The Legend Of Zelda: Ocarina Of Time — Level Secreto #75 (Transcrição)

Autor: Erick Oliveira

Level Secreto
7 min readJun 24, 2023

The Legend Of Zelda Ocarina Of Time foi lançado em novembro de 1998 para o Nintendo 64. Assim como as outras franquias da empresa, The Legend Of Zelda passaria por uma transformação para um jogo em três dimensões, o resultado disso é uma das obras mais cultuadas que temos até hoje nos videogames, que influenciou bastantes títulos e é comum vê-lo sendo considerado como o melhor jogo de todos os tempos.

O desenvolvimento de Ocarina Of Time parece ter sido um desafio ingrato, sobretudo devido a capacidade limitada de armazenamento da mídia em cartucho do Nintendo 64, diante da proposta de uma grande aventura que o jogo sempre teve. O lançamento do Ocarina of Time foi planejado para ser no Nintendo 64DD, um periférico que logo se mostrou um fracasso. O título chegou a ser cogitado em primeira pessoa, do escopo se concentrar apenas no castelo de Hyrule, do Link o explorando assim como o esquema de Super Mario 64. Nessa dúvida de transpor uma franquia clássica para uma nova perspectiva, esse The Legend Of Zelda podia ter sido várias coisas.

Mesmo com uma ótima referência como Super Mario 64, um dos desafios de Ocarina Of Time também foi como elaborar as câmeras em um ambiente em 3D, ainda que trabalhando em uma engine já familiar. Diante disso, surgiu um dos elementos principais do combate desse Zelda que é travar a visão num inimigo selecionado, algo que tá presente até hoje nos jogos de ação e aventura em terceira pessoa.

Além da questão tecnológica, o Ocarina Of Time se tornou um eixo de equilíbrio em todo esse universo confuso de The Legend Of Zelda, ele consolidou elementos a essa mitologia. As consequências de seus eventos criaram três linhas do tempo que serviram para contextualizar outros jogos nessa teia de informações da franquia.

Na história do Ocarina Of Time, o Link cresce em numa vila dos Kokiri, uma raça que são meio crianças da floresta com orelhas pontudas. A grande árvore Deku envia uma fada, Navi, para acordar o nosso herói. Essa entidade informa sobre a ameaça de Ganondorf, um homem perverso do deserto que pretende dominar o mundo, e atribui a Link a tarefa de impedi-lo. A grande árvore morre e o Link parte na sua jornada, o primeiro ponto é avisar sobre esse perigo a princesa de Hyrule, que é a Zelda, que já havia tido um sonho que previa essa ameaça.

Nessa primeira parte de Ocarina Of Time, o jogador precisa conseguir três pedras espirituais em dungeons diferentes, uma delas é a grande árvore Deku, a primeira que o Link consegue. Essas pedras serviriam como chaves para abrir a passagem ao reino sagrado, obtendo a Triforce antes Ganondorf.

Durante o jogo, porém, ao cumprir esse objetivo e retornar ao castelo, Link vê a princesa Zelda escapando do vilão, uma cena parecida com o sonho que ele teve lá no iniciozinho de antes da Navi acordá-lo.

A Zelda joga a “Ocarina Of Time” no fosso que cerca o castelo. Link consegue esse objeto que, para quem não sabe, é um instrumento musical de sopro. Nosso herói chega no templo do tempo, toca a “Song a Time” na ocarina, utiliza as três pedras espirituais e passa a ter acesso a espada sagrada “Master Sword”, arma lendária capaz de deter todo mal. Mas, ao empunhar a espada, o Link fica preso no reino sagrado, por sete anos.

A verdade é que o Ganondorf já havia antecipado os planos da Zelda e do Link, o que ele fez foi aproveitar que o reino sagrado estava aberto para ter o contato com a Triforce. No Ocarina Of Time foi introduzido um conceito de que, se a pessoa que tocasse nesses triângulos sagrados não tivesse poder, sabedoria e coragem em harmonia na sua personalidade e intenções, a Triforce se partiria em três pedaços.

Diante da índole maligna de Ganondorf, a terra de Hyrule se torna assombrada por monstros e ele se auto declara rei. Quando o Link é despertado após 7 anos, já adulto, ele se depara com essa nova realidade. A segunda e maior parte Ocarina Of Time é o Link se aventurando em dungeons para despertar os seis sábios, para assim conseguirem uma forma de derrotar o vilão.

Fui até um pouco além para explicar o resumo dessa história, mas é nessa mudança de tempo em que o título do jogo fica evidente. Ocarina Of Time também estabelece um componente bastante importante na franquia, que é do jogador poder executar músicas, a partir de uma sequência inicial de botões. As musicas tocadas pelo Link tem efeitos diferentes no jogo, além de poderem transportar o personagem em pontos específicos do mundo.

