A força já despertou, quer você queira ou não

Laura Almeida
3 min readSep 5, 2015

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Uma semana atrás publiquei um texto mostrando algumas das dificuldades enfrentadas por alguém que ousou tentar fazer parte de um círculo dominado por homens. A minha história aconteceu na comunidade nerd e gamer brasileira, mas poderia muito bem ser com uma estudante de medicina na USP, uma consultora de TI ou simplesmente uma garota pré-adolescente se candidatando para um time de MOBA. É uma história real e pessoal, mas que representa algo que acontece diariamente com muitas e muitas mulheres nas mais diversas posições e grupos, no Brasil e fora dele.

Alguns interpretaram o texto como uma tentativa de aparecer e ficar rica (se alguém souber como transformar menções no Twitter em depósitos bancários bem gordinhos favor avisar), enquanto que outras entenderam o ponto: não se trata de ir atrás de um pedido de desculpas ou exigir retratação pública, apenas um relato que tomou proporções inimagináveis pelo simples fato de ser uma história que ressoa em tantas pessoas.

Não esperava que o fato de publicar um desabafo fosse tomar as proporções que tomou e muito menos gerasse tantas conversas e levantasse tantos questionamentos. Me sinto bastante honrada nesse aspecto e feliz por ver as perguntas certas sendo feitas. Recebi centenas de mensagens e relatos nos últimos dias e peço desculpas se não te respondi, não foi por maldade. Mas pode ter certeza que estou lendo tudo que me é enviado.

Tenho esperança em relação ao que nos aguarda no futuro. Existem muitas figuras positivas entre as webcelebridades admiradas pelos mais novos tornando cada vez mais clara a diferença geracional de cada grupo. Fora que é perceptível o número cada vez maior de pessoas dispostas a discutirem assuntos que até não muito atrás eram completamente ignorados.

Um pensamento que me ocorreu com frequência nos últimos dias é a grande ironia da situação. Muitas histórias de ficção retratam algum tipo de opressor tentando evitar que os oprimidos tenham espaço e tenham suas vozes ouvidas. Star Wars, X-Men, Watchmen, V de Vingança, Jogos Vorazes e tantas outras obras amadas pelas mesmas pessoas que não pensam duas vezes antes de chamar uma garota de ditadora, gorda, folgada, pistoleira, vadia e tantos outros adjetivos criativos por simplesmente dizer o que pensa.

Importante não deixar que toda a conversa gerada não caia no esquecimento. Continuem questionando. Continuem pensando por si mesmos. Não se calem, principalmente se você estiver na posição de defender alguém. A inclusão social é uma realidade e existem muitas pessoas lutando para que ela aconteça. Não dá mais para tolerar conteúdo inconsequente. Não adianta adorar a frase “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” e fugir quando chega a sua vez de assumir os resultados dos seus atos. É covarde continuar permitindo que gigantes calem vozes menores por simples falta de empatia ou comodismo.

No final do dia, a grande pergunta que precisamos nos fazer é: de qual lado da força você quer estar?

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Laura Almeida

Publicitária, grande comedora de pizzas e futura fazendeira de pugs.