O que aprendi participando do Hacktoberfest 2018

Leandro Cunha
4 min readOct 30, 2018

Sou desenvolvedor desde 2003 e sempre atuei como Frontend. Tive uma empresa por 8 anos onde eu cuidava da tecnologia. Fazia o HTML, CSS, PHP, MySQL, o famoso “faz tudo” (na época não existia o termo Fullstack).

Em 2011, vendi minha parte e voltei pro mercado de trabalho, sempre atuando como Frontend. Hoje, em 2018 com 35 anos tenho bastante experiência com desenvolvimento… também vejo, que não tenho nenhuma experiência.

Desde que voltei ao mercado de trabalho, passei por algumas empresas incríveis, trabalhando com projetos excelentes e pessoas competentes. Porém, meu lado empreendedor sempre fez com que eu quisesse participar, me envolver nos negócios e nas empresas como um todo e talvez esse tenha sido o meu erro!

Não que eu não devesse me envolver nas empresas, tentar entender o modelo de negócios, mas parando pra pensar, talvez eu tenha estagnado no tempo achando que já sabia tudo de Frontend. Me virava bem com o backend e achava que o crescimento de uma empresa estivesse mais ligado ao modelo de negócios ou melhor dizendo, o negócio era mais importante do que todas as outras áreas.

No início de outubro vi muita coisa no Twitter de uma tal de Hacktoberfest. fui pesquisar o que era e pensei em participar. Foi quando um amigo, o Allan Ramos, com quem tive a oportunidade de trabalhar na mesma equipe, me chamou pra contribuir em um projeto dele. Eu fui, afinal queria ganhar a camisa do evento, apenas!

Pra quem não sabe, o Hacktoberfest é um evento capitaneado pela Digital Ocean, Github e Twillio para incentivar desenvolvedores a participarem de projetos de código aberto.

Então lá fui eu, o projeto era bem tranquilo, as issues abertas eram bem tranquilas também e encarei, afinal o fluxo de: forkar um projeto, comitar, abrir um PR, era o meu dia-a-dia. Estava enganado!

Resolvi o problema da issue, comitei, abri o PR e já tomei uma chamada que o a mensagem do commit não estava no formato correto (wtf???), fui lá modifiquei o arquivo e comitei de novo e tomei outro esporro porque o commit tinha que ter apenas o arquivo modificado com a mensagem com um único propósito e fui orientado a fazer um rebase. Daí pensei: O que ele tá falando? era só um commit simples porra, nunca fiz um rebase

Resumindo, fiquei algumas boas horas até chegar no resultado correto e depois disso eu fiquei pensando comigo mesmo, caramba onde eu estava esses anos todos que eu não conseguia fazer um commit simples, um rebase pra acertar árvore de commits, abrir um PR pra contribuir com um projeto e etc, ou seja, virei estagiário!

Eu fiquei muito puto comigo mesmo e ao mesmo tempo empolgado com esse novo desafio a frente. Acho que na real eu estava mesmo era inconformado com a minha zona de conforto dos anos anteriores em termos de desenvolvimento e resolvi sair dela. Então também criei um projeto pra aprender mais daquilo.

Criei um repositório aproveitando as eleições no Brasil e a situação política do meu time de futebol. O projeto se chamou #ebmnao, uma aplicação pra adicionar um “ribbon” no seu avatar, assim como o Twibbon. Não vou me aprofundar muito no que é o projeto porque não vem ao caso mas vocês podem conferir ele lá no repositório.

Depois de chamei o Allan Ramos novamente para participar, pra ele criar umas issues. Ele aceitou e não só contribuiu com o projeto como contribuiu muito para o meu conhecimento, nesse curtíssimo espaço de tempo aprendi muito sobre Git fazendo alguns rebases, boas práticas seguindo o Git Style Guide da Pagar.me, GitCop, CircleCI…

Agora voltando lá em cima onde eu falo que me envolvi demais nos negócios das empresas… No final das contas, mais do que coisas técnicas o que eu aprendi mesmo é que as empresas que trabalhamos por mais desafiadoras que possam parecer, elas podem se tornar tóxicas para o nosso conhecimento. A dinâmica do nosso país faz com que as empresas sempre tenham que “vender” para pagar as contas e os funcionários fazem de tudo pra isso acontecer, só que isso pode destruir uma carreira.

Não podemos nos deixar levar somente por tentar pagar as contas, empresas de tecnologia são bem sucedidas porque elas produzem soluções tecnológicas e o dinheiro no final do mês deve ser a consequência de uma solução tecnológica muito bem feita e na minha opinião uma solução bem feita precisa de tempo e um ambiente favorável para que ela se desenvolva.

Acho que a frase do WordPress, Code is Poetry cabe muito bem nesse contexto.

Para concluir, o que eu aprendi de verdade não foram somente coisas técnicas. Aprendi que não devemos deixar de aprender. Por mais trágico, tóxico, caótico e confuso que seja o seu ambiente de trabalho, tente sempre trazer uma solução moderna para a empresa e se não for possível (porque também tem empresa, que a gestão não ajuda), traga soluções melhores para o seu fluxo de trabalho, isso vai fazer com que você sempre permaneça atualizado, buscando coisas novas.

E se você nunca participou de um projeto Open Source (independente do seu nível de conhecimento), faça imediatamente! A troca de conhecimento é fundamental para uma carreira de tecnologia sólida. Vamos exercer sempre a nossa humildade e reconhecer que precisamos aprender sempre, continuamente em um loop infinito!

Ahhh e pra finalizar eu ganhei a camisa do evento!

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Leandro Cunha

Frontender, big fan of ReactJS with a big willing to become a JavaScript Hero, Jiu Jitsu Purple belt @ Gracie Humaitá Centro — RJ and fanatic to Flamengo.