Análise Completa do Filme “Sete Minutos Depois da Meia Noite”

Kailaine Gomes
17 min readJan 28, 2020

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FICHA TÉCNICA :

  • Gênero: Drama/Fantasia
  • Autor do livro: Patrick Ness
  • Diretor do filme: Juan Antonio Bayona
  • Roteirista: Patrick Ness

O filme Sete Minutos Depois da Meia Noite aborda um tema muito peculiar envolvido pelo drama, juntamente, com a fantasia, nos proporciona o ato de ver uma árvore, simbolizando um monstro, com a missão de fazer o jovem Conor (protagonista) revelar a maior verdades de todas, o seu pesadelo.

A Obra tenta por sua vez, transpassar toda a emoção e sentimentos que Conor sente, a luta que ele sofre por ver a sua mãe a tentar vencer o câncer, o pai que mora na America com outra família, a sua avó que aparentemente é insensível e amargurada e o bullying que sofre constantemente na escola “um menino velho demais para ser criança e novo demais para ser adulto”.

O filme tem como intuito enfatizar os monstros que muitas vezes assombram nossas vidas, conhecidos como a solidão, outras vezes, a tristeza, a vergonha, a frustração, mas no caso de Sete Minutos Depois da Meia Noite, o monstro que o protagonista tens que encarar é o da verdade “ a verdade que você esconde, o seu pesadelo”.

Conforme o filme vai passando e de forma muito leve e subjetiva começa a nos introduzir, envolvendo-nos com a história, percebemos aos poucos os conflitos desenvovidos no personagem. Quando menos esperamos as paredes começam a tremer, os objetos a rolarem pelo chão e a árvore de Teixo que fica logo atrás da casa de Conor cria vida, transformando-se em uma enorme criatura. A árvore diz que lhe contara três histórias, mas que a quarta história quem contará será o garoto “você vai contar a quarta história, a verdade, a verdade que você esconde, o seu pesadelo”. O garoto meio relutante aceita a proposta e a primeira história começa a ser contada. Conor, aparentemente, não aceita o final da história e as próximas que ele ouvirá, também. Cada história narrada de forma sucessiva. Sete minutos depois da meia noite relata fatos que já ocorreram, segundo o monstro “tão velho quanto a terra”. Fatos, estes, que de algum modo refletem na vida de Conor, histórias que mostram os seus sentimentos e representam a sua vida e até mesmo a sua família.

A narrativa é muito bem esclarecida, com muitas metáforas que te fazem pensar, mas sempre refletindo na vida do telespectador. Se apresenta de forma muito leve, porém não impede, de maneira alguma, as lágrimas de escorrerem. Com cenas muito bem desenvolvidas, que apresentam uma trilha sonoro que envolve o emocional, compactuando com situações que te fazem por-se no lugar. Certamente não é uma obra que demonstra o final feliz ou que te inspire a tal modo. Mas que te leva a refletir e a pensar, para enfim, compreender.

Patrik Ness ( escritor e produtor do filme) consegue trazer uma forma muito bem caracterizada, dispondo de forma à respeitar a ordem cronológica e dividindo as cenas em partes únicas para cada situação apresentada, se comunicando à quem assiste, com muita clareza. Por envolver a fantasia e o realismo aos hábitos humanos, consegue atingir à todo público, sendo crianças, adultos ou idosos. Vale ressaltar que a forma não pode ser de maneira nenhuma julgada sem antes entender o que está por trás de tudo isso (matéria). Compreender as metáforas, as histórias contada pela árvore, as emoções de cada personagem é um primórdio que não pode deixar de lado. Quando assistido pela primeira vez, leva-te, ao término do filme, à pensar e refletir de forma que, haverá a necessidade de por os fatos em ordem, examinar os detalhes e as alegorias que o filme lhe impõe. Sendo sem dúvida uma forma orgânica, que cresce, ramifica e se prende na mente de qualquer um sensível o suficiente para se deleitar-se na obra da contemplação.

Elementos Físicos :

LINHA:

Sugerida: Tem como estrutura Linear.

