Alan Wake — Level Secreto #79 (Transcrição)

Autor: Erick Oliveira

Level Secreto
4 min readAug 18, 2023

Alan Wake foi lançado em maio de 2010 para Xbox 360. Dois anos depois chegou ao PC, e a partir de 2021 foi lançada uma versão remasterizada para diversas plataformas. Na história, o jogador assume o papel do escritor best-seller de ficção Alan Wake, ele está sofrendo um bloqueio criativo que já dura uns 2 anos. Pela indicação de amigos, Alan e sua esposa Alice viajam para a pequena cidade de Bright Falls, no intuito de passar umas férias.

Antes de sua chegada a cidade, algumas coisas estranhas já começam acontecer, como um pesadelo que Alan tem, tratando-se de um tutorial da gameplay do jogo. Nesse trecho, figuras sombrias tentam mata-lo, e atirando não é possível derrota-los. Quando o jogador direciona a luz de uma lanterna para os inimigos, eles vão perdendo meio que uma proteção dessa sombra que os envolve. A partir daí é possível derrota-los com a arma.

A lanterna é essencial na gameplay, portanto, é preciso recarrega-las, com as baterias funcionando como recursos espelhados pelos cenários. Esse tipo de combate permanece até o fim de jogo, Alan Wake vai apresentando situações diferentes, com os inimigos variando de tamanho, velocidade e as armas que possuem.

Depois desse pesadelo, Alan acorda e junto de Alice chegam a Bright Falls. Numa lanchonete acontece um outro momento estranho, do Alan se encontrando com uma senhora misteriosa num corredor escuro no caminho do banheiro, ela lhe dá a chave de sua estadia.

O lugar que Alan e Alice ficarão é afastado da pequena cidade, uma cabana no lago, em uma cratera vulcânica. O casal em determinando momento entra em uma discussão, o Alan sai furioso da cabana, mas ouve gritos de Alice, e quando retorna, nota que ela foi puxada por uma força misteriosa do lago. Alan pula na água para salvá-la, mas acaba desmaiando.

Ele acorda em seu carro, que sofreu um acidente. Após o personagem andar pela região percebe que o que presenciou em seu pesadelo, de se deparar com as figuras sombrias, é na verdade, algo real.

Enquanto Alan tenta desvendar o sumiço de sua esposa, vai vivenciando os eventos de seu último romance ganhando vida, o detalhe é que ele não lembra de ter escrito essa obra. O jogador pode coletar as páginas desse manuscrito que estão espalhadas pelo jogo, fora de uma ordem cronológica. Essas páginas servem como dicas de cenas que não ocorreram, dando instruções para o jogador em seus próximos desafios.

Em sua estrutura, a história de Alan Wake vai seguindo como uma série de TV, cada capítulo do jogo como um episódio. Nisso, são utilizadas as linguagens características das narrativas desse meio, como o início com a recapitulação do episódio anterior, e o final com uma reviravolta, um gancho para o próximo episódio. Encerrando com uma música diferente para cada capítulo do jogo.

E foi um desses momentos que o jogo clicou comigo, no fim do episódio 4, quando toca a música The Poet And The Muse, que além de ser muito boa, a letra tem uma relação direta com o que acontece no jogo.

Quem desenvolveu o Alan Wake foi o estúdio Remedy, que até 2010 era reconhecido pelos dois títulos Max Payne. Ao invés de seguirem com um jogo de ação com personagem adequado para essa abordagem, um policial, o Alan é um escritor que acaba entrando na sua história, algo bastante inspirado pelas obras do Stephen King. Outra referência evidente de Alan Wake é o David Lynch, em especial a série Twin Peaks. O jogo se passa uma cidade pequena, há personagens com comportamentos estranhos, e, principalmente, o tipo de mistério que ronda toda a trama.

Apesar do fator suspense, até partindo para o terror em certas ocasiões, o jogo não é um survival horror, isso nas palavras de seus desenvolvedores.

A Remedy contou com a ajuda da Microsoft no desenvolvimento do projeto em troca dele lançar exclusivamente no Xbox 360. Alan Wake antes seria uma exploração aberta por Bright Falls e teria esse fator de sobrevivência em meio ao terror. A coleta de recursos seria algo mais essencial do que acabou sendo no jogo final de 2010.

Alan Wake tem seu suspense e momentos tensos, mas a jogabilidade em si é voltada mais para ação, a sua progressão é bem direta na montagem da trama como uma série de TV. Como falei antes, o combate permanece o mesmo do início ao fim, alterando o contexto das situações, e felizmente, na minha percepção, quando essa dinâmica começa a cansar, o jogo já acaba. Deixando ainda mais dúvidas a serem respondidas.

A Remedy queria dar logo uma sequência a essa trama, mas a Microsoft tinha outros interesses. Na época que Xbox One foi lançado em 2013, ele tinha essa proposta do console alinhar mídias diferentes, especialmente a TV com o videogame. E com essa bem-sucedida narrativa que o Alan Wake apresentou, o próximo projeto iria ser ainda mais ambicioso nesse aspecto. Então, em 2016 foi lançado o Quantum Break, com essa mentalidade inicial do Xbox One, e, apesar de ter tido seu sucesso, é o jogo menos querido e lembrado que a Remedy fez. Nesse mesmo ano, o estúdio se desvencilhou da Microsoft e em 2019 lançou o Control, que já falei aqui nesse podcast.

Este título, com suas DLCs, acabou expandido o que havia sido introduzido em Alan Wake, apresentando um universo muito particular, bizarro e que ainda continha mistérios a serem resolvidos.

E em 2020, quando a Remedy voltou a ter os direitos de Alan Wake, que estavam com a Microsoft, o estúdio pode finalmente tornar real a sua sequência e talvez, o começo de algumas respostas aguardadas há tanto tempo pelos fãs.

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Level Secreto

Transcrições dos episódios do podcast Level Secreto.