Brahma Duplo Malte

Leopoldo Jereissati
Fala Man
Published in
3 min readJul 22, 2020

Inovação na Lata

“Ela é cremosa à terceira potência graças a uma retenção maior da proteína de malte do que a da cerveja tradicional (que o nosso conhecimento cervejeiro e os nossos processos de fabricação modernos nos permitiram conseguir). Um líquido dourado ouro, encorpado, e uma espuma resiliente, com uma receita especial que combina a refrescância do Malte Pilsner com o sabor do Malte Munich — ambos marcando no gosto mais do que o lúpulo. A embalagem é elegante, bordô, e me remete às memórias das melhores experiências que já tive, me fazendo sonhar em poder botar um chapéu de novo e seguir para Barretos…” Jean Jereissati; CEO Ambev em um email para equipe interna publicado no Brazilian Journal.

Tenho que confessar que to feliz de ter minha Brahminha de volta na geladeira. Por anos ela foi substituída aqui por outras grandes marcas internacionais, mas essa parece que faz parte da minha identidade. Eu adorava ir nos rodeios e nas festas que cercavam os eventos tipo a do Patrão em Barretos, Vaca Loca em Araçatuba, do Polo em Colina e assim por diante. Acabava o rodeio e a DJzada tocava até o sol raiar. Só de escrever essa frase já vem um comichão aqui dentro… vontade de levantar da cadeira, ligar pros amigos e puxar o carro interior a dentro.

A gente fazia de tudo naquela época. Bebia na bota por exemplo — Eu sei, nojento de pensar, mas era divertido. A reação de quem estava do lado era muito engraçada e pra piorar a bebida vinha servida na bota do amigo, que gentilmente a oferecia enquanto o outro ficava com alguém na festa. Ainda sinto “as notas do couro e do capim” na pinga de R$4,00 o copão com uma rodela de limão. Sobre a mulherada, elas reagiam de formas diferentes — umas corriam de nojo, outras tomavam mais do que tudo nóis juntos.

Também rolavam uns causos que marcaram pra vida. Uma vez em Jaguariúna, um amigo nosso com certo grau de miopia deixou cair uma de suas lentes no ralo do chuveiro no sítio e teve que ir para o rodeio de óculos. Coitadinho tava com a autoestima lá embaixo, tava pegando ninguém naquela noite. Eis que chega outro amigo perto dele e pergunta:

— Que que foi rapaz? Que é que está acontecendo?

— Uai, esse meu óculos aqui… tá acabando com a minha noite.

Eis então que ele tirou os óculos do amigo e colocou em seu rosto, entrou no meio de uma roda de meninas que estavam do lado e tascou um beijo na boca de umas duas delas. Voltou, entregou o óculos de volta pro rapaz e soltou:

— Ó, o problema não é o óculos não viu… Rsrs.

Tudo isso “em menos de minuto”, como dizia Milionário e José Rico.

Por alguma razão a gente comprava o camarote mas não saía da arena. Poder transitar por tudo era um barato. Espetinhos Mimi com farinha, milho verde na manteiga (ou manteiga no milho verde), jogos de argola valendo um ursão, uma bola plástica gigante, algodão doce verde e amarelo, frio, chapéu, paiêro, rolo. Todo mundo se perdia e magicamente se encontrava sem precisar do celular ou de location. Raramente um ficava para trás. Era um vai e vem desenfreado até achar o féla. Dá para dizer que esse combo Rodeio & Festa é o verdadeiro significado do Duplo Malte; um dos módulos do MBA da vida que nada vai substituir.

Como que pode tudo isso despertar assim do nada, apenas no contato com uma lata?

Valeu Ambev; pintô e bordô!

Ps: Rellus! #99

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