  • Possui preparação: apresenta os protagonistas. Começa com o principal: Conor, acordando de um pesadelo. Mostra nas cenas conseguintes o seu cotidiano. Logo, percebemos que ele é bem responsável (até demais), se acorda sozinho, lava suas próprias roupas, faz seu café e vai estudar. Percebemos que o professor pergunta se ele está bem e diz que aparenta estar cansado, propondo-lhe uma conversa, mas que Conor diz não precisar e estar bem. com as cenas posteriores conhecemos um grupo de garotos que o agridem sempre no final da aula. Quando Conor chega em casa o filme apresenta-nos a sua mãe, de cara, percebemos que ela possui uma doença, supondo que seja o câncer, devido a falta de cabelo. Algo que é muito forte, porque os garotos que agrediram Conor ressaltaram esse adjetivo de sua mãe. Mais alguns minutos de cena, há a aparição de sua avó que está discutindo com Lizze ( mãe de Conor). Após alguns instantes ela vai conversar a sós com ele e diz “um garoto de 12 anos não limpa a pia sem alguém pedir” (descobrimos a idade do protagonista). Percebo que sua avó é bem mau-humorada e de certa forma insensível, como se não soubesse lidar muito com a situação, Conor deixa bem claro que não gosta dela e não suportaria morar com ela. Mais tarde o pai de Conor aparece, ele fora fazer uma visita, ficar um tempo com ele enquanto a sua mãe fica no hospital e sua avó cuidando dela. Ao decorrer das cenas percebemos que seu pai mora na America e tem uma filha ( que Conor diz ser meia irmã). Mostra-nos que Conor gostaria de morar com ele, mas que a casa de seu pai é muito pequena e não tem muitos recursos financeiros, entretanto seu pai convida-o para passar o natal com ele. E o mais importante é a aparição da árvore de Teixo que aparece na forma de sonho, contando-lhe histórias. Conor acredita que ele acabará com seus inimigos, mas a criatura diz que contará como destruiu os deles, acompanhado de dragões, bruxas e feiticeiros….
  • Ocorrêñcia: O impasse que leva a trama do filme: é a piora repentina da mãe de Conor, o que faz, por consequência ele chamar/invocar a árvore que fica atrás de sua residência em um cemitério.
  • Complexização: As coisas começam a se agravar. Conor tem que morar com sua avó, seu pai diz que ficará pouco tempo, ele por sua vez não vê a sua mãe e na escola o bullying piora ainda mais, até o momento que Harry ( um dos que o agredia) diz que “o entende”, e que agora, para ele, Conor também será invisível.
  • Ruptura do Abscesso: Conor já muito chateado com a ida de seu pai, agora, depara-se com a sua mãe que diz ter que falar a verdade “ o tratamento não está funcionando”. Conor então sai correndo e vai até o cemitério, grita e manda a árvore acordar. O monstro se alevanta e diz que ele não vierapara curar a sua mãe, mas para curá-lo. Manda-o contar-lhe a quarta história e que na qual Conor “preferiria morrer a dizer o que queria que acontecesse”. Conor então fala, que a maior verdade, aquela que ele sonhava toda a noite mais acordava antes de ver o final, o pesadelo que o aterrorizava e que por ele esconderia até a morte é na verdade “Eu queria que acabasse. Não saber que ela ia embora. Eu queria não saber. Que eu deixei ela cair, que eu deixei ela morrer”.
  • Final: a mãe de Conor morre. E então descobrimos que a sua mãe também via a árvore e que o desenhava (quando criança), assim como todas as histórias que a criatura tinha-lhe contado.

