Estudantes vão às ruas contra a reforma do ensino médio

Larissa Abrão
3 min readMar 24, 2017

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Secundaristas paranaenses protagonizam o ato contra a MP 746 e a PEC 241

O ato contra a reforma do ensino médio ocorreu durante a tarde do domingo (09), com cerca de cinco mil pessoas e, em sua maioria, estudantes secundaristas. A manifestação que começou na praça Santos Andrade e terminou na Boca Maldita, tinha como principal protesto o repúdio a Medida Provisória (MP) 746 que estabelece uma reforma educacional, e também contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita os gastos públicos.

Durante a manifestação, as palavras de ordem eram “Fora Temer”, “Fora Beto Richa” e “Não a reforma do ensino médio”. Segundo Mateus dos Santos, presidente da União Paranaense de Estudantes Secundaristas (UPES), o ato foi organizado pela CWB Fora Temer e outras entidades, inclusive a UPES. “A reforma vai contra o plano nacional de educação, desvaloriza o pensamento crítico, e mostra o despreparo e o desespero do governo Temer, que não dialogou com o estudante e nenhuma entidade do movimento social ou estudantil”, afirma Mateus.

Manifestações ocorreram de maneira pacífica no centro de Curitiba (Foto: Caroline Momma)

Grande parte dos estudantes presentes na manifestação levaram cartazes contendo suas reivindicações e participaram quando o microfone foi aberto para os representantes dos colégios. O estudante Maximiliano Alvarez, do C. E. Paulo Leminski, contou que a maior reivindicação é pela educação, mas também pelo serviço básico da população, em relação à PEC 241.

Maximiliano afirma que dentro do colégio houve uma reunião dos alunos “para decidir como será feita a manifestação e a ocupação, como vamos nos organizar e o que vamos precisar”.

“A luta é por uma causa geral. A gente vai parar, e se eles continuarem, vai parar o país inteiro” — Lucas, estudante secundarista de Colombo

Estudantes secundaristas de Curitiba e região metropolitana reivindicaram também por cartazes (Foto: Caroline Momma)

E os estudantes não estavam sozinhos, muitos professores apoiaram e participaram do ato. Eyrimar Fabiano, professor de sociologia da rede estadual, contou que a vontade de seus alunos participarem do ato surgiu de forma espontânea. Segundo ele, esse fato está ligado a criação de um ambiente crítico por meio do ensino da sociologia, história e filosofia. “O resultado está aqui: uma escola de pensamento e de crítica”, conta o professor.

“Nós queremos ter o direito de ser e de pensar, estamos aqui pra lutar por isso” Gabriela, estudante do 3º ano do Ensino Médio

Marlei Fernandes, membro da diretoria da APP-sindicato, endossa o apoio aos movimentos em defesa da classe trabalhadora, em referência a PEC 241, e ressalta também a importância da livre organização dos jovens. “Não podemos ficar fora dessa luta, por isso estamos travando uma luta em defesa do serviço público, da escola pública e de toda a população”, afirma.

“O ânimo que essa meninada está tendo aqui deixa a gente satisfeito, mostrando que uma semente foi plantada e que vai dar bons frutos” Francisco Manoel de Assis França, professor da rede estadual de ensino

Enquanto os estudantes protagonizaram o ato, os professores afirmavam estarem tendo uma aula com os jovens manifestantes “aprendendo como é cuidar do nosso estado e do nosso país”, enfatiza professor Eyrimar. Segundo Mateus dos Santos, os estudantes são a favor de uma reforma educacional que seja discutida. “As entidades estudantis e os estudantes são a favor de uma reformulação. Não só do ensino médio, mas da escola como um todo. Uma reformulação que atenda os anseios dos estudantes e dos brasileiros”.

Reportagem de Larissa Abrão / Edição de Marcia Faustino

Matéria publicada originalmente em 10/10/2016 no Jornal Comunicação UFPR

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Larissa Abrão

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