Como anda a cultura do seu ambiente de trabalho?

Lara Goulart
5 min readMay 4, 2023

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A maneira como você se relaciona com a sua equipe ou com as pessoas com as quais interage diz muito sobre o sucesso do que faz

Cada vez mais as empresas têm se voltado para temas que fogem um pouco do trabalho propriamente dito, mas que muito têm a ver com a possibilidade de gerar processos mais eficazes: a Saúde Psicológica de seus colaboradores.

Há algum tempo temos ouvido sobre a urgência dos gestores e líderes de serviços considerarem a Saúde Mental de seus funcionários como prioridade. Após a Pandemia da Covid-19 esse tema ficou ainda mais em voga, já que o home-office, juntamente com o número de transtornos e síndromes gerados pela insegurança, foram alavancados à época.

Muitos fatores como esses evidenciaram as carências de um formato que raramente era questionado, pelo simples fato de que vem sendo assim desde que "o mundo é mundo". Mas não precisamos de muito para compreendermos que boa parte do que fazíamos em escritórios hoje podemos fazer com maior conforto, segurança e economia de tempo e dinheiro, assim, de casa (ou de onde estivermos).

Quais os principais pontos levantados pelos colaboradores?

A Saúde Psicológica de uma empresa nada tem a ver com a qualidade de um salário, mas com a qualidade do tempo dedicado para obter aquele salário.

  • Palestras e workshops: a promoção de eventos que visem o desenvolvimento do grupo com a participação dos líderes é uma forma de dizer "Você importa para nós como pessoa";
  • Pesquisas de clima e satisfação: nada como feedbacks dos próprios usuários, né? E todo UX sabe bem o quanto essa etapa é essencial para zelar pelo bem estar de uma equipe. Dessa forma, a gestão ganha dicas do que merece maior atenção em cada momento;
  • Dar voz aos funcionários: quando um colaborador se sente ouvido, também se sente parte de algo maior. Isso gera comprometimento e sensação de pertencimento, que é um item do topo da pirâmide de níveis neurológicos e que, por consequência, tem muita influência sobre o sistema;
  • Cultura de feedbacks: as pesquisas de clima e satisfação são fantásticas como termômetro de um setor e da gestão como um todo, mas de nada adianta promover essas ações sem que sejam devolvidas as resolutivas do que foi captado ali. Dar feedbacks aos funcionários é uma forma de mostrar que além de serem ouvidos, suas opiniões geram movimento internamente;
  • Cuidado com a ergonomia: aprendi sobre esse termo e prática quando trabalhava na Fiocruz. Possibilitar momentos de cuidado com o corpo, seja por meio de ginásticas laborais, ioga, meditação, mobília adequada para a execução de cada serviço, tudo isso é essencial para manter sua empresa motivada e saudável para fazer o que tem que ser feito;
  • Desopilar é preciso: não é atoa que o Google e outros gigantes da tecnologia surpreendem com locais em que todos gostaríamos de trabalhar. Num primeiro momento, imaginar uma mesa de Sinuca, Totó, Sala de TV, Fliperama ou uma cafeteria dentro da empresa pode gerar a impressão de que isso trará distrações. E, sim, um dos objetivos é mesmo este. Proporcionar para o grupo momentos para distrair a mente é garantir um ambiente mais leve, pessoas menos estressadas, portanto, mais criativas e próximas;
  • Plano de Carreira: todo indivíduo quando envia um currículo busca um lugar em que possa crescer profissionalmente. A postura de uma empresa que valoriza o desenvolvimento de seus colaboradores é essencial para que o próprio trabalho seja uma motivação para o empregado. Ter clareza sobre os degraus que deverá avançar para adquirir maior sucesso dentro da companhia é fator primordial para uma boa cultura de trabalho;
  • Bem- estar financeiro: como dito no início, não se trata só de dinheiro, mas também da qualidade do que se ganha. Todos sabemos que o tempo que dedicamos a um objetivo é um tempo que não poderemos ter de volta e nenhum dinheiro é capaz de mudar isso. Logo, se investirmos em treinamentos que contribuam para a saúde financeira de nossas equipes, dificilmente teremos baixas de contrato por conta de melhores propostas;
  • Flexibilidade: essa palavra por si só já resumiria todo o conteúdo dito aqui, mas é importante frisar que uma cultura que flexibilize os horários é um dos pontos mais procurados pelos profissionais atualmente. A ideia de família mudou, o trânsito tem piorado, nos aposentamos cada vez mais tarde e estamos constantemente cansados. Imagine se tivermos ainda a preocupação de bater ponto diariamente em nossos postos de trabalho? Impossível chegar feliz num ambiente assim, concorda?;
  • Interação, integração, senso de equipe: empatia, comunicação, abertura e transparência são ingredientes que devem constar em toda empresa. A integração gera confiança, a confiança nos permite trabalhar com mais tranquilidade e a tranquilidade evita muitos erros. Invista num tempo de qualidade para interagir com seu pessoal. Crie momentos e memórias de aproximação entre vocês. Aniversários, cafés comemorativos, festas de fim de ano, recepções de novos colaboradores, enfim… Os custos geralmente são baixos e 30 minutos de um dia já seriam suficientes para gerar esse impacto social entre vocês.

Por fim, pensemos nas empresas como orquestras. Imagine que para cada instrumento há uma técnica específica, uma afinação específica, uma partitura específica. A música é a mesma. O ritmo, também. Mas a maneira como cada integrante deve executar a obra, não.

Um violino sozinho é lindo, mas não traz a beleza de uma orquestra inteira. Um violoncelo pode até fazer uma frase emocionante, mas jamais trará a sensação de todo o conjunto de cordas e sopros. O trompete pode ter o seu solo durante uma canção, mas quando entram o tímpano, o prato, o trombone, o sax, a flauta, o piano, ah… Aí, sim, o espetáculo acontece, não é mesmo?

Agora, se você se vê como regente desta orquestra, convido para um exercício ainda mais profundo… O de imaginar como seria ter de tocar cada um desses instrumentos, todos juntos, de uma só vez. Isso seria possível? Você se garantiria como o melhor instrumentista para todos os itens? Acredito que não, né? Por este motivo, lembre-se: ninguém é capaz de tocar uma orquestra sozinho.

Finalmente, ainda que seja você a sinalizar as pausas, nuances e viradas da música, há toda uma equipe que precisa confiar no seu trabalho e entender somente com o olhar a mensagem que você deseja passar. Sendo assim, bom ensaio! Quer dizer, bom trabalho! Ah, mas até que seria interessante se mudássemos o termo Gerência para Regência, né?! Eu curto… ;)

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Lara Goulart

Profissional da Música, UX/UI Designer, Comunicóloga. Curiosa, criativa, inquieta. Amo aprender e estar perto de quem pratica generosidade e empatia.