Salcity: Crônicas de um Barril Dobrado #4

Lenindragonsrpg
6 min readSep 21, 2024

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Mestre: Matheus Gansohr

Sistema: Cyberpunk Red

Cenário: Salcity

Relato por: Matheus C. Garcia

  • Ordem de Despejo

Nossa aventura começou com uma série de avisos de jornais, somos apresentados a uma Salvador Cyberpunk, onde o respirar é um tormento com a areia que permeia as áreas abertas. O som contante do carnaval, junto das propagandas holográficas são um bilhete constante de como a cidade nunca dorme.

Um outdoor gigante da IHOME anuncia suas promessas de moradia, de segurança, qualquer um que tenha vivido nessa cidade por mais de 10 minutos sabe que mesmo nas áreas mais afastadas a violência é uma constante que não deve ser esquecida; marketing! era isso que aquela placa representava, nada menos.

Somos levados então a um complexo de apartamentos, mais afastado da correria e loucura dos intermináveis carnavais, um dos únicos ainda habitado naquela região. Em cada um dos pequenos blocos, os quais dificilmente poderiam ser chamados de apartamentos, estavam seus moradores.

Uma mulher dona de vários animais de estimação, conhecida como Bia bichos um tipo curioso de pessoa a se encontrar nos dias de hoje, considerando que rações humanas já custam 100 NR por mês, o custo para manter o gato e quanto deveria custar.

O outro morador era Rico Rico, um roqueiro que passava seus dias tocando seu instrumento e praticando remix de músicas Lo-fi, o som constante de suas músicas se tornou praticamente a música tema e ambiente daquele andar, estranho seria para os moradores se esse som cessasse.

Rico Rico

Jaiden de Oliveira, o terceiro morador, notável por ser o mais amigável entre os inquilinos, era conhecido por suas histórias de como veio de uma “Drift nation” próxima a um local que, de acordo com ele, foi conhecido no passado como Rio de Janeiro.

Jaiden Oliveira

A última entre as moradoras era Maria Reis, porém sempre se apresentava como Mary, uma mulher antipática de poucas palavras, aparecia vez ou outra pelos corredores, indo e voltando por motivos os quais ela não compartilhava.

Mary

E por fim restou apenas o inquilino, Kaboklo, o dono do prédio, um homem também reservado, aparecia apenas quando o aluguel atrasava, cobrando os NR para pagar as constantes despesas e dívidas do prédio decrépito.

Kaboklo

Aquela era uma noite como qualquer outra, os inquilinos e o proprietário estavam em seus cubículos quando Kaboklo percebe um arruaceiro na janela, era difícil problemas acontecerem por ali, muito provavelmente aquele arruaceiro representava um mal presságio.

Kaboklo tentou intervir, jogando uma garrafa, ameaçando o homem, mas nada parecia funcionar, ele era respondido com xingos e gestos vulgares em resposta; Jaiden, vendo o ocorrido, tentou atirar no homem que agora se afastava do prédio, o tiro errou, mas a distração da bala pegando de raspão foi o suficiente para fazer o homem não perceber o carro vindo em sua direção, um estrondo depois e o bêbado cai no chão, largando a própria sorte.

Bia Bichos

Agora o mal presságio de antes aconteceria, aquele carro, junto de outros que se juntavam a ele, eram parte da mesma empresa dona da região a IHOME; mesmo na multidão você poderia distinguir eles dos demais, com trajes idênticos, ternos muito bem-vestidos e óculos que apagavam o senso de humanidade, escondendo os olhos.

Por ligação eles avisaram Kaboklo sobre uma ordem de despejo, as opções eram duas, aceitar a ordem ou aceitar um empréstimo com a empresa, para aliviar as dívidas, poucos segundos depois e Kaboklo tomou sua decisão.

