Faço da minha luta, poesia.
"Aos poucos vencendo o silêncio, tenho devolvido ao meu povo uma história que é nossa. Então deixa que nós contamos.” -Poeta Júlia Motta
Júlia Ferreira Motta , é poeta marginal, slamer, escritora independente do livro RESISTIR PARA EXISTIR , monitora cultural e arte educadora.
Conheça Júlia Motta:
Poeta marginal protagonista da sua historia, atualmente trabalha entre oficinas, sarau e slam propagando a palavra em manifesto. Atende o público entre crianças, jovens e adultos com o projeto 'Versos de Resistência' e crianças e adolescentes pelo 'Sonhar com as Mãos'.
Porque escrevo?
Escrevo pra não ser escravo, de uma historia que apropriam-se e contam sem conhecimento. Antes de pensar em escrever, eu vivi um silêncio que não me pertence.
Como diz Audre Lorde: “Seu silêncio não vai te proteger”
Quando escrevo é como devolver aos meus o que tomaram de nós, contar nossas histórias. Manter vivo a palavra enquanto proteção. Acredito que a poesia marginal não é escrita e performance, é ancestralidade, conhecimento e vivência, assim que entendi que meu espaço era dentro da poesia, trouxe toda a minha luta. Escrevo por mim, por nós, para quem está por vir. Não existe nada mais belo que sentir-se representado ou sentir que representa algo a alguém, por isso os versos que compõem minhas poesias dizem muito sobre a realidade, é sobre jogar ao mundo o peso de resistir diante a tantas lutas.
Acredito no poder da palavra, assim como na subjetividade de cada leitor, sentir-se provocados pela continuidade. E o poeta marginal tem essa função de traduzir a realidade, o íntimo, a existência e suas causas. Por isso, nós definimos marginais, vistos a margem, e manifestando sobre causas sociais que a sociedade recusa a falar, ou nega a existência. Antes da escrita é necessário que alguém tenha vivido aquela poesia, da mesma forma que o escritor explica a vida e tudo que trata de histórias.
Poesia marginal é uma manifestação.
Me permito muito ser ouvinte, de todas as histórias. É um exercício que todos nós deveríamos praticar, principalmente pelo fato de estarmos em mudanças constantes e com isso pessoas carecem de serem ouvidas, considerando que todos nós temos uma história, mesmo que cause espanto, comova ou seja insignificante a outras pessoas. O poeta traz diversos personagens, momentos ou sentimentos com ele, por ouvir o outro, enxergar o outro.
“A cultura na qual hoje sou parte, seja capoeira ou religião de matriz africana me traz esse espaço de sentido que ninguém faz nada sozinho, sempre precisamos do próximo. É necessário que alguém tenha cultivado a terra de um terreno para o alimento crescer, para o seu preparo, ser servidos e nos alimentarmos, e com esse mesmo propósito, precisa refazer esse trabalho de tempo e espaço, saber onde piso e como valorizo isso tudo. Por isso existe nós, a pluralidade da palavra e o poder maior que causa. ”
Carregamos conhecimentos e corações, precisamos manifestar a dor e delícia de ser quem somos.
Conheça mais sobre a poeta:
https://www.instagram.com/poetajuliamotta/
Contato.poetajuliamotta@gmail.com