Metro Exodus — Level Secreto #83 (Transcrição)

Autor: Erick Oliveira

Level Secreto
5 min readOct 13, 2023

Metro Exodus foi lançado em fevereiro de 2019 para PC, Playstation 4 e Xbox One. A série é uma adaptação dos livros do escritor russo Dmitry Glukhovsky. Aqui no caso de Exodus, o jogo se passa depois de todas as obras originais lançadas até então, algo diferente do Metro 2033 e Last Light.

O protagonista continua sendo Artyom. Após os eventos do jogo anterior, o personagem fica de saco cheio das constantes lutas que acontecem nas sociedades que habitam no metrô. Ele fica obcecado em provar que existem outros sobreviventes fora de Moscou e faz inúmeras expedições perigosas à superfície, para grande preocupação de sua esposa Anna e irritação de seu ex-comandante Miller.

Artyom, em um dessas expedições com Anna, acaba vendo um trem funcionando na superfície, e antes que pudessem segui-lo, são capturados por uma facção local, colocados junto de pessoas que afirmam ser de fora de Moscou, que depois acabam sendo mortos. Artyom sobreviveu ao ser baleado e busca em seguida se infiltrar na base dessa facção para resgatar Anna, que havia sido levada.

No meio dessa tarefa e tendo sucesso em resgatar a esposa, Artyom em confronto com um soldado inimigo, acaba acidentalmente destruindo um bloqueador de sinal, um aparato que tinha a função de impedir a entrada e saída de sinais de comunicação de Moscou. Com isso, é descoberto sinais de rádio de pontos diferentes do mundo, o casal descobre que a humanidade não está extinta, algo que foi amplamente difundido aquela sociedade do metrô de Moscou.

Artyom e Anna, contam com a ajuda de um maquinista desertor dessa facção e roubam o trem Aurora. No processo de fuga, membros da ordem espartana embarcam também no trem, dentre eles Miller já citado, que inclusive é o pai de Anna e sogro do Artyom.

Por ser muito perigoso voltar a Moscou, a partir de então não havia o que fazer, a recém-formada tripulação do Aurora partiria em busca de um novo lar, viajando através pela ferrovia transiberiana, atravessando o país.

O enredo de Metro Exodus é divido em capítulos como nos jogos anteriores, porém, algumas seções são em mundo aberto, locais que o trem para e Artyom pode explorar toda uma região, cumprindo as missões principais e outros pontos de interesse. A história se passa ao longo de estações do ano, então cada uma dessas áreas abertas representa uma estação.

Como os desenvolvedores do estúdio 4A Games haviam trabalhado no S.T.A.L.K.E.R Shadow Of Chernobyl, decidiram aqui combinar essa experiência mais linear dos Metro anteriores com algo mais aberto que vem do S.T.A.L.K.E.R. Portanto, existe essa alternância entre seções bem abertas e outras mais direcionadas.

Nesses capítulos com área livre para exploração, há um ciclo de dia e noite, além de mudanças meteorológicas, algumas delas demonstram o quão impressionante são os gráficos desse jogo. Metro Exodus é um dos títulos de visual fotorrealistas mais bonitos que já joguei, toda aquela atmosfera brilhante de explorar o subsolo ainda existe, só que isso é expandido a uma variedade de ambientações externas, que acaba se distanciando da neve constante e ruínas de prédios.

Ainda está presente todo fator diegético da série, do lance de estar de máscara e limpar a sujeira com as mãos, precisar trocar os filtros de oxigênio. Tem aqueles momentos de estar no subterrâneo, acender o isqueiro para iluminar melhor o lugar e ir queimando as teias de aranha no caminho, é toda uma sensação de imersão muito bem construída.

Em Metro Exodus, como algumas regiões não há tanta radiação no ar, não é necessário que Artyom e a tripulação da Aurora estejam constantemente de máscara. E vou aproveitar para falar um lance que me perde um pouco nesse jogo, que o capítulo do deserto. Não sei que acontece, mas é um trecho que não me engaja tanto, a minha suposição é que sinto estar jogando um outro jogo e não um Metro. Tanto é que nos trechos de explorar subsolo, sinto que realmente estou investido, e é que volta a ocorrer nos outros capítulos de Metro Exodus.

Portanto, essa tentativa de trazer algo novo, ao mesmo tempo que me dá uma sensação de S.T.A.L.K.E.R, na primeira área aberta do jogo, quando vai para uma ambientação bem diferente do convencional, acaba me perdendo. É um risco que se tem, mas, prefiro terem arriscado do que terem feito um Metro semelhante aos outros dois.

Como o Exodus se passa fora de Moscou, não existe mais aquele esquema de usar munição como moeda. Aqui há apenas dois tipos de recursos: materiais e produtos químicos. Eles auxiliam o sistema de crafting e de restauração de armas e equipamentos. Explorando os ambientes e também saqueando inimigos, o jogador obtêm novos acessórios e partes de armas, que influenciam o fator customização do jogo.

Na parte de exploração, Metro Exodus utiliza de meios de diegéticos para fazer o jogador ter um contato mais imersivo, digamos, com o ambiente que está em contato. O Artyom olha o mapa de papel em tempo real, e possui, inicialmente, apenas a sua posição. Quando o jogador utiliza o binóculo para olhar pontos que lhe chama atenção, o personagem vai marcar no mapa esses locais. A única coisa que o jogo determina são os objetivos principais mesmo, que vão mover o enredo adiante.

Metro Exodus entrega muito uma sensação do jogador construir sua jornada naquele mundo, tanto na sua busca de descobrir mais daquela região quanto na necessidade de coletar recursos. Nisso, o jogo apresenta situações diversas com grupos hostis de cada lugar e também da ameaça de mutantes. Apesar de alguns problemas de inteligência artificial, há situações que aparentam serem emergentes, que surgiram de forma espontânea. Existe um real sentimento de interpretar o papel de um coletor de recursos em busca de sua sobrevivência num cenário pós-apocalíptico.

A temática de Metro Exodus abdica de um fator sobrenatural que havia nos dois anteriores, representado pela raça dos Dark Ones. O enredo aqui é muito direcionado nessa busca de um novo lar, da descoberta de como outras regiões do mundo lidaram com esse apocalipse nuclear. O problema é lidar com NPCs, seja companheiros ou inimigos. A narrativa de Metro Exodus peca na falta de vínculo com as personagens. Os diálogos parecem meros acontecimentos vagos, isso faz com que a tripulação do Aurora sejam apenas bonecos de suporte e nos impede de comprar situações e dilemas que poderiam ser mais tocantes.

Metro Exodus poderia ser jogo mais bem resolvido no que se propõe, mas, não há como negar que é um dos títulos mais imersivos já feitos. A série continua sendo uma referência em como construir uma ambientação verossímil, de como colocar o jogador no papel de buscar sobreviver em um cenário hostil, rodeado de perigos dos mais diversos.

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Transcrições dos episódios do podcast Level Secreto.