Segredos da Magia Judaica: entre o Sagrado e o Proibido

Rafael Kerubas
3 min read6 days ago

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Chajes liderando o Workshop Memorial Lehmann sobre a História do Livro Judaico, Universidade da Pensilvânia (2019, Wikipedia)

A fascinante interseção entre o sagrado e o proibido é o ponto central do trabalho acadêmico de J.H. Chajes, professor da Universidade de Haifa. Nos estudos dele, o professor revela como a tradição judaica vai além da religião e da filosofia, sendo também um repositório de segredos antigos e fórmulas mágicas que, por séculos, provocaram controvérsia. Chajes demonstra que o judaísmo, enquanto caminho espiritual e filosófico, também flerta com o misticismo e a magia, criando uma teia complexa onde o sagrado muitas vezes é guardado a sete chaves.

Chajes explora livros proibidos que carregam fórmulas de maldições, curas e rituais, que, apesar da profunda relevância espiritual deles, foram tratados com extremo cuidado e controle. O professor nos transporta para um momento específico da própria carreira, quando tentava adquirir o Shorshei ha-Shemot, um compêndio cabalístico do século XVII. A busca foi marcada por uma série de restrições impostas pelos editores, que se preocupavam em garantir que apenas os verdadeiramente preparados tivessem acesso a esse conhecimento sagrado.

Mas por que tanto mistério em torno dessas obras? A magia dentro do judaísmo sempre ocupou uma posição liminar — algo simultaneamente atraente e perigoso. Não se tratava de simples superstição ou folclore, mas de uma prática carregada de implicações espirituais profundas. Para Chajes, a magia judaica não era vista como uma afronta à religião, mas como uma extensão dela, onde o acesso a certos segredos permitia ao praticante um tipo de conexão direta com o divino.

A investigação de Chajes também expõe as tensões históricas e políticas em torno desses textos. Durante séculos, rabinos e estudiosos debateram se tais conhecimentos deveriam ser disseminados ou mantidos em segredo, temendo que caíssem nas mãos erradas. Após o assassinato do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, em 1995, essa discussão tomou novo fôlego, quando uma antiga maldição cabalística, a pulsa de-nura, foi mencionada como precursora do evento trágico. O poder desses textos foi então colocado em evidência, gerando questionamentos sobre até que ponto a magia judaica poderia influenciar o mundo real.

É justamente nesse ponto que o trabalho de J.H. Chajes brilha. Ele nos leva a refletir sobre a ambivalência da tradição judaica em relação à magia, onde o desejo de manter certos conhecimentos ocultos se contrapõe ao fascínio e à reverência que eles despertam. A tradição não nega o poder da magia, mas a trata com um cuidado ritual, reconhecendo sua importância e, ao mesmo tempo, temendo seu uso indevido.

Se você tem interesse em explorar o lado oculto e mágico do judaísmo e descobrir como esses textos proibidos moldaram a história espiritual e política, confira o trabalho completo de J.H. Chajes. Este artigo é um convite para desvendar segredos que atravessam séculos e ainda hoje ecoam nas páginas de livros raros e poderosos.

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Este é o início de uma jornada que o levará a entender como o sagrado e o proibido se entrelaçam no coração da tradição judaica. J.H. Chajes, é especialista em história judaica e professor Sir Isaac e Lady Edith Wolfson de Pensamento Judaico no Departamento de História Judaica da Universidade de Haifa. Chajes é um historiador cultural judeu cujo trabalho tem sido dedicado às interseções da Cabala, da magia e da ciência no início do período moderno.

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Rafael Kerubas

Jornalista e especialista em marketing. Escrevo sobre filosofia, cultura pop e os mistérios do cotidiano. Apaixonado por histórias que provocam e engajam.