Resenha do Filme Chatô — O Rei do Brasil

Julia N. Tews
2 min readMar 15, 2020

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“Chatô — O Rei do Brasil” conta os momentos de vida de Assis Chateaubriand, baseado na biografia escrita por Fernando Morais sobre o jornalista. A produção é focada no auge de Chatô, tendo como cenário o Rio de Janeiro até meados dos anos 1960. Ainda, inúmeras figuras estão presentes no elenco do filme brasileiro, como Getúlio Vargas, para propiciar o entendimento do quão importante foi Assis no âmbito político, histórico e da comunicação para a sociedade no século XX até os dias atuais.

Chatô, paraibano ufano, é apresentado de modo polêmico, com seu jeito escandaloso, debochado e mulherengo. Foi a grande figura que chegou ao poder a partir da fundação dos Jornais Associados, Rádio Tupi e a TV Tupi, o primeiro canal de televisão no Brasil. Assis queria valorizar a cultura nacional, tendo influência na área cultural da época em pleno Modernismo. Como visionário de sucesso, ele deixava claro que o patrocínio em jornal deveria ter um destaque maior para produzir mais dinheiro e proporcionar a veiculação da notícia. Sua vida agitada foi sendo atrapalhada pela trombose, derrubando-o aos poucos. No entanto, ainda que estivesse enfermo, continuou sua paixão pela escrita e crítica intensamente até vir a falecer.

O filme é fragmentado, fazendo idas e vindas no tempo para mostrar os momentos de Chateaubriand. Em certa parte até o final ocorre uma espécie de julgamento de Assis, já debilitado pela trombose, em um programa de TV de horário nobre, com diversas pessoas que conviveram com ele depondo e seu advogado de defesa sendo Getúlio Vargas. Fica claro no decorrer do filme a relação contraditória entre Vargas e Chateaubriand, um caso de amor e ódio. Além disso, mostra os casamentos de Chatô e de como agia no papel de marido. O jornalista passa por variadas fases de sua vida sem ordem propriamente dita, exigindo concentração do telespectador para compreender o amplo vínculo de Assis na história brasileira.

Com humor e verdade, o diretor do filme, Guilherme Fontes, contribuiu para o conhecimento da população sobre um ícone jornalístico. Ainda que a ordem de como foi produzido o filme demanda muita atenção e, por vezes, seja confusa, é perceptível como Chatô caracterizava-se e agia. O elenco favoreceu a obra cinematográfica, tornando-a mais envolvente, muito pela atuação e muito por serem brasileiros de fato, valorizando o cinema e a história nacional. Além do mais, é necessário que a pessoa que esteja assistindo analise criticamente o conjunto de cenas e os detalhes que dão vida ao longa-metragem, a fim de relacionar as heranças de Chateaubriand com o atual. “Chatô — O Rei do Brasil” é polêmico, tal igual ao protagonista do filme, com cenas de sexo e sede por poderio a todo custo.

Essa resenha foi escrita no meu primeiro semestre da graduação (2018), na disciplina de Jornalismo e o Contemporâneo.

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Julia N. Tews

Portfólio da minha trajetória acadêmica no curso de Jornalismo da Ulbra Canoas.