Gravada pela primeira vez por Eduardo das Neves há mais de cem anos, em 1914, Luar do sertão é uma toada — cantiga de melodia simples e texto geralmente curto — que possui uma letra delicada que enaltece a beleza do sertão, sobretudo do seu luar. De autoria de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, tornou-se amplamente conhecida no Brasil por versões de nomes famosos como Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Elba Ramalho e outros. Ao fim do artigo, alguns versões estarão disponíveis.
A nostalgia do eu lírico já é expressa no início e durante toda a canção por meio do seu refrão: “não há luar como este do sertão”. Lamentando pelo luar escuro que possui a cidade em que se encontra, ele sente falta do luar de sua terra, cuja intensidade da luz torna brancas as folhas secas que repousam no chão.
O eu lírico continua falando que quando a lua nasce atrás da mata, ela parece um sol prateado, conferindo tons de prata a sua solidão. Senta-se então com uma viola e inspirado pelo luar, nasce uma canção dentro de seu coração. Envolvido com a beleza do momento, nota um belo riacho entre a mata, um verdadeiro espelho d’água que rouba o brilho das estrelas do céu.
Ao fim, o eu lírico encerra a canção dizendo que gostaria de morrer na serra. “Abraçado a sua terra” gostaria de dormir para sempre. Gostaria também de ser lá enterrado, onde à tarde a sururina — uma ave comum na América do Sul e Central — sentindo falta das canções, choraria sua viuvez.
Abaixo, versões ao vivo das cantoras Elba Ramalho e Maria Bethânia. Se preferir ouvir no Spotify, as versões estão disponíveis aqui e aqui. Outra linda versão, do álbum Anos 2000 de Milton Nascimento, em dueto póstumo com Luiz Gonzaga, está disponível aqui.
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