RETA:

  • Horizontal: o filme em si não tem nenhuma parte que apresente repouso, a não ser um pouco de monotonia no início do filme, por está apresentando os personagens, demora um pouco para nos envolver com a trama.
  • Vertical: no sentido espiritual, levei muito em consideração o que o monstro representa, dei uma pesquisada na primeira vez que vi o filme e notei que havia muitas pessoas que acreditavam estar representando a morte… Até compreendo a comparação, afinal a árvore estava em um cemitério e ao que tudo indica foi “levar” a mãe de Conor, e também por ela ser bem velha, mas eu acredito que a criatura representa Deus, pois a árvore era mais antiga que a terra, interferia nas histórias que contava, via o coração, julgava de forma parcial e ajudava quem precisava. E bom, Deus tem o poder da vida e da morte. (claro que isso é baseado na minha crença e individualidade). “você desistiria de tudo que acredita? Então não há nada que eu possa fazer por você!”; “Acreditar faz parte da cura. Fé na cura, no que há de vir. Fé no futuro.”.
  • Inclinada: instabilidade, há dois pontos que gostaria de retratar, o primeiro e no sentido emocional do Conor. Muitas vezes o filme retrata as crises emocionais e de raiva que o protagonista sofre, devido aos traumas e as coisas que ele acabava por vivenciar afetava, de certo modo, em suas atitudes, posso dar como exemplo quando ele vai morar com sua avó e por sua vez, ela, muito organizada refuta qualquer tipo de bagunça e desorganização, sempre demonstrando um pouco de apatia pelo garoto. Então Conor, logo após o segundo conto da árvore, ele destrói toda a sala de sua avó, deixando-a aos pedaços. Sem contar as vezes que ele jogava sua mochila no chão, chutava o lixo e coisas do gênero. O segundo ponto que queria retratar é que o protagonista Conor tende a sempre querer ser punido de alguma forma. Quando houve o episódio da sala destruída, pediu ao seu pai se ele iria-o punir e ele responder “ e qual seria o ponto disso?”, quando ele bate no Harry mandando-o para o hospital, a diretora o chama e novamente ele faz a mesma pergunta “você não irá me punir?” e ela lhe responde da mesma forma que seu pai. No final do filme Conor diz para a árvore que ele deveria ser punido por querer acabar com o sofrimento dele através da morte de sua mãe, a árvore porém lhe responde “Você queria que a dor cessasse, a sua dor. E isso é o desejo mais humano que existe.”.

CURVA:

  • Há constante movimento, por não ser uma pintura, desenho ou algo do tipo, sendo assim um filme.

LUZ E SOMBRA: é fortemente concentrada e constante com rápida transição propondo dramaticidade. Uma coisa que é muito importante ressaltar é os desenhos que aparecem a partir da imaginação de Conor em que na qual há grande ênfase de sombras e luz para dar os efeitos de emoções, transmitindo os sentimentos que a história quer passar.

COR: durante o filme as cores são frias, para transparecer a dramatização e o aspecto de solidão, porém ficam quentes quando se trata dos dois primeiros contos que a árvore conta-lhe, pois transmite emoções diversificadas. Ex. Quando a feiticeira (da primeira história) assume o poder tudo fica preto, entretanto quando mostra o príncipe com a camponeza ( aparentemente “amor”) as cores ficam mais quentes.

PLANO E TEXTURA: o plano do filme é bidimensional, entretanto conseguimos identificar formatos tridimensionais. Uma coisa que gostaria de expor na textura é o uso da aquarela para interpretar os contos que a árvore conta.

VOLUME: 2D quando trata-se da imagem ao todo (pessoas, objetos, animais, desenhos e a árvore). Porém quando aparecem as histórias, ou melhor, os desenho de aquarela que sondam o conto que a árvore narra, acaba por ter elementos tridimensionais orgânicos cuja modelagem não há obrigatoriedade de precisão nas medidas, mas há também elementos tridimensionais geométricos tendo precisão em seus traços, deixando evidente algumas formas geométricas sem ter muito compromisso com o realismo.

ESPAÇO: a imagem é CONFIGURADO, pois apresenta perspectiva ao longo do filme, pois trabalha com personagens e locais realistas. Apresenta também um espaço IMAGINÁRIO quando Conor começa a imaginar as histórias, há poucas cores, no começo há apenas a cor preta e aos poucos vem aparecendo alguns toques de luz que vão dando forma ao desenho, antes de aparecerem os traços mais específicos, logo apresenta cores e sombras remetendo à fantasia e às tintas aquareladas.

