Resgatando a alma do mundo

Monika von Koss
4 min readNov 30, 2019

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“Deixe tua alma te levar para onde você deseja estar.” O Fantasma da Ópera

Imagem de 733215 por Pixabay

Nosso ancestrais remotos viviam em íntima conexão com a natureza e se sentiam parte dela. Utilizavam-se dos recursos naturais para sua existência e desenvolvimento do mesmo modo que um recém-nascido se nutre do leite materno.

Doença e sofrimento eram atribuídos à ‘perda da alma’ e tudo que precisava ser feito era encontrar a alma e trazê-la de volta para a pessoa, de modo que novamente ela se encontrasse em conexão harmônica com a alma do mundo.

Ao longo das eras, a relação da humanidade com o mundo passou por profundas modificações e hoje nossa relação com a natureza é de consumo. Consumimos os seres e bens que a natureza nos oferta sem uma atitude de gratidão, sem honrar e retribuir as dádivas. Perdemos nossa alma e com isto também a alma do mundo.

Para levarmos uma vida como Seres Humanos precisamos nos relacionar com a alma do mundo, pois é desta relação que emerge o sentido da vida.

Mas quando olhamos para o que acontece no mundo hoje, temos dificuldade em perceber a presença da alma do mundo, pois tudo gira em torno do que temos e fazemos, com muito pouco espaço para quem somos.

Consumimos não apenas os bens da natureza, mas também as informações que nos são ofertadas cotidianamente e que perdem sua importância no dia seguinte, sendo substituídas por outras, que igualmente se diluem com rapidez.

Vivemos de um momento para o outro, consumindo bens, informações e experiências, sem tempo para que os acontecimentos possam se tornar elementos de nosso viver.

Frequentemente nos queixamos de que o tempo está passando depressa, que não temos tempo para fazer tudo que poderíamos ou deveríamos. Não seria melhor nos perguntar o que verdadeiramente queremos fazer com nosso tempo?

O que realmente daria um sentido mais profundo e duradouro para nossa vida?

Como transformar a esterilidade da vida moderna e preencher o vazio espiritual de uma vida sem significado?

Reimaginar a situação difícil da alma em um mundo à deriva é o que Robert Sardello propõe em seu livro Love and the Soul. Ele afirma que o mundo como o percebemos a partir de nossa consciência comum é um conceito e não uma experiência. Para torná-lo significativo, precisamos imaginar o que podemos SER, em lugar de agir a partir da nossa experiência passada, projetando nosso passado para criar nosso futuro.

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Imaginar é o princípio da criação. Ativar a própria alma e a alma do mundo demanda muito trabalho. Um trabalho que precisa ser realizado a partir do espaço da imaginação; não a partir daquilo que imaginamos, mas do próprio agir imaginando.

É preciso usar uma lógica da alma, uma lógica que brota do amor e olha para o futuro, não uma lógica da cognição, que se espelha no passado e descreve o caminho.

É preciso viver o próprio caminhar enquanto ele acontece. Assim, não apenas percebemos o caminho, mas nos tornamos o caminho ao caminhar.

Para que a imaginação seja criadora, precisamos experimentar a alma do mundo exterior por meio do olho interior da alma. E para isto precisamos mais do que ser conscientes. Precisamos Ser-Consciência, precisamos estar conectados com o mundo e com quem somos.

A conexão de nossa alma com a alma do mundo se dá pela corrente do tempo que nos vem do futuro, por aquilo que será e não por aquilo que já foi. E a sensação física que nos indica que estamos indo nesta direção é a alegria pura, aquela que brota espontaneamente do interior, sem ser resposta a algo exterior. Esta alegria que, em sua expressão máxima, é a Bem-aventurança!

A alma é a fonte de quem somos, mas está fora de nossa capacidade de controlá-la ou defini-la. Para cultivar, cuidar, apreciar e desfrutar da alma, precisamos participar das coisas anímicas e é isto que fazemos quando imaginamos o mundo que queremos.

Para resgatar a alma do mundo, podemos começar com pequenos passos diários. Escolha algo de seu ambiente que você gosta muito. Algo que você possui e mantém porque lhe diz algo. Passe alguns minutos com isto e se reconecte com a motivação que levou você a manter isto em seu espaço. Perceba a conexão de sua alma com a alma disto. Sustente esta conexão e ancore ela em seu Ser. Leve esta percepção com você ao longo do dia e se você esquecer, basta lembrar. Quando esta presença estiver sedimentada em seu Ser, faça com outro objeto. Aos poucos você vai resgatando a alma do mundo que cerca você e expandindo o escopo de sua própria alma. E veja o que acontece com sua vida.

A energia da alma é o amor, que é abundante e inesgotável. “O amor é raro apenas quando se oculta e ele se oculta quando o usamos exclusivamente em benefício próprio e não retribuímos algo para o mundo”, escreve Sardello.

Um mundo com alma tem lugar para tudo e para todos! Como canta o Fantasma da Ópera, ‘feche seus olhos, deixe sua alma voar e você viverá como nunca viveu antes’ (A música da noite).

Monika von Koss

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Monika von Koss

Sou psicoterapeuta de abordagem energética transpessoal, com longa experiencia em atendimento clínico. A primeira Fractologista graduada da América Latina.