Não é só uma camiseta: marca-protesto Peita promove combate às opressões
Além de reunir design e feminismo, a marca incentiva autonomia financeira de revendedoras
A Peita não é somente uma marca de camisetas. Segundo Karina Gallon Basso, a paranaense de 34 anos que fundou o empreendimento, as camisetas que produz são ferramentas de combate às opressões, ou seja, uma forma de levar a militância e a discussão do feminismo e outros temas para todos os espaços possíveis. O caráter revolucionário da marca-protesto se deu desde a sua criação. Foi em oito de março de 2017 que a antiga designer de criação em agências de publicidade e estúdios de design decidiu dar voz às mulheres com o seu empreendimento. “Não imaginávamos um alcance tão grande em tão pouco tempo, mas o objetivo sempre foi esse: disseminar o feminismo para todas as pessoas de todo o mundo”, afirma.
Para a empreendedora, a essência e posicionamento da Peita é parte importante do negócio, além de seu principal diferencial. Seu público alvo? Todes. Desde as mulheres que não acreditam que precisam do feminismo, até as mais engajadas na causa. “É gerar uma autorreflexão para reconhecer lugares de privilégio e fazer algo com isso, considerando as mulheres marginalizadas, esquecidas e silenciadas. Confiamos no potencial revolucionário dos diálogos que promovemos”, assegura.
Com a montagem das peças e estampas em filme de recorte feitas internamente, as coleções da Peita têm parte do seu lucro revertido para os movimentos nos quais acredita. A história toda começou com a popularização da camiseta com a frase ‘Lute Como Uma Garota’. “É a camiseta que paga as contas. Ela torna possível as parcerias das outras frases em que abrimos mão do lucro e que dão visibilidade para muitas pautas”, explica.
Além de trabalhar na confecção de peças com dizeres poderosos, a Peita também promove a independência financeira das revendedoras e embaixadoras da marca. A loja faz as vendas por meio do site, via e-commerce, e diretamente no estúdio, localizado em Curitiba, no Paraná, onde ocorre a produção. A empresa também conta com pontos de comércio em Manaus, no Amazonas, e em Brasília, no Distrito Federal. “A gente recebe muitos pedidos de revenda da Peita de mulheres que querem complementar a sua renda ou ter alguma fonte de renda vendendo um produto que faça sentido para elas, que as representam”.
O crescimento da demanda por levar a Peita para outros lugares incentivou o empreendimento a criar um novo projeto de revendas, que visa o crescimento financeiro das colaboradoras. “Estamos criando mobiliários interativos onde as clientes terão uma imersão no conceito e no propósito da Peita, gerando cada vez mais experiência compartilhada entre todas as mulheres envolvidas com a marca”, adianta. De acordo com a fundadora, é importante que mais mulheres se apoiem no mercado.
“Criar uma rede de mulheres dentro do negócio é fundamental, porque fazemos o dinheiro circular entre as mulheres, fortalecemos os negócios e serviços e impactamos na geração de renda e independência financeira”.
Entretanto, o posicionamento forte da marca também traz algumas dificuldades. Basso enfatiza que as críticas existem e, que, muitas vezes, elas vêm das próprias mulheres. E não para por aí, como tantas outras empresas de sucesso, a Peita lida com a falsificação de seus produtos. “Quem copia e acha que é só uma camiseta e que a Peita quer manter algum tipo de domínio sobre o discurso, não entendeu nada, não procurou conhecer a Peita verdadeiramente e limita qualquer tipo de diálogo”, ressalta.
Por: Beatriz Cresciulo e Carolina Ferraz