Rock in Rio: Mais do que um evento, um misto de sensações

Laryssa Costa
4 min readSep 27, 2020

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Um ano de um festival que para mim tem gosto, tem cheiro, tem cores, tem sentimento.

Tem sentimento de coragem porque ali, naquele dia, eu me senti livre pra me vestir do jeito que eu gosto, sem julgamentos. Eu era cabelo de Chun Li, óculos de Bono (U2), jaqueta estilo Jimi Hendrix, calça militar e um fiel coturno, comprado especialmente para aguentar as horas e mais horas de show no Parque Olímpico. Sem falar na pochete, que teve uma saga especial de procura só para ela. Uma mistura que estranhamente deu certo. Ou não.

Look Rock in Rio

Rock in Rio tem sentimento de desafio, sensação de adrenalina de ir sozinha pra uma cidade que nunca havia colocado os pés antes. Andar de metrô, ônibus e rumar, ao lado de milhares de pessoas, para um só objetivo.

Tem gosto de Red Bull, de copo que acende, de sanduíche sentada na grama. Tem gosto de chocolate da Lata da Cacau Show ganhado do meu namorado pra entrar no clima do evento. Tem gosto de Coca-cola, de suor de cantar e dançar no stand da mesma e de me sentir finalmente no palco.

Tem gosto de choro, de lágrima salgada, que olha… para ser bem sincera, foi experimentada várias e várias vezes durante o evento. Foi choro no telefone com a minha prima, ao som da Ivete Sangalo: “Mayla, eu realmente estou aqui, eu e uma multidão, ouve: Abalou, abalou, sacudiu, balançou, coração é só felicidade.”

Foi choro engasgado na garganta ao ver o letreiro, foi choro ao cantar com a Jessie J, foi choro ao ver o All star, foi choro ao ouvir o Bon Jovi. Ele não tocou Blaze of Glory, devo ressaltar, mas tá tudo bem, Eu sabia que, mesmo apenas em sentimento, meu pai também estava ali ouvindo comigo. Segundo a minha mãe, ele, do mundo como só, foi na edição de 85 para ver o Freddy Mercury. Se é verdade ou não, só ele poderia dizer. Mas a gente acredita.

Jessie J — Who you are — Rock in Rio 2019

Rock in Rio tem cheiro de hotel pré-show, tem cheiro de Yamasterol pequeno, comprado na farmácia ao lado, porque na bagagem de mão não podia embalagem grande de creme. Tem cheiro de isqueiro que queimou a pontinha do meu tererê verde, feito na orla da praia só para compor o look.

Tem sensação de alegria ao ver o Paulo Ricardo no Aeroporto, de encontrar amigos brilhantes — literalmente — no meio do público, de arrepio ao ouvir a Iza. Arrepio maior ainda quando a Alcione entrou no palco.

Tem sensação de brisa fresca da manhã vindo embora misturado com medo de bateria acabar e não avisar minha mãe e irmã que estava tudo bem — e a lição pra vida toda: power bank também é item de sobrevivência.

Rock in Rio tem sensação de saudade. Saudade de um dia em que estava tudo bem, de um dia que eu acreditei que podemos fazer um mundo melhor, de um dia em que éramos uma só voz, lado a lado, sob os foguetes e hino: “ô ô ô, Rock in Rio…”

É saudade, é esperança de que tudo isso vai passar e que vamos estar juntos novamente. Rock in rio pra mim tem gosto, tem cheiro, tem cores, tem sentimento.

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Laryssa Costa

Jornalista por teimosia. Redatora e Planner na Agência BluePause. Graduada em Letras e fotógrafa desiludida. Sonho conhecer o mundo. Sem sucesso por enquanto.