Leticia Reis
3 min readNov 9, 2024

Um domingo chuvoso no Brasil, uma Mclaren branca e vermelha, a bandeira brasileira estendida, Lewis Hamilton leva o autódromo de Interlagos inteiro a lágrimas

Foto: Reprodção

O GP do Brasil é sempre o mais esperado, uma das melhores corridas do ano e esse ano ainda tinha o fator Senna, com as várias homenagens que teria.

No início da semana, fomos surpreendidos com a vinda de Sebastian Vettel para o país, mas o que ele veio fazer aqui? Era a pergunta do momento, um piloto aposentado que se preocupa com questões ambientais, simplesmente apareceu na floresta Amazônica, foi ver de perto a nossa natureza. Desembarcou em São Paulo para participar de um projeto de reciclagem em homenagem a Senna, fazendo seu capacete enorme com materiais recicláveis, vídeos do alemão dentro de caçambas de lixo e quando iríamos imaginar ver Sebastian Vettel dentro do lixo em São Paulo? Mais uma homenagem vinda de Vettel que já tinha realizado algo em Ímola, percebemos o quão grande é sua admiração por Ayrton.

Faltando quatro corridas para o fim do campeonato, Max Verstappen vence o GP de Interlagos. Depois de 11 corridas sem vencer, o hino da Holanda é tocado no topo do pódio, em uma corrida de recuperação magnífica largando de P17. Um final de semana inesperado, que teve início naquele primeiro de maio de 1994 quando o Brasil e o mundo perderam alguém muito importante, um símbolo icônico que inspirou tantas pessoas, Ayrton Senna. Um final de semana que teve reclamações de torcedores, filas quilométricas, uma torcida Argentina apaixonada e imensa, no fim tudo isso ficou em segundo plano.

Às 10h da manhã de domingo o autódromo de Interlagos fica em silêncio total e só se escuta o ronco do motor Honda V10 da McLaren vermelha e branca guiada por Lewis Hamilton.

Olhava para o lado e via-se homens de mais de 40 anos chorando, mulheres, jovens que nunca o viram correr, emocionados com Lewis honrando a memória de seu ídolo. Com a narração icônica de Galvão, a música símbolo do momento, Tema da vitória, ecoando no fundo do autódromo, ele sai do carro emocionado, olhos marejados, dizendo que esperava que Senna estivesse orgulhoso dele.

Uma coisa que Hamilton vem mostrando é seu desejo de ajudar o próximo, como Ayrton uma vez disse “melhorar como pessoa, tenho muita coisa para dá e tenho ainda muita coisa boa para sair de dentro de mim e dividir com toda essa gente”, sim Lewis, você orgulha Senna.

Após 30 anos da morte do piloto, a cena de Ayrton se repetiu, de como ele ganhou em Interlagos e estendeu o braço com a bandeira do Brasil. Quem assistiu a este momento, sentiu sua energia, do ídolo do povo brasileiro.

A chuva veio e chamou o Beco, seu espírito estava presente ali, pessoas que viram o tricampeão e pessoas que só ouviram falar, todos emocionados. Os mais jovens puderam sentir o que os nossos pais e avós sentiam quando assistiam todo domingo de manhã, Senna fazer história na chuva e erguer aquela bandeira verde, amarela e azul.

Homenagens para Senna nunca serão o suficiente para demonstrar e agradecer o impacto que ele teve na vida das pessoas, de toda uma nação. Não há quem não se emocione, impossível não se sensibilizar com o que vimos em Interlagos, seja do sofá ou da arquibancada.

Um final de semana que ficará marcado para sempre na memória, dos espectadores, dos pilotos e principalmente na de Hamilton. Quem diria que com quase 40 anos de idade estaria realizando um sonho de criança?

A energia em Interlagos é diferente, não há rivalidade, nem desarmonia, todos se juntam para gritar “olê olê olá Senna Senna”, Ayrton reunia o povo brasileiro e hoje não é diferente.

Para sempre Senna!

Leticia Reis
Leticia Reis

Written by Leticia Reis

Jornalista esportiva em formação | Notícias e análises esportivas

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