Performance Marina Abramovic

Leila Batista Imperatore
3 min readMay 15, 2023

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Em 1974, Marina Abramovic fez uma performance em que ela dizia para os visitantes que não se moveria durante seis horas, não importa o que fizessem com ela.

Ela colocou à disposição em uma mesa do seu lado 72 objetos que poderiam ser usados para agradar ou destruir, incluindo desde flores até uma faca e uma arma carregada. Ela convidou os visitantes a usar os objetos nela da maneira que desejassem.

Inicialmente, disse Abramovic, visitantes estavam pacíficos e tímidos, mas se tornaram violentos rapidamente: “ A experiência que eu aprendi foi que… se você deixar a decisão para o público, você pode ser morta… Eu me senti muito violada. Cortaram minhas roupas, enfiaram espinhos de rosas na minha barriga, uma pessoa apontou a arma para a minha cabeça, e outra tirou a arma de perto. Isso criou uma atmosfera agressiva. Após exatamente 6 horas, como planejei, eu me levantei e comecei a andar em direção ao público. Todos fugiram correndo, escapando de um confronto real.” Esta performance revelou algo terrível sobre a humanidade, similar ao que o Experimento da prisão de Stanford, de Philip Zimbardo e o Experimento de obediência de Stanley Milgram, também mostraram a rapidez com que pessoas se agridem dependendo das circunstâncias.

Essa performance mostrou como é fácil desumanizar uma pessoa que não pode se defender, e é particularmente poderosa porque desafia o que achamos que sabemos sobre nós mesmos. Texto: Imagem e Historia

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Ao ver pela primeira vez a performance da Marina Abramovic lendo este post, me fez lembrar que o ocorrido com ela em sua performance, tem relação àquilo q Freud dizia em seu livro O Futuro de uma Ilusão sobre a satisfação instintual e as obrigações e privações q a cultura e civilização nos impõe desde o inicio da humanidade.

Qdo não há leis e coações, o ser humano se deixa levar mais facilmente em busca de satisfação, mesmo q isso seja violento, agressivo ou contra os bons costumes e a moral.

Freud dizia:

“…A situação muda quando nos voltamos para as outras exigências instintuais. Nota-se então, com surpresa e inquietação, que a maioria dos indivíduos somente obedece às proibições culturais a elas relativas sob pressão da coação externa, ou seja, apenas quando esta se faz valer e enquanto é temida. Isso acontece também com as chamadas exigências culturais morais, que, do mesmo modo, dirigem-se a todos.

A maior parte do que ouvimos falar sobre a pouca retidão moral dos humanos está relacionada a isso. Muitíssimas pessoas civilizadas, que recuariam, horrorizadas, ante o assassinato e o incesto, não se negam à satisfação da sua cobiça, de seu prazer em agredir, de seus apetites sexuais, não deixam de prejudicar outras com mentiras, fraudes e calúnias se puderem fazê-lo impunemente, e assim sempre foi ao longo de muitas épocas da civilização”.

Freud, S. O Futuro de uma Ilusão. Obras Completas Ed. Imago, 1927, p. 213.

Ou seja, todos nós temos um tanto de agressividade e de violência, mas por conta da normas sociais e da cultura, muitas destas pulsões são recalcadas e reprimidas e a performance de Mariana Abramovic foi o motor, capaz de demonstrar o quanto isso é verdade e de liberar essa agressividade e violência recalcada em nós por meio do ato no corpo da artista. Ficando comprovada a teoria freudiana das pulsões e do recalque.

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Written by Leila Batista Imperatore

“Escrevo à espera de que(…)surja algo q embaralhe as cartas pra que a mulher abjeta e vil que sou, encontre um modo de se fazer ouvir” Elena Ferrante

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