Metroid Fusion — Level Secreto #63

Roteiro: Erick Oliveira

Level Secreto
5 min readJul 27, 2022

Metroid Fusion foi lançado em novembro de 2002 para o Game Boy Advance. Por muito tempo, mais precisamente, por dezenove anos, foi o último jogo da história principal da série, isso até o lançamento do Metroid Dread em 2021.

Por falar em intervalo grande de jogos dentro dessa franquia, o Fusion é o título que lançou após o Super Metroid, com uma distância de 8 anos separando os dois. Realmente Metroid tem uma quantidade menor de lançamentos que as outras séries da Nintendo, em 2002 ao menos também teve o Metroid Prime ali perto.

Enfim, seguindo o Fusion. A Samus está escoltando um grupo de pesquisa que está no planeta SR388, o qual se passou o segundo título da franquia, que era o lar dos Metroids, era, porque a Samus aniquilou quase que toda a espécie nesse jogo.

A Samus com esses pesquisadores encontra uma criatura, que ela derrota facilmente. No entanto, surge desse inimigo um organismo amarelo e entra no corpo de Samus. Ela, de início, não sente efeitos, mas, após concluir sua missão, já na sua nave, acaba perdendo a consciência e colide com cinturão de asteroides.

Graças ao sistema de segurança, a Samus foi ejetada em uma cápsula e ela conseguiu ser atendida por uma equipe médica. Aí que se descobre que ela foi infectada por um organismo parasita que foi chamado de X. A equipe médica removeu partes da armadura de Samus, mas o parasita em si não poderia ser retirado de seu sistema nervoso central.

A única forma de lidar com o parasita X é um metroid, mas como já havia dito, eles haviam sido exterminados. No final do segundo jogo, a Samus levou consigo um bebê metroid, e, aparentemente, os cientistas da Federação Galática conseguiram preservar suas células. Então, mesmo diante da morte dessa criatura no Super Metroid, a partir dessas células coletadas, os médicos conseguiram desenvolver uma vacina, removendo o X do corpo de Samus.

O Metroid Fusion, e depois nos mangás que foram lançados nos dois anos seguintes, colocaram o Parasita X como um grande vilão, uma ponta que ligaria o começo da história da Samus, antes do primeiro jogo até o Fusion que até então era o último. Os Chozos já observavam que a grande ameaça nesse universo conhecido da série não eram os piratas espaciais, e sim um organismo que vivia no planeta SR388 e parasitava os outros seres vivos, capazes que copiá-los. Um perigo catastrófico se via no horizonte e por isso que os metroids, que são seres artificiais, foram criadores, para servirem de predadores para conter a multiplicação desse parasita X.

Diante desse desconhecimento do papel dos metroids no ecossistema de SR388, somado ao uso dessas criaturas como armas nas mãos dos piratas espaciais, que essa tarefa de Samus no segundo jogo da série era de fundamental importância para evitar novos perigos. Com os metroids fora de cena, os parasitas x voltaram a dar sinais de vida e desencadearam os eventos de Fusion.

Bem, depois de se recuperar, a Samus adquire uma nova armadura, e também uma nova nave. A partir daí, ela tem uma nova missão que é investigar uma explosão que ocorreu a estação de pesquisa da BSL, uma sigla para Biologic Space Lab. Nesse lugar estão presentes espécies do planeta SR388, e quando Samus chega lá, percebe que o parasita X infectou toda a estação e quase todas as formas de vida.

A nova nave de Samus possui uma inteligência artificial que também se comunica com ela nas salas de navegação presentes na estação de pesquisa. Essa inteligência artificial é chamada de ADAM, nome do antigo comandante de Samus, e ela é quem fornece as orientações para que o jogador progrida no jogo.

