O segredo por trás de um Grand Prix de branded content

O processo criativo do filme “Movido a Respeito”, produzido pela La Casa de la Madre para a Rede Globo, premiado com Grand Prix no Clio e no El Ojo, além de um Leão de Prata e 3 shortlists em Cannes

La Casa de la Madre
5 min readApr 10, 2017

A ideia de fazer uma pessoa com tetraplegia dirigir um carro de Fórmula 1 parecia impossível, a princípio. O feito — que ganhou repercussão nos principais veículos de mídia — foi realizado graças a duas tecnologias proprietárias da TV Globo: a primeira emprestada dos Jogos Olímpicos, quando os Estúdios da Globo desenvolveram um capacete de eletrodos (EEF) para controlar um game via impulsos cerebrais; a segunda nasceu no PROJAC, onde a equipe de efeitos especiais desenvolvia carros pilotados por controle remoto para rodar cenas de explosões.

Rodrigo Mendes prepara-se para pilotar o F1 através de comandos cerebrais

O desafio foi lançado em uma reunião entre os dois núcleos e, assim, nasceu o projeto Movido a Respeito. Foram sete meses de trabalho com mais de 100 pessoas envolvidas, entre elas, Rodrigo Mendes, eleito o piloto do F1 adaptado, quase três décadas depois do incidente que o deixou tetraplégico.

Para transformar toda essa tecnologia em um produto que se conectasse com o coração das pessoas, a emissora procurou a produtora de filmes La Casa de la Madre. O desafio: embalar o projeto com storytelling, lançando mão da linguagem cinematográfica. “A melhor maneira de disseminar uma tecnologia nova é através de uma história poderosa”, afirma André Castilho, CEO e roteirista da produtora.

Assista ao mini-doc dos bastidores da produção

O primeiro passo do diretor do filme, Jorge Brivilati, foi conhecer cada detalhe da trajetória de seu personagem central para criar uma narrativa toda focada em Rodrigo. Ele se debruça em uma vasta pesquisa antes de iniciar qualquer tomada em todos os seus trabalhos e, com o projeto Movido a Respeito, não seria diferente. A inspiração estava na possibilidade de ultrapassar limites, independentemente da condição física — um ideal concomitante à proposta do Instituto Rodrigo Mendes.

Quando criou o instituto que leva seu nome, Rodrigo tinha como objetivo ajudar crianças e adolescentes com deficiência a estudar em escolas comuns: hoje ele é referência mundial na promoção da educação inclusiva nas escolas.

“Se um filme não tiver uma verdade por trás, torna-se vazio, raso. Todo plano deve abarcar uma linguagem.”

O filme nos convida a sentir junto com o personagem, transpondo a camada mais superficial da sensibilidade. É pelos olhos de Rodrigo que observamos a pista de corrida nos primeiros segundos. Mergulhamos na nostalgia com imagens de arquivo e acompanhamos de perto sua reação ao ficar frente a frente com um carro de F1 pela primeira vez. Experimentamos também a mistura de sensações: a felicidade de pilotar um carro depois de tanto tempo, em contraste com o medo de falhar. Afinal, o capacete é o volante: ele capta as ondas cerebrais e traduz em comandos para a direção do carro.

O capacete dotado de eletrodos é o volante do carro

Rodrigo foi submetido a três meses de treinamento, mas o espectador não tem ideia disso: o que aumenta a apreensão. Alimentamos a expectativa pelo sucesso da ação ao observarmos Rodrigo dentro do carro já na pista, sozinho, quando ele atende o sinal e acelera. É impossível não se comover com seu sorriso e a energia da bandeira se movimentando na linha de chegada.

A equipe técnica realiza a calibragem do carro de F1 adaptado para ser controlado pelo poder da mente

Para Brivilati, todo filme tem uma verdade. Sua missão é encontrá-la e mantê-la. “Se um filme não tiver uma verdade por trás, torna-se vazio, raso. Todo plano deve abarcar uma linguagem”, declara.

Códigos de programação por trás da “mágica” vivenciada na pista

Outro desafio do projeto era repassar a vivência de Rodrigo da forma mais pura e real possíveis. Para Bruno Tiezzi, diretor de fotografia, foi essencial fazer o mínimo de intervenção para manter o tom documental proposto por Brivilati. “Era preciso agregar valor estético, mas com o cuidado de se manter fiel à verdadeira história”, esclarece. O material foi captado em duas diárias — uma dedicada à construção do carro, rodada em São Paulo; outra para documentar Rodrigo pilotando o carro, no autódromo Velo Città, em Mogi.

“A melhor maneira de disseminar uma tecnologia nova é através de uma história poderosa.”

O registro desta primeira parte, mais técnica, era tão complexo quanto captar o primeiro encontro do personagem com o veículo. Tanto o carro quanto o capacete são coadjuvantes neste enredo — são os elementos de catarse e transformação do protagonista.

Qualquer falha técnica poderia estragar a experiência. Houve todo um cuidado com a luz para manter o clima de oficina, com tons mais azulados e iluminação destacada pelas máquinas utilizadas pelos engenheiros. O diretor valeu-se de planos detalhes e supercloses para mostrar a dedicação e o perfeccionismo dos técnicos soldando as placas, ajustando as peças. Para Brivilati, incluir na narrativa todas as tecnologias envolvidas foi um dos maiores desafios do trabalho. “Explicar programação, mecânica e interface cérebro-máquina em poucos segundos é muito complexo”, aponta.

A equipe de filmagem acompanha o carro pilotado por

Brivilati e Tiezzi estavam preocupados em captar ao máximo a emoção do protagonista, desde o encontro inicial com o veículo até a sua saída na pista. Para tanto, o diretor acoplou uma câmera no carro, acompanhando a reação de Rodrigo em tempo real. Tão importante quanto sua reação é o registro do envolvimento e da curva de emoção de cada membro da equipe.

O diretor de cena Jorge Brivilati acompanha de perto as imagens captadas

Durante a volta que coloca à prova meses de trabalho de uma centena de pessoas, o espectador se vê espelhado na equipe, vibrando junto, com o coração na boca, até desembocar no último ato do filme, quando acontece redenção do protagonista, que comemora, triunfante, a conquista de seu objetivo: provar que limites existem para serem ultrapassados.

Com este filme, a La Casa de La Madre segue fiel ao seu DNA de quebrar os estereótipos e fórmulas engessadas dentro da publicidade. “Quantas emoções você pode condensar dentro de um único frame de filme? A busca incansável por essa resposta é o norte do meu trabalho”, conclui Brivilati.

Se você quer contar uma história para uma marca através de um filme ou uma série, fale com o nosso CEO: castilho@lacasadelamadre.com.br

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