Como um evento mudou minha vida

Kete Martins Rufino
7 min readFeb 11, 2018

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Gostaria de contar uma pequena (talvez não tão pequena) história, com um simples intuito: começar a escrever. Há alguns anos eu coloco como resolução de fim/começo de ano "escrever mais sobre tecnologias para documentar o que estou estudando" e acabo sempre deixando para depois. Porém…em 2017 foi muito marcante para mim.

Eu trabalhava em uma empresa há 8 anos (sim, isso tudo) e já tinha passado por vários momentos de desmotivação que eu conseguia contornar facilmente por conta da paixão que eu sentia pela companhia. Eu sempre pensava "existe muita coisa pra aprender aqui ainda". E era verdade. Todo dia surgia um problema complexo a ser resolvido, com uma tecnologia diferente, ou alguma situação que exigia uma inteligência emocional mais madura.

No entanto, em 2017 estava difícil se manter animada. Eu senti que era hora de eu procurar um novo caminho.

Mas estava há muito tempo na mesma empresa, estava meio desatualizada das tecnologias atuais e pela primeira vez, depois desses anos, me preocupei de forma séria com a minha carreira. Até então eu estava indo meio que na diversão: "ah, quero aprender Java, vou procurar um projeto Java.", "Estão precisando de alguém para a parte de BI. Eu nunca trabalhei com isso, seria uma boa entender como funciona.", "Não sei nada de frontend né? 🤔", etc…

Conversei então com alguns amigos que considero mestres jedis gurus da engenharia de software e que eu sabia que gostavam de mim 😄 e comecei a minha preparação técnica e psicológica (sério, foi bem difícil sair de onde eu estava).

  1. Psicológico: Passei a delegar mais atividades e documentar melhor as coisas. Existiam duas vagas a serem preenchidas há algum tempo e equipe estava muito pequena. Me preocupava muito em deixar o time preparado para quando eu saísse. E… tentava não incorporar os planos de futuro da empresa (eu sempre afirmei que um dia a festa de fim de ano da empresa seria na Disney. Inocência né gente? ¯\_(ツ)_/¯)
  2. Tecnologias: Comecei a estudar mais de React e seu universo. Fiz uma assinatura do Alura, fiz o curso do Christiano Milfont, e embora a empresa utilizasse essa tecnologia em outros projetos, no que eu trabalhava, ainda não usava assim… muito mesmo sabe?
  3. LinkedIn: Dei uma melhorada no LinkedIn. Sabe os projetos que você trabalha na empresa? As informações que são públicas, pode colocar lá. Então listei e descrevi todos os projetos e suas tecnologias em que eu tinha trabalhado na empresa. Adicionei cursos, palestras, tudo!
  4. Twitter: Passei a dar mais atenção ao Twitter, que eu tinha abandonado e pensava que tinha morrido 🙈. Aprendi em 2017 que o Twitter é uma ferramenta profissional espetacular para gente de TI.
  5. Eventos: Fui a praticamente todos os eventos relacionados a frontend que teve em Fortaleza-CE e passei a palestrar em eventos locais.

Eventos

  1. JAVOU 10: A galera da comunidade Java preparou um evento voltado para o universo frontend e eu falei sobre o processo de migração que havíamos iniciado. A apresentação está aqui -> SLIDES . Não faço idéia de quantas pessoas assistiram, mas curti os feedbacks da galera. Foi minha primeira apresentação em eventos do tipo. 😆

No geral gostei do evento, e ele agregou muito para o meu conhecimento. Minha sugestão é a de mais palestras no estilo da palestra da Kete, ou seja, mostrando cases reais de tecnologias implementadas

2. CEJS : O segundo evento foi da comunidade de JS. O CEJS surgiu há alguns e no último ano participei da equipe de organização (e passei a ver o quanto de trabalho dá organizar um evento). Palestrei sobre Qualidade de Código, um assunto que sempre me interessou muito -> SLIDES

3. ReactConf: Este foi "O" evento 😃. Tudo começou quando o Christiano Milfont disse que havia conseguido um espaço para palestrar na 1ª conferência brasileira de React e queria que eu falasse com ele sobre o que estávamos fazendo (ele havia saído da empresa há pouco tempo, mas participou fortemente de tudo).

Minha reação, foi …

What?

