Dentro do ônibus, silêncio total aguardando sua saída. Um intrépido no corredor ao lado abre um vídeo no celular, com o som ao máximo. O vídeo persiste e percebo que muita gente, assim como eu, começa a ficar incomodada. Penso (apenas penso) em emprestar ao sujeito o meu fone de ouvido, até mesmo como forma de protesto. Eis que, de repente, em meio ao vídeo que ele estava assistindo — devia ser algo que o estava prendendo muito a atenção, fazendo com que ele esperasse pelo Grand Finale — surge uma intervenção ainda maior, com os decibéis três vezes mais apurados dos já incômodos, o famigerado e conhecido de todos, o “gemidão”!
Fez-se um silêncio ainda maior vindo de todos depois que ele, em desespero, tentava reduzir o volume. Nessas horas desaprende-se como manusear o aparelho que você tanto domina. E ninguém riu ou fez comentários. Não só o gemidão como um sentimento de vingança profunda emanando no ônibus quietou uma indecorosa falta de bom senso, com muito constrangimento, para felicidade da geral.
Parte o ônibus. Posso até tirar um cochilo em paz.
Salve o gemidão!
Laz Muniz,
expectador por acaso de chanchadas da vida real