenda a ter a documentação perfeita e pronta para compartilhar pela primeira vez. Eu repito isso diariamente: “Documentação é um organismo vivo”, ela vai sendo construída, evoluída, atualizada o tempo todo. Decisões são tomadas diariamente e gerir o conhecimento de todos os envolvidos na entrega é essencial para evitar frustrações, retrabalho e conflitos.
  5. Comunicação, comunicação, comunicação
    Não subestime o poder de um bom alinhamento. Na mesma linha da documentação, compartilhe suas ideias, pensamentos, soluções. Não somos perfeitos e portanto, não precisamos achar que vamos resolver tudo de primeira ou sem nenhum ajuste de discurso, ideia ou conceito. A beleza dessa área para mim está no contato com diversas inteligências, especialidades e conhecimentos. Grande parte do meu trabalho hoje é de alinhamento com clientes e pares — sejam internos ou não.
  6. Olhe para os dados e converse com os clientes
    Sendo um pessoa de produto focada em experiência do cliente isso se fez mais verdade ainda. Não se iluda no mundo de fantasias de que todo lugar terá base de dados robustas, cheia de indicadores para você só avaliar. Se force a criar esses dados, caso não os tenha. Pesquise, converse, pense nas métricas que são importantes para o seu produto. Além disso, valorize cada conversa com seu cliente. Busque entender a realidade dele, pense no que você realmente quer saber dele e aproveite isso para evoluir seu produto.
  7. Crie um time confiante e confie nele
    Esse ponto aqui pode valer para quem é líder e quem quer virar um líder. E para deixar claro, você não precisa ter um time para ser líder, a forma como você inspira os outros é um sinal de liderança. Me considero com uma característica de liderança próxima, mas sempre faço uma autorreflexão para que isso não atrapalhe o desenvolvimento e os erros que são inerentes ao processo. É um erro achar que vai resolver tudo. Acreditar no time e deixar as coisas acontecerem pela mão de outras pessoas é um grande desafio para um perfil mão na massa, mas é uma sensação incrível ver resultado e acompanhar o orgulho que é construir um time confiante e que entrega com qualidade.
  8. Você vai errar
    Tá tudo bem, gente! Outro mantra que fui adquirindo durante os anos. Fui evoluindo mentalmente a cada desafio e isso faz com que me orgulhe demais. Tudo que falei anteriormente são pontos importantes porque são coisas que vão dar sustentação para você errar. Se comunique, alinhe expectativas e tente. Claro, tenha segurança de decisões críticas que você vai tomar, mas não tenha medo de testar algumas coisas, validar outras na prática e principalmente, não tenha medo de falar “Eu errei, vamos ver o que poderia ter feito de melhor”.

Escrevendo esse texto percebi que teria mais uns vinte pontos para trazer, mas para não me alongar, espero que tenha sido uma leitura proveitosa. Tenham certeza que a escrita foi.

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Julia Cavadas

Group Product Manager, passionate about technology, product and thinking about the customer experience