É o brazino?

Esses dias estava escutando rádio no carro e de repetente começou a tocar uma música com o seguinte refrão: “É o brazino, jogo da galera. Vem jogar brazino que é o jogo da galera.” Acho que 9 entre cada 10 pessoas sabem aonde escutaram essa música pela primeira vez. Mas o que mais me impressionou é que sim, ela estava tocando em uma estação de rádio como propaganda. E só pra situar, Brazino é um cassino on-line que tem app de apostas e tudo.

Esse tipo de jogo e outros como o do Tigrinho, Bets e afins se popularizaram muito rápido no Brasil. Chuto que um dos grandes influenciadores a jogar isto pra sociedade como um meio fácil de se ganhar dinheiro foi o Futebol; e logo em seguida os Realities Shows de TV. E como assim ninguém imaginou que as pessoas poderiam ficar viciadas na iminência de se prejudicarem financeiramente, a ponto de isto acabar se tornando um problema de saúde pública?

No Brasil, pessoas têm prejudicado suas contas financeiras por estarem apostando demais, universitários não têm conseguido pagar a mensalidade de suas faculdades e tem gente não conseguindo mais socializar porque não sai do celular por conta do vício em apostar.

Devo confessar que nunca fui de jogar nada. A última vez que tive algum “app de jogo” no celular foi em 2013. Na época, a moda do momento era ter um Pou pra cuidar e também tinha o Subway Surfers do garotinho que ficava pulando de trem em trem. Mas nunca usava aquilo como forma de ganhar dinheiro, era só um momento de passar o tempo mesmo. Aí semanas depois, desinstalei do celular e deixei pra lá porque nunca tive essa inclinação aos jogos (ótimo pra mim).

Saber que parte dessas pessoas que estão se rendendo a jogos de apostas online são mulheres, e que boa parte delas são chefes de família, me deixa reflexivo. Esse tipo de prática virou um meio de sobrevivência pra quem ganha pouco, não tem um emprego que por si só o sustente e ainda por cima tem a questão do vício também. O pobre só se lasca mesmo.

Essa realidade é preocupante e me faz pensar sobre como a vulnerabilidade financeira das pessoas tem sido explorada. O acesso facilitado, porque hoje em dia todo mundo tem um celular com internet, e a falta de uma regulamentação mais rigorosa sobre o impacto dessas práticas só piora a situação. Ontem eram jogos de azar, hoje são apostas online. É o brazino, né, galera?