O proprietário do prédio decidiu ficar e lutar, junto de 3 dos inquilinos, Mary decidiu se abster da luta, pouco tinha falado com aquelas pessoas, ou conhecido o proprietário, apartamentos são só espaços para comer, dormir e acordar para o mesmo inferno de mundo, não conseguia ver aquele lugar como casa, ela então decidiu fugir, infelizmente as janelas dos andares inferiores estavam barradas, o que lhe restou foi a porta da frente.

Tiros, foi assim que ela foi recebida, nada surpreendente vindo de Corps, ainda mais depois da decisão tomada por Kaboklo, ela correu e quebrando uma janela se jogou em um dos prédios abandonados da região, sendo acertada por alguns tiros, o colete balístico que sempre vestia estava segurando bem, exceto uma bala que a acertou, mas não a parou de entrar.

Enquanto isso no apartamento, os Corps da IHOME fizeram sua entrada, um grupo de 5 guardas, o que limitava sua ação era a estreita escada dos andares, Jaiden e Kaboklo se posicionaram em pontos de vantagem e assim que o primeiro inimigo chegou, eles abriram fogo, Jaiden passou pelo infortúnio de ter sua arma emperrada, Kaboklo aproveitou a oportunidade e atirou contra o alvo.

A luta continuou, aos poucos mais e mais Corps se reuniam no andar, preenchendo o pouco espaço, tiro após tiro as coisas iam se complicando,

Kaboklo foi derrubado, esse não por um movimento rápido com sua arma aquele poderia ser seu fim, felizmente quem caiu foi o Corp que agora com o braço quebrado e sem suas genitálias, explodidas por uma bala, permanecia no chão.

Para Mary a situação tinha se complicado, ela se escondeu em uma geladeira, esperando que os Corps desistissem da busca ou se afastassem o suficiente para que ela pudesse escapar, ela foi encontrada e por sorte os tiros não a pegaram, ela disparou contra o primeiro guarda, o fazendo sair do caminho, saltando para fora e, em um ato impensável, saltando da janela, a queda foi feia e a feriu, mas ela saiu viva.

Corps

No apartamento o próximo a quase encontrar seu fim foi Rico Rico, ele escorregou no sangue de um Corp e quase recebeu uma bala em sua cabeça, se não pela valentia de Bia Bichos que com um golpe derrubou e matou outro Corp.

No fim, os Corps receberam ordens para se retirar, deixando os moradores do prédio com uma pequena pilha de corpos para limpar, além de remendos e concertos pelo prédio.

Mary retornou ao apartamento, seus ferimentos não a impediram de subir as escadas, ela passou pelos outros, querendo ou não, existia pouca conexão entre as pessoas ali, ela sabia que no fim aquilo foi mais uma luta para sobreviver ao invés de uma cooperação amigável, no fim o que importou foi que ela sobreviveu, mas aquele lugar não poderia ser mais seguro, não com a chance dos Corps voltarem, ela então juntou suas coisas e saiu, em busca de um lugar um pouco menos visado pelas grandes empresas para continuar seus trabalhos.

O noticiário que nunca falhava em trazer as últimas atualizações, espalhou a história pelas mídias, enaltecendo os moradores que lutaram para defender seu lar, um exercício de democracia como foi chamado; belo, porém vago, logo os Corps voltariam com mais do que alguns carros, principalmente com a ajuda da Militech os fornecendo poder de fogo.

Agora estou sentada aqui, escrevendo esse relatório dos eventos de duas noites atrás, vez ou outra o jornal ainda cita o ocorrido esperando extrair o máximo de audiência possível, infelizmente isso também me trouxe certa atenção, não liguei

que falassem mal, apenas que estavam falando de mim, sabia que sair de lá era a melhor opção, principalmente caso aquele policial continue na minha cola. Estarei deletando as filmagens que consegui no apartamento quando retornei lá na noite seguinte, felizmente a porta de acesso as câmeras ainda estavam atrás da lixeira, esse relato é tudo que vou deixar sobre o ocorrido, uma lembrança para manter meu olho aberto no futuro, e talvez reconsiderar arrancar as taboas da janela ao invés de desistir e tentar uma rota quase suicida pela porta da frente.

— FIM -

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