ORGANIZAÇÃO: a organização é formal e harmônica, apresentando fatores de equilíbrio, ordem e regularidade, permitindo um entendimento simples, porém complexo do que remete o filme .

PROPORÇÃO: Possui uma relação equilibrada, mesmo tendo uma mistura entre desenhos e realismo leva o espectador a passar por cada situação, sentimento e emoção que cada personagem, principalmente Conor, passa. Cada conjunto se completa mesmo tendo realidades opostas quando levada em consideração um filme que aborda assuntos totalmente vivenciado por tantas pessoas e crianças.

DOMINÂNCIA: Possui uma dominância aceitável possuindo diferentes recursos visuais consegue abordar os desenhos com toques sombrios e em preto e branco retratando a realidade e a fantasia com eficácia, O conjunto ao todo acaba por se complementar quando tenta transparecer a fantasia que o personagem principal passa com a realidade que ele vive.

RITMO: O filme ao todo tem um ritmo fraco. Pois tem a intenção de percorrer cada cena com muita calma, demonstrando cada luta enfrentada por Conor e a vivências ao seu redor. Cada parte do filme, seja do Conor na escola ou na rua quando sofre bullying, na sua casa ou com sua avó, na fantasia do seu imaginário ou com a presença de sua pai, todas apresentam um ritmo leve e fraco. Transparecendo cada situação com muita sutileza e um toque de frieza e tons acinzentados, logo, consegue nos constranger quando o personagem se constrange ou até mesmo compactuar com as suas divergências e sentimentos de ira repentina, mas que mesmo assim conseguimos entender e ser empáticos a isso. Mesmo quando Conor tem que confessar o seu maior pesadelo, o que ele quer esconder pra todos e para si também, aquilo que o faz querer ser punido por tudo e todos, permanece tendo um ritmo fraco com SUCESSÕES EQUILIBRADAS.

EQUILÍBRIO: Possui um âmbito e um conjunto equilibrado seja no ritmo, na dominância ou na proporção. Consegue-se vislumbrar os personagens e os acontecimentos com muita sutileza e calma, sem atropelar cenas e as discussões que o filme quer nos mostrar.

UNIDADE: Eu dira, que ao todo, o filme possui uma unidade ÚNICO E ORGÂNICO, porque trás uma experiência diferenciada, que contém traços, textura, desenho e personagens que se complementam e divergem ao mesmo tempo, sem ser inorgânico, conseguindo trazer algo natural mesmo apresentado fantasias, pois o que o filme quer representar, a ideia que ele nos passa é completamente humano e “experimentado” por nós mesmos.

ARTICULAÇÃO: A relação no início do filme pode não ser muito bem compreendida, mas quando você termina de vê-lo e por sua vez, começa a refletir nele, percebe que todos os elementos que o filme nos apresenta tem uma laço que liga cada acontecimento à obra. Por exemplo, percebemos que a realidade fantasiosa que Conor experimentou com o monstro era a representação do mundo da imaginação, da ideias que nós mesmos criamos (isso lembra-me um pouco de platão) para fugirmos da realidade e que com isso queremos de alguma forma além de fugir dos nosso problemas conseguir fazê-los desaparecer. Os elementos de aquarela também remetem muito ao que Conor tem de mais precioso, o dom que ele possui para fazer arte, mas que acima de tudo, liga-o com o centro de todos os seus questionamento e conflitos: a sua mãe. ( foi a sua mãe que ensinou-o a desenhar e a pintar).

HARMONIA: Possui uma ordem bem harmônica, em algumas cenas deixando a desejar, pelo fato de ser muito calmo deixa-nos um pouco agoniados, mas o que é proposital por parte do filme.

CONSTRUÇÃO: Todas as cenas que possui personagens reais, apresentam tons serenos, iluminação acinzentada em algumas horas puxa para a cor azul mantendo ainda os tons de cinzas e mais claros dando um ar de dramatização e de antiguidade. Nas cenas dos contos as cores são aquareladas, com tons que iniciam por preto e branco representando suspense, porém conforme a história é contada há a alternância de cores mais pastéis quase revigorando para cores vivas, quando os contos começam a ficar mais pesados acabam por voltarem a escurecerem. Ah ainda texturas gráficas que representam a tinta ( é bom lembrar que é o Conor que imagina as ilustrações).

