Quatro músicos e um motorhome: como fazer uma série para o Rock in Rio

O processo criativo por trás da série “Na Rota do Rock”, produzida pela La Casa de la Madre para a SKY | (por Camila Anfilo)

La Casa de la Madre
5 min readSep 26, 2017
Trailer da série “Na Rota do Rock”, produzida pela La Casa de la Madre para a SKY

O desafio era enorme: budget reduzido, equipe reduzida, projeto megalomaníaco. O cenário perfeito para dar tudo errado.

A série, com 5 episódios de até 6 minutos, nasceu de uma ideia concebida pelo time de criação da agência Ampfy para a SKY, patrocinadora do festival Rock in Rio. O objetivo era acompanhar a jornada de quatro jovens músicos a caminho da Cidade do Rock. Ninguém se conhecia, nenhum deles sabia o que estava por vir. A única coisa que os unia era a paixão pela música.

Roteiro

A agência queria que documentássemos a viagem dos músicos até o festival Rock in Rio. A partir desta premissa, começamos uma extensa pesquisa de personagens, entre mais de 60 músicos. Foi fundamental o trabalho de encontrar traços de personalidades que se cruzassem e possibilitassem o desenvolvimento de uma narrativa fluida.

Com os personagens selecionados e aprovados, o diretor Jorge Brivilati e o roteirista André Castilho elaboraram juntos várias situações fictícias para acontecer “espontaneamente” no decorrer da viagem, sem que os músicos soubessem, para que suas reações genuínas fossem registradas. Então, ora o pneu do ônibus furava, ora tínhamos o Supla pedindo carona ou o Rogério Flausino aparecendo de sopetão dentro de um barco, em Paraty.

Além disso, foi preparado um roteiro documental de perguntas a serem feitas para os músicos - influências musicais, família, sentimentos, sonhos, receios, etc. -, o que foi essencial não apenas para criar uma dinâmica entre eles, mas para levar o espectador às camadas mais profundas dos personagens.

Desde a concepção do roteiro, foi feita a opção por se fugir dos voice overs excessivos ou recursos de locução, o que exigiu uma extensa decupagem prévia de cenas, para preencher os episódios com ações de personagens, em diálogos reais, provocados por induções do diretor.

Guia de perguntas elaboradas aos músicos

Direção e Fotografia

Quem conduziu a direção e a direção de fotografia deste projeto foi Jorge Brivilati, que escolheu uma estética oriunda dos anos 60/70: película, 16mm, flares, lightleaks. Pela temática, este filme permitiu o uso de um grão mais pesado, remetendo a uma memória emocional do que eram os grandes festivais de rock do passado.

Por ser um filme com muitas cenas de baixa luminosidade, a câmera Sony Alpha 7SII se fez estratégica, pois além de ter um sensor poderoso de 4K com uma alta latitude, é compacta e ágil. Associada a lentes Prime, essa câmera foi essencial para trazer o look cinematográfico que o diretor estava buscando. Como ele costuma dizer, “a A7SII enxerga no escuro”.

Praticamente toda a iluminação foi natural, exceto dentro do motorhome, onde foi preciso inserir alguns pontos de luzes diegéticas (que simulam fazer parte do ambiente). Na cena do luau, foram colocados dois pontos extras de luz (PAR 64) para simular o brilho dos faróis do motorhome e recortar os personagens da escuridão.

Pasta de produção

Direção de Arte

As escolhas feitas pela diretora de arte Débora Pascotto cumpriram o seu papel on the road com louvor: tudo milimetricamente fora do lugar, exatamente como seria se jogássemos quatro artistas voltando de um Woodstock da vida.

Desde a cortininha florida desbotada ao fundo, até a jarra de abacaxi nostálgica da avó, o que não faltaram foram objetos literalmente colados pelos cantos do ônibus, para assegurar que nada capotasse na próxima curva.

Montagem

Esta foi mais uma tarefa para Jorge Brivilati, que fez questão de fazer todo o select das mais de 30 horas de material bruto e montar o quebra-cabeças em episódios concisos. A opção por centralizar a função é que, segundo o próprio, ele tinha todas as cenas já decupadas na cabeça. Além disso, ele viveu na pele, junto com os músicos, todas as emoções da viagem. Montar o próprio filme também lhe possibilitou experimentar novas linguagens, como por exemplo planejar usar como footage o material gerado pelos próprios músicos a partir de seus celulares.

Embarque nesta viagem: dê um play nos episódios abaixo e confira o resultado do nosso trabalho :)

Se você quiser saber mais sobre este projeto ou sobre o nosso modelo de parceria com agências e marcas, mande um email para a gente: camila@lacasadelamadre.com.br

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