Leca Lichacovski
5 min readJun 29, 2016

O que eu aprendi sendo turista na minha própria cidade

Por-do-sol a bordo do Kattamaram, no Lago de Itaipu.

No final de semana passado (na verdade, de 23 a 26 de junho), o Clickfoz realizou o #TuristaEmCasa2016. A proposta dessa ação é levar moradores de Foz do Iguaçu a viverem a cidade como turistas: passeios, hotéis, restaurantes e, claro, muitas fotos.

Eu poderia falar como foram os nossos dias, o que fizemos. Mas você pode ler isso neste link. O que eu quero dizer mesmo são as lições que aprendi com o TeC nessas quatro edições.

  1. Foz do Iguaçu é cheia de surpresas

Eu sou nascida e criada em Foz do Iguaçu. Brinco (apesar de ser a mais pura verdade) que nunca mudei nem quarto. E, ainda assim, essa cidade me surpreende quando se trata de belezas e turismo. O Turista em Casa é realizado desde 2013 e, a cada edição, tem algo novo que me faz pensar: “Caramba! Preciso mostrar isso para todo mundo”. Nesse ano, o que me causou isso foram: Wish Resort Foz do Iguaçu; Tradicional Fondue Panorama; City Tour Ciudad del Este e Jesuíticas Plaza, também em Ciudad del Este.

Jesuíticas Plaza, em Ciudad del Este — PY. Foto: Luis Poletti. #TuristaEmCasa2016

2. Foz do Iguaçu não tem uma identidade

Não dá pra dizer qual é o perfil do morador de Foz do Iguaçu. Sabe, igual dizem: “Ah, curitibano é assim”; “Paulista é assado” ou ‘Isso é bem coisa de carioca”. Não conseguimos fazer essa definição com os iguaçuenses. Ao enviarmos os convites, percebemos isso. A cidade conta com mais de 80 etnias e o resultado disso é uma mistura única. Por isso eu digo: Foz do Iguaçu não tem uma identidade. Nossa identidade é sermos diversos. Nos nossos grupos de “Turistas”, tivemos um gaúcho e uma nordestina. Um de origem paraguaia e outra, com raízes na Argentina. Uma era budista. Outro era evangélico. Tivemos “família tradicional brasileira” (por favor, notem as aspas e o tom irônico, ok?) e uma de duas mulheres. Tivemos solteiros héteros e gays. Tivemos dançarino e jogadora de rugby. Tivemos roqueiros. Tivemos católico que já leu o Alcorão. E assim vamos, vivendo a maravilha que é não poder ser limitado a apenas um perfil.

Grupo do #TuristaEmCasa2016 no Marco das Américas

3. Foz do Iguaçu sozinho é bom. Em grupo, é melhor ainda.

Eu gosto de fazer algumas coisas sozinha e não vejo problema algum nisso. Porém, descobri que algumas atividades, se feitas em grupo, fazem toda a diferença. Exemplo: eu pedalo. Geralmente aos domingos. Fico ali na casa dos 4 ou 5 km. A perna dói demais por causa das subidas. Acaba o fôlego. Então, quando surgiu a oportunidade de fazer uma trilha de bike no #TuristaEmCasa2016, eu fiquei animada — mas terminei muito mais feliz e surpresa que o esperado! Foi minha primeira trilha — eu ando na rua, que é bem mais fácil — e ela tinha N O V E quilômetros, o dobro do que eu faço normalmente. Quando atingi o meu limite, eu quis desistir e terminar a bordo do jipe, com o restante do grupo. Mas o pessoal que estava comigo me deu um novo gás: “Vamos, está quase. Você consegue. Deixa a marcha assim e assim, fica mais fácil. Na subida, pedale ‘para frente’ para não machucar a coxa”. E eu consegui. Finalizei a trilha com a magrela e com uma turma animada que não me deixou parar.

Trilha de 9 km na Trilha do Poço Preto, um dos passeios opcionais oferecidos no Parque Nacional do Iguaçu. Foto: Maya Riquelme

4. Foz do Iguaçu não se resume a Cataratas do Iguaçu

Isso, você já deve imaginar. Mas eu tô aqui pra te dizer que não é simples assim. E, se você quer conhecer a cidade, reserve mais do que apenas um final de semana. Nós não demos conta de conhecer nem metade e olha que saíamos cedo dos hotéis (Bogari e Wyndham), afim de tentar cumprir toda a programação. Aliás: se tem um lugar ao qual não fomos, foi justamente às Cataratas! Porque a nossa proposta é expandir Foz do Iguaçu para os próprios moradores. Para quando eles (e nós mesmos) receberem visitas ou pedidos de indicações de passeios, que haja um leque gigante de opções. Cada iguaçuense é um pouco guia de turismo. E através do #TuristaEmCasa, nós oferecemos uma visão de que a cidade não é Terra só das Cataratas.

Não, essas não são as Cataratas. Esse é o Salto Monday, na cidade de Presidente Franco, no Paraguai. Foto: Maya Riquelme

5. Foz do Iguaçu cuida da gente

É muito legal saber que os atrativos turísticos da cidade não estão interessados apenas em vender (o destino e lembrancinhas), mas também se preocupam nos mínimos detalhes com as pessoas. Percebi isso quando fomos ao Parque das Aves — que, para deixar claro, não é um zoológico. O parque cuida de animais que foram resgatados de tráfico e, sempre que possível, esses bichos são devolvidos à natureza. É lindo ver o cuidado que eles tem com as aves e outros animais. Eu já gostava de lá antes e, dessa vez, o elemento surpresa surgiu novamente: para os dias frios, o cardápio do lounge (localizado no meio de trilha de quase 2 km) e do restaurante (final da trilha) terá opções de caldos! Nós experimentamos o caldo verde e quem veio nos explicar foi o próprio Chef, o Robson. “Nos dias frios, o visitante vai poder ficar quentinho com esses caldos que vamos servir. Assim, vão continuar melhor o passeio”. Acha pouco? No nosso grupo, tínhamos uma vegana. Ele teve a sensibilidade de perguntar se havia alguém que não comia carne, para não colocar a calabresa nem bacon no caldo. Eu achei isso bem bonito.

O caldo verde que nos serviram no Parque das Aves.

Eu poderia falar mais um monte de coisas. Mas eu vou parar por aqui porque, o resto, eu prefiro que você descubra por você mesmo.

Leca Lichacovski
Leca Lichacovski

Written by Leca Lichacovski

Jornalista. Sarcasticamente engraçadinha. Talvez você vá com a minha cara, talvez não.

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