O Núcleo Globo da RBS, responsável por materiais produzidos para a rede nacional e para a GloboNews, debateu os resultados da cobertura recente dos ciclones no Rio Grande do Sul. Estavam presentes a editora-chefe do grupo Ariane Jorej, a editora de texto Patrícia Trevisan, o repórter cinematográfico Douglas Henrique e os repórteres de campo Jonas Campos e Juliano Castro. A conversa foi parte da Semana Acadêmica Integrada da PUCRS.
Ao longo do último mês, o grupo produziu mais de 90 reportagens para a rede nacional, com passagens no Jornal Nacional, Jornal Hoje e Mais Você. Nos primeiros dias, ainda não sabendo a dimensão da tragédia na região do Vale do Taquari, o grupo focou apenas em passagens rápidas a partir de Porto Alegre, mas logo partiram para o interior, onde cobriram diretamente a situação que se desenvolvia rapidamente.
Os estudantes, que lotaram o auditório da Famecos, foram apresentados a diversas reportagens e bastidores das reportagens que levaram o sofrimento de muitas famílias no interior para as televisões de todo o país. Douglas Henrique destacou o papel das gravações serem rápidas e precisas, já que muitas vezes os locais eram instáveis. Também destacou o uso de drones na apuração, para que se pudesse dar uma visão completa do desastre.
Jonas Campos e Juliano Castro relataram suas experiências ao lidar com fontes e personagens que haviam perdido tudo, adotando também um papel de mobilizador social. O trabalho do jornalista se amplia em uma cobertura de tragédia, pois também trabalhavam explicando como os telespectadores poderiam ajudar. “Há anos todos sabiam que lá batia água. Por que o poder público deixou isso acontecer?”, questionou Campos.
Dentro das cidades atingidas pelas tragédias climáticas, o jornalismo tomava diversas outras funções, repórteres também ajudavam e acolhiam a comunidade e respondiam dúvidas como “é verdade que vem outro ciclone?”. Também pensaram em como situar uma audiência nacional sobre os problemas locais, já que as produções iam também para o país.
Julia Maestri, estudante de jornalismo que fez trabalho voluntário em Roca Sales, perguntou sobre o peso da tragédia sobre os repórteres. “Acho que com o tempo a gente cria uma casca, mas eu ainda não cheguei lá. Até hoje não durmo como antes”, afirmou Juliano. “A gente convive com o drama das pessoas, vamos sempre conviver com isso”, afirmou Jonas. “Unir emoção, informação e algo a mais.”
A Semana Acadêmica Integrada continua até esta quinta-feira (5). O acesso às atividades é aberto e gratuito, sendo necessário realizar a inscrição previamente através do site da universidade. A programação da Escola de Comunicação, Artes e Design — Famecos inclui uma variedade de atividades conduzidas por professores. Confira a programação completa da Famecos aqui.
