bebês & livros: a match made in heaven

karla ribeiro
6 min readOct 30, 2023

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Aqui em casa conseguimos criar uma relação bastante especial entre Lina e os livros mas essa relação está longe de ter sido espontânea, natural. Teve muita intencionalidade da minha parte para que Lili tivesse proximidade com esse objeto que é um dos meus favoritos no mundo 🤓.

Assim que engravidei eu comecei a pesquisar sobre e comprar livros infantis. É ainda hoje o único presente que compro para a minha filha. Brinquedos são secundários aqui em casa e os que ela têm ganhou todos de família e amigos.

Linoca ouve eu lendo para ela desde a barriga, desde o comecinho mesmo. Eu definitivamente não vou defender aqui que isso criou o hábito nela da leitura — apesar de ter gente que afirma que ajuda — , mas sim que criou o hábito EM MIM de ler para ela. No fim das contas, as crianças espelham boa parte do que fazemos — "o exemplo arrasta" é uma das minhas frases prediletas para pensar a maternidade — e se eu leio para ela e se ela me ver lendo, a chance é alta dela querer ler também.

Isso me ajudou também a colocar a leitura em nossa rotina. Lemos juntas todos os dias, TODOS. É sagrado. São muitos livros por dia, pois livros infantis são curtinhos, vão rápido, e repetimos muitas vezes alguns. Lemos de manhã e a noite, não necessariamente antes de dormir, como muita gente faz. Fica mais solto mas por estar impregnado em nossa rotina, nunca falha. Hoje, com 1 ano e 5 meses, Lina pega sozinha seus livros para gente ler para ela. Está super condicionada a ter esse momento 📚.

Daí que muita gente vê isso acontecendo e, além de achar uma gracinha, pergunta como a gente fez, pois nem toda criança se interessa pela leitura. Por isso vou deixar aqui algumas dicas que pesquisei e apliquei para fazer isso dar certo:

  • Apresente a leitura: é importante que o livro não seja um estranho para a criança ou algo pontual, fora da rotina. Leia com ela, leia na frente dela, e dê espaço para ela "ler" sozinha. Aqui Lina, algumas vezes por dia, vai nos livros dela e passa um tempo ali sozinha. E muitas vezes também traz um livro para gente ler para ela.
1. Foi ler sozinha no quarto dela; 2. Lendo no bidê enquanto uso o banheiro; 3. Cada uma com seu livro, no chão. E tirando a meia.
  • Ambiente propício: tornar sua casa um lugar para a leitura é a coisa mais fácil do mundo — e barata! São 3 passos: tenha livros, tenha espaço e tenha silêncio. Você não precisa de uma biblioteca, alguns poucos livros já dão conta, e o legal é ir trocando de tempos em tempos. Você não precisa de uma poltrona ou sala especial para isso, a criança senta no chão, na cama, no sofá, na cadeirinha do carro, e lê, a qualquer momento. Você não precisa morar num santuário, silêncio total, só é legal diminuir as distrações. Desliga a TV, o rádio — ou deixa baixinho — , tira os brinquedos chamativos de perto e fim. A criança vai sozinha atrás dos livros dela para brincar;
  • Fácil acesso: aqui, os livros ficam espalhados pela casa, em 3 lugares: no meu quarto, no quarto dela e na sala. Sempre próximos ao chão para que ela não dependa de ninguém para acessar. A parte difícil é que os meus também são fáceis de acessar e aí acidentes acontecem 🫠;
Linoca, com 11 meses, na estante da sala. Usar livro de banquinho é demais, né?
  • Zero (ou quase zero) tempo de tela: a Lina não vê televisão como entretenimento para ela, o que quer dizer que ela ainda não conhece a peppa, a galinha pintadinha, a tal da fazendinha, etc. A TV fica ligada em alguns momentos mas nada de desenho infantil sugando a atenção dela. E isso por um motivo simples: está mais do que provado que a tela diminui nossa capacidade de concentração. E se para minha geração isso já é um problema, nem consigo imaginar o que será da geração da Lina, que já nasceu nesse mundo hiperconectado. Aqui não há uma negação da tecnologia, longe disso, mas somos muito conscientes com o uso que a Lina faz e fará disso tudo. Portanto, por ora, nada de tela;
  • Escola que incentiva a leitura: quando começamos a buscar escola para Lili, tínhamos alguns critérios para essa escolha e o incentivo a leitura era um dos mais importantes. Na escola da Lili tem 1 livro de "trabalho" por semestre e mais um livro por semana, que vem para casa, para que a família leia junto, além de outras ações pontuais;
  • Livros de diferentes estilos, línguas, materiais: uma descoberta maravilhosa foi que a indicação etária dos livros não precisa ser seguida fielmente. Lili tem 1 ano e meio e aqui lemos livros para ela de até 6 anos, mais ou menos. Histórias mais longas, complexas, e que ela se mantém entretida por todo o tempo. Temos também livros com sons de animais, com texturas diferentes, em inglês e espanhol, interativos… tem de tudo. E percebemos que ela se diverte igualmente com todos esses. O importante é você ler o livro antes para garantir que não tenha alguma temática inapropriada;
Atena, o preferido, com a capa já rasgada de tanto lermos. O sapinho, nosso segundo da mesma coleção, com um chocalho preso na barriga. E The Life of Basquiat, em inglês e espanhol.
  • Dar o exemplo: esquece, não adianta reclamar que a criança não lê se você não lê. Além de passar um tempo lendo para ela — sem tv ligada ao fundo, sem mexer no celular durante a leitura — você precisa ler também. Abrir um livro na frente dela e ler, mostra que isso é normal dentro da casa de vocês, que é uma atividade da família. Se possível, a leve em bibliotecas, livrarias, rodas de leituras; outros ambientes que estão imersos nessa atividade para que ela amplie a visão dela sobre e veja que é algo que o mundo faz;
  • Envolva outras pessoas: se possível, peça para os avós, as tias, as amigas lerem para sua criança. A leitura, apesar de atividade solitária, pode ser super social! A gente se conecta através das histórias e do hábito da leitura. Reforce isso através do seu círculo de relações;
Aqui em casa visita paga pedágio: para ficar aqui, tem que ler com a Lili. Ela não dá outra opção.

Lina ainda é um bebê e é esperado que a relação dela com a leitura mude — para mais ou menos, tanto faz, mas que mude. Meu papel, eu sinto, é o de possibilitar o acesso dela a leitura — e ao mundo. Apresentar, instigar, incentivar, o máximo possível.

A leitura é só uma das muitas possibilidades de aprendizagem e diversão e eu espero que a Lina explore todas as outras e encontre o seu próprio jeito de aprender, em algum momento.

Até lá, eu fico aqui muito feliz e orgulhosa da relação que ela tem hoje com os livros e torcendo para que esse siga sendo um canal de comunicação e afeto entre nós.

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