O LADO MASCULINO DAS MULHERES

Laís Yazbek
4 min readAug 25, 2016

A energia feminina esquecida e o equilíbrio Yin e Yang

Todos os seres humanos possuem um lado masculino e um feminino. A questão dos gêneros é tão dualizada que dificilmente enxergamos a unidade desses princípios como parte integrante da mulher e do homem. O masculino é o Yang, o princípio ativador, a ação e atitude, o que coloca em movimento através da autodeterminação. O princípio feminino é o Yin, a energia receptiva, a atitude de deixar acontecer, a espera paciente e confiante, um movimento dentro de si mesmo de fé.

Tanto o homem quanto a mulher representam ambos os princípios, apenas o grau, a ênfase, a proporção, a relação um com o outro, a área que se manifestam que são diferentes. A convivência harmônica das energias masculina e feminina dentro de nós é necessária para termos equilíbrio e plenitude.

No entanto, desde que nascemos a dualidade de gêneros se faz presente na nossa educação. “Isso não é brincadeira para menina! Menino não pode chorar!”. O princípio feminino é com frequência erroneamente associado à fraqueza, passividade e inferioridade, enquanto que o princípio masculino é comumente associado à força bruta e superioridade. Assim vão se criando estereótipos, autoimagens e uma busca incessante e muitas vezes inconsciente por provação de gênero ou, para uma minoria corajosa e consciente, uma luta para desconstrução de paradigmas.

“Isso não é para menina” é uma frase a qual muitas mulheres provam o contrário diariamente. É lindo ver o empoderamento das mulheres, a luta por direitos, a determinação, as conquistas. Somos nós usando o poder masculino (que também é nosso), nos apropriando da nossa energia Yang adormecida por muito tempo a qual vejo cada vez mais sendo despertada nas mulheres.

Como tudo tem o outro lado, também enxergo que muitas mulheres foram para o extremo da energia masculina, perdendo o contato com sua feminilidade. Sem querer generalizar ou discutir sobre o movimento feminista, escrevo apenas o que tenho observado do ponto de vista humano e de energia. Digo isso por experiência própria ao perceber minha distância do feminino, minha dificuldade em receber, seja afeto, gentileza ou aceitar que um homem pague a conta do restaurante. Independente dos meus bloqueios pessoais ou minhas crenças do significado dos homens pagarem as contas, o que quero pontuar é que brigamos tanto por direitos iguais e independência que em algum lugar no meio do caminho perdemos nossa habilidade de receber, nossa disposição em ficarmos vulneráveis, nossa conexão com a energia receptiva. Perdemos a confiança na espera e no deixar acontecer. Não sabemos nem mais esperar os homens tomarem a primeira iniciativa na conquista. Não que sejam eles os encarregados dessa ação, mas vejo as nossas atitudes assustando alguns homens. “Ah mas aí o problema é deles”. E eu concordo. Alguns homens estão se sentindo ameaçados pelas mulheres e isso é algo que eles precisam entender o porquê. Ao mesmo tempo viramos conquistadoras, assumimos as rédeas e o princípio masculino dentro de nós está começando a encobrir o feminino. Não me entendam errado, as mulheres podem e devem continuar tomando as atitudes e ocupando seu espaço, contanto que não esqueçam de alimentar sua energia feminina também.

Tenho uma teoria que o desequilíbrio Yin e Yang acaba tendo um impacto nos relacionamentos entre homem e mulher. Uma relação amorosa entre um homem com muita energia masculina e uma mulher também com muita energia masculina tende a não dar certo, pelo fato do homem não conseguir se sentir “macho” o suficiente na relação. Não digo que isso sempre acontece, mas que para alguns homens há uma dificuldade nesse sentido de não encontrar seu espaço e isso pode ser um dos motivos que os têm assustado. Os homens que já entenderam que não precisam ser “machos” o tempo inteiro conseguem lidar melhor com essa situação, pois também estão com suas energias feminina e masculina mais equilibradas.

A frase “os opostos se atraem” que se origina de uma questão física de polaridades se aplica nos relacionamentos não pelas características físicas ou de personalidade, mas sim pela simplicidade da energia. Duas energias muito masculinas ou duas energias muito femininas juntas têm mais dificuldade de “dar liga” (deixando claro: eu disse ENERGIA, o que é muito diferente de dois homens ou duas mulheres que podem “dar liga” muito bem).

Dessa maneira, vejo como um desafio para as mulheres reconectar com a própria feminilidade e reencontrar o equilíbrio interno de energia Yin e Yang. Precisamos reaprender a receber, a esperar paciente e confiante, a nos reconectar com nossa fé interna e a sermos vulneráveis. Isso também faz parte de nós e não é significado de fraqueza. Lembrando que a receptividade da mulher não deve ser confundida com passividade paralisada, ou seja, reencontrar o feminino dentro de nós também não irá enfraquecer a nossa luta por direitos iguais. Há momentos que pedem energia Yin e outros Yang, é preciso sabedoria e presença para nos conectarmos com elas em equilíbrio.

Para ler o texto sobre “O lado feminino dos homens” clique aqui.

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