Ocarina Of Time definiu o modelo de personagem do Link, que até então não era loiro, assim como estabeleceu o próprio visual da princesa Zelda. Fora isso, introduziu o Ganondorf em si, sua forma humana, que até então era aquele ser bestial, conhecido como Ganon. O Ocarina of Time marca a ascensão de poder deste vilão.

Outro elemento importante foi a consolidação de algumas raças, por exemplo, os Zora, que são o povo peixe, receberam esse design de figuras esguias azuladas que vemos até hoje. Até então, eles não tinham um visual definido.

Sobre a gameplay, havia falado na mira automática dos inimigos, que influencia não só na ação de atacar com espada e defender com escudo, mas da utilização de itens de lançamento de projéteis como estilingue, arco e flecha, bombas e magias. O jogador pode equipar três itens que são utilizados ao apertar os botões correspondentes. Ainda que o Nintendo 64 tenha um controle complicado e o Ocarina Of Time seja um jogo em que o Link execute múltiplos verbos, o botão “A” serve a um propósito de input contextual. De acordo com a situação, o jogador apertando esse botão faz com que o Link tenha uma ação diferente.

Uma novidade de Ocarina Of Time, que também se tornou marca da franquia, é o Link andar a cavalo, apresentado aos jogadores a égua Epona, que viria a ser recorrente em futuros títulos.

Nessa mudança para uma perspectiva em 3D, com a introdução de vários elementos de uma vez, a progressão em si da aventura não diferente muito do que era comum na série. Quando falei do enredo, citei as dungeons e são elas, justamente, os pontos em que o jogo avança.

Nessas partes, o Link, além de enfrentar os inimigos, precisa solucionar puzzles característicos do lugar, que se relacionam com item que o jogador pega nesse local e acaba alterando um pouco a gameplay base. Alguns itens mais e outros menos influenciam a maneira de se locomover nos espaços. No fim de cada dungeon, o Link enfrenta um chefe, e no decorrer da exploração também é possível encontrar subchefes.

Ocarina Of Time, apesar de ser um jogo brilhante, tem seus pontos baixos. Há uns mais específicos como o Templo da Água, que conta com uma complexidade chata, do jogador ter que pausar para colocar as botas de ferro para o Link afundar em certos momentos, pausar novamente e tirar as botas de ferro para voltar a superfície da água. Esse trecho do jogo é tão marcante negativamente, que acabou influenciando os controles do remake para o 3DS, lançado em 2011.

Mas uma grande dor de cabeça que ia do início ao fim de Ocarina Of Time era a Navi, a fadinha que vivia falando com Link. Ela sempre parava o jogo para ter que explicar alguma coisa.

Acho importante falar desses elementos contraditórios para ilustrar que um jogo tão genial como esse não está livre de defeitos, e ele pode muito bem, ainda assim, ser considerado o melhor jogo já feito para muitos.

Tanto é que, no meu caso pessoal, considerei por um bom tempo o Castlevania Symphony Of The Night como meu jogo favorito da vida e estava ciente das suas imperfeições. Isso vale também para Hollow Knight, que atualmente é o meu preferido, e esse pensamento se estende para qualquer outro título especial para mim.

O importante é salientar, mais uma vez, que uma obra, no caso aqui na mídia dos videogames, não é a soma das suas partes. O Ocarina Of Time pode não parecer tão atraente hoje em dia para algumas pessoas. A versão do 3DS pode ser mais recomendável, porém, o que persiste de especial e predominante no sentimento de jogar este título é de se aventurar num mundo vasto e cheio de segredos. Nos sentimos heróis através do Link em uma jornada cheio de desafios, encarando todas as ações que fazemos carregadas de algum propósito.

É fundamental entender a importância desse jogo, o que ele influenciou os videogames dali em diante. Ocarina of Time vendeu mais de 7,5 milhões de cópias ao longo de sua vida e foi o jogo mais vendido em 1998. Para quem sabe, esse é considerado uns dos, ou até mesmo o ano mais importante da história dos videogames, com jogos muito bons e que foram tão impactantes quanto esse The Legend Of Zelda.

Ter esse sucesso comercial e de público num console como Nintendo 64, que estava bem abaixo do Playstation 1 nessa geração, é um grande feito e mostra que essa obra rompeu barreiras. Eu que joguei quando criança, um pouco depois quando lançou, posso considerar o Ocarina Of Time um dos jogos que, sem dúvida, foi um dos responsáveis por me ensinar a amar os videogames, a ver seus potenciais e me desenvolver enquanto jogador. Tenho um carinho enorme por essa aventura do Link, algo que vou carregar para sempre.

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Transcrições dos episódios do podcast Level Secreto.