A Torre

Leo Nunes
2 min readSep 26, 2017

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A Torre de Babel de Pieter Bruegel

Parei a uma tecla do meu objetivo. Foram meses dedicados a pesquisa, horas gastas em linhas e linhas de programação, códigos digitados em cinco linguagens diferentes. Tudo para esse momento. Apertei enter. Entrei na deepweb.

Aqui, nesse não-local, tudo é compartilhado, tudo é dividido. Não há mais limites para a informação. Gastei alguns minutos pulando de fórum a fórum. Desviei dos assuntos mais criminosos. Se acha de tudo, assassinos prontos para contratação, drogas mais-que-sintéticas, pornografias inomináveis.

Finalmente encontrei meu local. Toneladas de terabytes disponíveis, era a Torre. O maior fórum, base de tudo. Depois de todo esse processo ainda precisava passar pela última prova. Uma pequena senha impedia minha entrada. Seis dígitos espalhados por toda a internet mundial. Digito o código mítico e entro.

A Torre era a base de sustentação de todo esse sistema e agora meu plano começava a se desenrolar. Destruir tudo não seria fácil. Além de ter acesso aos servidores centrais, algo que acabei de fazer, precisava criar uma maneira de aniquilar para sempre qualquer vestígio de informação. Levei algum tempo para entender que o processo deveria ser outro, ao invés de destruir, transformar.

Criei um vírus autômato, incontrolável e voraz. Seu objetivo era simples, reconfigurar toda informação de forma a torná-la indecifrável, uma leve variação de uma criptografia simples. Chegou a hora. Programa instalado no servidor central. Em poucos minutos ele se espalhará. Primeiro a Torre entrará em colapso e depois toda a deepweb. Ela vai ruir e com ela todo o sistema.

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