Eu fui beeeeem relutate. Usei várias desculpas "eu já havia falado sobre isso em outro evento" (como se não pudesse repetir assunto), "É em SP, muito longe", "Não tenho dinheiro", "Tenho vergonha", "Eu não sei tanto React assim, se alguém perguntar algo, eu não vou saber responder", etc…

Resumindo: Acabei indo, a palestra que foi gravada pela InfoQ está AQUI

Oportunidades

O mais incrível foi o que aconteceu depois disso tudo. Uma grande empresa iradíssima do RJ encontrou meu perfil no LinkedIn e entrou em contato comigo para saber se eu queria fazer a seleção para trabalhar lá. 😳

Eu pensei "Conversar não faz mal né? Provavelmente, eu não vou passar, mas posso aprender muito com isso". Em cada uma das etapas, eu pensava que não iria passar para a próxima, mas dava o melhor de mim. Foram 4 etapas: a entrevista com a recrutadora, o teste prático, o feedback com os devs e passei 1 dia na empresa conversando com todo mundo. No final…. PASSEI! 😱😱😱

No meio deste processo (eu estava apanhando com o teste prático da empresa do RJ), uma outra empresa entra em contato também perguntando se eu queria participar do processo seletivo deles. Um dos engenheiros master/jedi deles havia assistido a palestra da React Conf. Esta empresa é conhecida por ter um dos processos seletivos mais seletivos da área, e claro que eu pensei “Conversar não faz mal né? Provavelmente, eu não vou passar, mas posso aprender muito com isso”. As etapas foram maaaais ou menos parecidas. A primeira conversa foi pelo hangouts com o recrutador e o engenheiro jedi que havia assistido a palestra. Eu estava de férias, havia voltado de viagem e foi pela manhã. Eu não funciono bem pela manhã. Acordei meio tarde e não tive coragem e ligar a câmera. Achei que só com isso já iriam me tirar do processo. Eu "senti" (viajei) que eles esperavam em alguns momentos ver a minha reação nas perguntas ou sei lá mais o que…. Algum tempo passou, eu não tive mais feedback. Como pensava que já estaria fora, mandei email perguntando como estava o processo (sério, todo mundo pode fazer isso viu?) e, para minha surpresa, disseram que haviam gostado de mim e me chamaram para passar um dia lá.

Depois que passou a surpresa, veio um puta nervosismo. Eles não iriam passar um desafio antes? Iriam pagar passagens sem saber se eu conseguia mesmo fazer algo? Foi então que resolvi perguntar sobre o desafio técnico e eles disseram que eu faria lá no tempo reservado para seleção.

Gente, como assim? Eu não sabia React o suficiente para fazer um código assim, na hora, de surpresa e tal….

sweating nervous

Um dia antes, eles deram uma idéia do desafio, mas eu já tinha voltado ao trabalho e acabei não tendo muito tempo para estudar o assunto. Mas lá, o pessoal foi muito legal, sério! Eu pude escolher entre duas partes do problema e escolhi a que envolvia apenas JS puro e testes unitários. Fiz o teste, falei com mais um monte de gente, voltei para casa e na mesma semana me deram a resposta: PASSEI! 😱😱😱

Agora eu tinha que escolher entre duas empresas bem diferentes do que eu já tinha vivido e me mudar para o RJ ou SP (as duas vagas eram presenciais). Meu marido sempre me apoiou, mas ele trabalhava há 22 anos na mesma empresa e era uma peça chave na equipe. Além disso, tinha todo o aspecto familiar. Não seria fácil para nenhum de nós dois deixar os familiares, sair dos seus respectivos empregos, mudar de estado, etc… mas ele ainda iria sem um emprego definido, então era pior para ele.

Era uma puta mudança, mas encaramos o desafio. No pior caso, voltávamos para Fortaleza, para o calor dos nossos pais e irmãos, para nossos empregos ou para empregos novos e tudo ficaria bem de novo. ❤️

Hoje, estou trabalhando em nada mais nada menos que…💜💜💜

Pedimos demissão, vendemos os móveis, fechamos o apartamento e viemos para SP. Hoje, faz 1 mês que comecei a trabalhar e já "mexi" em pelo menos 3 tecnologias (React Native, GraphQL e Clojure) com as quais não havia trabalhado ainda. 😃

Tudo graças ao trabalho feito na GreenMile, ao Christiano Milfont e a…

React Conf Br 2017

É… Acabou que a história não ficou tão curta assim…. 😅

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Kete Martins Rufino

Software Engineer, FrontEnd Developer, Student and a different person every day.