REPRESENTAÇÃO: O filme passar a ideia de um garoto que tem que amadurecer muito rápido, e cedo já possui conflitos emocionais “Um menino velho demais para ser criança e novo demais para se adulto”. Mostra-nos as lutas que ele passa e ao decorrer do filme as suas emoções. Tomamos conhecimento que sua mãe tem câncer, seu pai não é presente, morando em outra cidade constituindo outra família, para ele sua avó é sua maior inimiga, porém percebemos que os dois têm algo em comum: a mãe de Conor. Quando a árvore começa a contar a primeira história : havia um reino, governado por um rei e uma rainha que continham três filhos, porem todos morreram. A rainha não suportou a perda e morrera de tristeza. O Rei então criara seu neto órfão e se casara com uma senhora jovem e muito bonito, mas aos poucos as pessoas começaram a falar…. falavam que ela era uma bruxa, e quando o rei morrera, se concretizou que ela o matara envenenado. O príncipe conquistara o carinho e o respeito do povo pela sua bravura e bom coração, ele queria muito governar, entretanto era jovem demais e a rinha governaria por mais um ano. O príncipe entregara seu coração para uma camponesa e os dois fugiram para debaixo da árvore de Teixo, pois a rainha não queria sair do poder e pedira em casamento o príncipe, porém ao amanhecer a camponesa estava morta e o princípe com muita raiva fizera uma rebelião e atacaram o reino. A rainha, nunca mais fora vista.

Após a história, Connor diz que a rainha merecia. A árvore porém explica que a história não tinha acabado e que ele a levara para morar em um vilarejo longe do reino. Conor não aceita e diz que ela tinha que morrer, pois era uma assassina, o monstro explica que ele nunca tinha dito isso, mas que as pessoas o diziam. Explica que a rainha não tinha matado a camponesa, mas o príncipe que tinha, para ir contra a rainha e conquistar o trono. Connor diz que não gosto dessa história e a árvore garante ser verdadeira “Histórias verdadeiras parecem erradas, reinos tem os príncipes que merecem, filhas de fazendeiros morrem sem motivo e, às vezes bruxas precisam ser salvas. Muitas vezes na verdade, ficaria impressionado.” Resumindo: o príncipe governara com muito amor o reino durante toda sua vida e a rainha era uma bruxa que amava o rei. Através dessa história percebemos que muitas vezes coisas ruins vão ocorrer com pessoas que não merecem. e que nem sempre “vai ter um mocinho na história” ou “um vilão”, mas que muitas vezes as pessoas são os dois. E que julgar não é uma opção. Na segunda história : conta-se sobre um homem, um homem que só pensava em si mesmo. Um homem que não foi tão generoso como deveria. Um homem que foi punido da pior forma possível” — diz a árvore. A história se passa em um período que as indústrias estavam sendo construídas, a natureza estava aos poucos desaparecendo das cidades. Havia um homem que amava a natureza, porém era teimoso e se recusava a mudar, ele mexia com a medicina antiga, as pessoas o chamavam de Boticário. “Havia também um jovem pastor no vilarejo, um homem iluminado e bondoso que só queria do bom e do melhor para a sua congregação”. Ele pregava contra o uso da sabedoria antiga de Boticário. Como Boticário estava sempre de mal-humor as pessoas começaram a acreditar nos sermões do pastor. Os negócios do Boticário faliu, mesmo ele querendo ajudar o povo com as enfermidades. Ao passar do tempo o pastar tivera duas filhas que eram a luz da sua vida, entretanto elas adoeceram e por mais que o pastor tentasse fazer de tudo, elas não melhoravam. Então ele fora pedir ajuda ao Boticário

“Você desistiria de tudo o que acredita?”- Disse Boticário. “ Se for para salvá-las eu desistiria de tudo que eu acredito!”- Disse o Pastor “Então não a nada que eu possa fazer para te ajudar!”- Disse Boticário. Se notarmos, cada história refere-se a algo na vida de Connor. E que o Boticário era igual a sua avó, porém tinha um bom coração, mesmo não conseguindo demonstrar. A terceira história a que Connor tem que contar, mostra a sua mãe a beira de um precipício e Connor a segurando, porém ele deixa-a cair. O que é a verdade : é que ele queria, uma parte dele queria ( a sua morte), queria acabar com todo o sofrimento.

