A cultura da lacração
De acordo com o dicionário Michaelis, lacrar significa “ Aplicar lacre em, fechar com lacre; alacrar”. Sabemos que a língua é dinâmica e com o tempo, lacrar ganhou um novo significado na web. Ela representa arrasar, arrebentar, mandar muito bem. No contexto da web, a lacração é principalmente aplicada a vencer um debate.
A “lacração” é a onda do momento. As redes sociais se tornaram verdadeiros ambiente de adoração ao lacrador, onde quanto mais o outro lado for humilhado, melhor é, mais aplausos receberei, mesmo que isso inclua desrespeito e ofensa pessoal. Procura-se lacrar a todo custo. Os demasiados debates da web são construídos em cima de narrativas e versões. A verdade é pouco relevante, pois tudo depende da perspectiva.
No fim, o importante é vencer o debate (mesmo que não se tenha razão) e humilhar o outro.
Só há um coisa que é esquecido junto com a lacração, o próximo. É comum esquecermos que do outro lado da tela, há também uma pessoa. Alguém com sentimentos e que necessita de respeito. Mas a lacração e os aplausos que ela nos trás cegam e transformam o outro em lixo, alguém a ser repudiado e não acolhido.
Jesus nos ensina que o segundo mandamento é “amar o próximo como a si mesmo” e que juntamente com “Amar a Deus sob todas a coisas” se resume todas as coisas. Ele também nos ensina a amar nossos inimigos e fazermos aos outros aquilo que desejamos que façam conosco.
O que a cultura da lacração nos tem trazido? Do que adianta ter “amigos” e “fãs” em troca de machucar, ofender os outros e invés de paz trazer ódio? Precisamos urgentemente refletir sobre o que falamos, o que e quem apoiamos e quais nossos hábitos digitais. E na próxima vez que cada um de nós pensar em “lacrar”, é bom lembrar que tem gente do outro lado.