Aí já fica claro que o Metroid Fusion é um jogo mais linear, um dos mais lineares da franquia, se não o mais. O mapa do jogo é bastante segmentado, há o Deck principal, a primeira área acessada do jogo e partir dela o jogador pode ir a seis setores, que vão sendo liberados de um em um conforme a história avança, podendo alguns deles serem revisados, seguindo a própria trama ou do que o jogador decidir explorar.

Quando a Samus chega a um setor, o jogador entra em uma sala de navegação onde o ADAM orienta sobre o que ela deve fazer em tal lugar. Enquanto se avança em Metroid Fusion, a ameaça do parasita X fica mais intensa, sobretudo na figura da SA-X. Se lembram quando falei que os médicos retiram partes da armadura de Samus? Pois é, eles estavam infectados e acabaram por criar um clone da protagonista. A Samus depois de ter sido infectada, perdeu suas habilidades, mas o seu clone continua com todas que tinha. Esse poder faz com não haja condição alguma de um confronto com SA-X.

Metroid Fusion é o jogo mais tenso da série, ele não entrega apenas da atmosfera de estar em um ambiente misterioso e hostil no espaço, mas constrói segmentos de tensão no nível mais discreto até os mais intensos, o mais simbólico dos momentos são as perseguições da SA-X. Tudo isso foi num Game Boy Advance, um jogo em 2D e da Nintendo.

Por falar no console, curiosamente o menor número de botões comparado ao controle do Super Nintendo ajudou a aprimorar o gameplay, tanto no Metroid Fusion quanto sobretudo no Zero Mission, dois anos depois, no mesmo Game Boy Advance.

Há alguns elementos de gameplay aqui no Fusion que subvertem alguns padrões comuns da série Metroid. Havia dito da vacina feita a partir da célula do metroid para salvar a vida da Samus não é? Pois bem, ela pode absorver os parasitas X. Quando o jogador derrota um inimigo, sai um organismo amarelo ou verde e tendem a ser atraídos pela Samus. O parasita amarelo recupera a vida e o verde a munição dos mísseis.

Outra mudança de padrão é na hora de adquirir novas habilidades, algumas são adquiridas em salas específicas como de costume, mas outras são coletadas após derrotar um chefe, que no seu comportamento já demonstra a que habilidade da Samus é correspondente. Quando um chefe é derrotado a luta não acaba, surge uma versão maior e mais desenvolvida do parasita X, e quando este é derrotado a Samus o absorve e garante essa nova habilidade. Essas lutas extras são repetidas com uma variação ou outra.

Uma coisa diferente que acontece em Metroid Fusion é as permissões para Samus abrir portas de cores diferentes. É comum na série o míssil abrir as portas vermelhas, o super míssil abrir as verdes, a power bomb abrir as amarelas. Aqui não, há salas específicas que é como se o jogador adquire chaves para abrir cadeados de cores diferentes.

Na época, já havia essa queixa a respeito da maior linearidade do Metroid Fusion comparado, principalmente, com o Super Metroid. Mas, era inegável a qualidade das coisas que fazia e do quão particular era uma experiência Metroid, agora acrescida de um fator de tensão maior. A linearidade do Fusion acompanha o cuidado em construir sua narrativa, menos vaga que os anteriores. É o jogo que chamou a atenção dos jogadores diante da presença de uma história nesse mundo que a Samus vive, uma cadeia de acontecimentos por detrás das aventuras da caçadora de recompensas. Além de desenvolvê-la melhor como personagem, explicitado nos momentos de seus monólogos.

Metroid Fusion é um título que demonstra que é possível construir uma experiência por onde podemos sentir sensações diversas, mesmo diante das limitações de ser um portátil, do que se esperaria de jogos com uma tela menor. Mesmo 20 anos depois de seu lançamento, ainda é um título bastante recomendado pela sua qualidade visual, gameplay agradável, exploração mesmo que menor comparado ao Super Metroid em especial, e fora todos os momentos memoráveis de tensão que o tornaram tão única essa aventura em particular da Samus.

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Transcrições dos episódios do podcast Level Secreto.