Connor: Eu vou morrer se falar.

Árvore: Você vai morrer se não falar. Fale a verdade, garoto!

Eu queria que acabasse. Não saber que ela ia embora. Eu queria não saber. Que eu deixei ela cair, que eu deixei ela morrer.

Muito corajoso, Connor. Você finalmente disse”Mas eu não queria que fosse. Agora é real. Agora ela vai morrer e a culpa é minha.

Isso não é verdade, mesmo. Você queria que a dor cessasse, a sua dor. E isso é o desejo mais humano que existe.

Mas não era sério.

Ah, era. Mas também não era.

Como pode ser os dois?

Como um príncipe pode matar e ser amado pelo seu povo? Como um homem pode se sentir mais sozinho quando é visto? (…) Porque os humanos são coisas complicadas. Acreditou em mentiras confortáveis mesmo sabendo a verdade dolorida que fez essas mentiras serem necessárias . E no fim, Connor, não importa o que você pensa. O que importa é o que você faz.”

O filme acaba por retratar que todos nós possuímos monstros interiores e que muitas vezes não queremos revelá-los e nem enfrentá-los, mas que, no final das contas são eles que vão nos libertar. E foi umas das coisa que me chamou muito atenção. O fato de Connor confessar que queria que o sofrimento acabasse foi umas das cenas que desmaiei à chorar, pois muitas vezes partes de nós sente sentimentos que qualquer ser humano sentiria, o fim de toda a dor, porém nem sempre esse sentimento será nobre, mas é parte de nós e saber lidar com isso é algo que aprenderemos por todo o nosso tempo aqui na Terra. Entender que nós somos os vilões e os heróis de nossas história, nos fazem refém de tudo em nossa volta, principalmente, reféns de nós mesmos. Connor queria que sua mãe fosse curada, que a árvore a curasse, porém a resolução para os seus problemas não foram bem como o desejado, mas poder enfrentá-los seria algo que, encarar seria a única opção e aprender com ela mais ainda. Todo o filme é um ensino maravilhoso, que expõe você para se ver! Olhar para dentro de si e perceber o que te faz um monstro, mas humano também. O que te tornas quem tu verdadeiramente és. No filme, Conor quer, porque quer, ser punido, porém a resposta sempre é a mesma “Qual seria o ponto disso?” — punir não é uma opção, mas aprender com seus pensamentos e vontades é! Ao todo, o filme trata de uma REPRESENTAÇÃO de um OBJETO REAL em que devemos compreender as idéias, por fim o tornamos OBJETO MATERIAL, quando trazemos os significados da obra para nós mesmo e colocamo-os em prática.

DURAÇÃO: o filme apresentado refere-se ao séc. XXI, porém deixa um pouco a desejar na representação, pois não se vê em nenhum momento um celular (por exemplo) ou indícios que apresente estar em uma era mais tecnológica.

CÓPIA: Diria que o filme é uma cópia, com toda certeza, pois mesmo tendo uma duração cronológica ele se auto sabota não representando com perfeição a época que quer expressar ( na atual Londres).

IMAGEM: A imagem do filme se concentra na idéia que ele quer nos passar com os personagens e sua história e isso o filme trata-se por acertar em cheio. O filme acaba por não acabar, quando acaba, pois na média que a película termina a obra ainda continua nos nossos pensamentos, sondando o nosso imaginário. Representando com êxito o que quer representar.

Na obra Sete Minutos Depois da Meia Noite podemos analisar em todos os enfoques possíveis, pois é uma verdadeira obra de arte para quem é “convenientemente sensível”.

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