Hoje me peguei pensando como seria se todas as coisas pudessem entender o que eu falo quando não tem ninguém por perto.
E, principalmente, se elas pudessem te contar tudo isso.
Se meu carro falasse, ele poderia te contar tudo o que passa pela minha cabeça depois que eu te deixo na sua casa. Todas as conversas que eu tenho comigo mesma e todos os momentos que imagino ao seu lado, sempre em voz alta.
Já o meu travesseiro te contaria sobre todas as fotos que eu vejo antes de dormir, lembrando com saudades dos momentos que passei com você.
…
A saudade sempre veio.
O problema é que dessa vez, ela resolveu ficar.
Você já fez cocô na fralda, no berço e no pinico.
Já fez cocô na praia, no mar e até na areia.
Um dia você teve que fazer cocô naquele banheiro nojento do bar de canto da estrada depois de comer vários salgadinhos naquela viagem interminável com a família.
Você já fez cocô na escola e na faculdade. E já inventou desculpas do porque demorou tanto no banheiro.
Todo mundo já tentou se equilibrar para não encostar naquela privada suja da balada porque a bebida bateu rápido demais.
Você também já teve que fazer cocô no primeiro encontro e, se…
Hoje ganhei flores.
Rosas vermelhas.
Do meu chefe, do meu pai e do meu namorado.
Sempre gostei muito de flores.
Mas não no dia de hoje.
Foram 10 ao todo.
Contei uma por uma.
Queria poder trocar essas flores por outras coisas.
A primeira delas eu trocaria pela bola de futebol que eu nunca ganhei. Sempre me disseram que era coisa de menino.
A segunda, por uma casa onde as tarefas fossem divididas entre todos. Igualmente.
A terceira eu queria trocar por não ter medo de andar sozinha na rua, mesmo que de noite.
A quarta, por não precisar ouvir…
Hoje na farmácia a vendedora resolveu puxar assunto enquanto passava os produtos “Gosto muito desse clima de começo de ano, tudo parece renovado né?”.
Fiquei sem resposta. Embora eu goste muito de viradas do ano, tudo parecia muito igual pra mim, sem nenhuma grande mudança até então. Eu sorri e concordei.
Ela então resolveu continuar, com uma daquelas perguntas que dão frio na espinha “E o que você achou de 2016?”.
A principio pensei “Uma merda”. Confesso que sou bem reclamona e essa costuma ser a resposta que tá sempre na ponta da língua. Mas controlei a ansiedade e percebi…
A gente devia se preocupar mais com a morte. E veja bem, isso não significa necessariamente parar de fumar, fazer check-ups semestrais, não sair a noite, ou beber menos refrigerante. Precisamos entender que a morte é inevitável e vai chegar para todos nós.
O problema é que a gente vive sem pensar na morte. É fúnebre, assustador e um pouco estranho o pensamento de que tudo vai acabar um dia. Mas, por esquecer dela, acreditamos que temos todo o tempo do mundo. E isso é a maior mentira que existe.
Em um dia qualquer você vai embora. Sem avisar ninguém…
só escrevo pelos likes