O texto abaixo foi escrito com base em informações de sites, postagens em redes sociais e a experiência do querido Eduardo [@ _eduardostrange (twitter e instagram)].

Para começar, é preciso saber que pessoas cegas e de baixa-visão utilizam o leitor de tela para acessarem computadores, celulares e afins. Estes leitores reconhecem o texto e transformam-no em fala, tal qual, por exemplo, o dispositivo de voz do Google Tradutor.

No entanto, quando o leitor de tela se depara com uma imagem, apesar de saber que aquilo é uma imagem, ele não sabe dizer seu conteúdo.

O texto alternativo é uma função de acessibilidade. Utilizando-a, você cria uma descrição da imagem a ser postada para que quem utiliza o leitor de tela possa ter noção do seu conteúdo.

Mesmo quando a imagem contém um texto, o software do leitor de tela não consegue detectá-lo. Ou seja, independente de a imagem ser uma foto do seu bichinho, um meme ou um encarte explicativo sobre neolinguagem, em nenhum dos casos ela será reconhecida sem a descrição.

“Mas ninguém que me segue utiliza o leitor de tela, preciso adicionar descrição às minhas imagens?”

Na verdade, sim.

Você já deve ter visto algum post aparecer na sua timeline porque alguém que você segue curtiu, compartilhou ou comentou, certo?

Pois isto acontece com as suas postagens também. Pessoas que não te seguem podem acabar se deparando com a foto que você postou, e é importante que a foto seja acessível a todes.

Além disso, o fato de o seu perfil não ser acessível possivelmente influencia no motivo de nenhuma pcd visual te seguir ou acompanhar.

“É apenas um print de uma conversa entre mis amigues”

Se você acha o print digno o suficiente para postar no seu perfil para que outras pessoas vejam, por que não torná-lo acessível? Por que apenas determinadas pessoas podem ter ciência do seu conteúdo?

Agora que já foi brevemente discutido o porquê da necessidade de descrever imagens, a principal questão é: como fazê-lo?

Primeiro de tudo: descreva o que você consegue ver na imagem, sendo objetivo e procurando deixar claro sem tornar cansativo.

1. Mencione o tipo de imagem

É de extrema importância que a pessoa a utilizar o leitor de tela saiba que tipo de imagem você está postando. É uma foto? Uma ilustração? Uma tirinha? Deixe isso sempre claro.

2. Descreva as características notáveis da imagem

Descreva o que é possível perceber ao olhar para a imagem. Por exemplo, em uma foto sua, o básico não pode faltar: a cor de sua pele, seus traços, seu cabelo, sua roupa, o fundo da imagem. São coisas essenciais para dar uma visualização da imagem.

3. Então dê os detalhes de acordo com o que for preciso

Por exemplo, no caso de uma selfie com a legenda “olha que espinha horrível”, é importante pontuar na descrição onde a espinha está localizada, pois é o que está em foco na postagem.

4. Descreva as cores

Nem todas as pessoas cegas ou com deficiência visual nasceram sem enxergar e, além disso, as cores são importantes estímulos na sociedade. Vou deixar aqui um trecho do texto do Sidney Andrade.

Ao descrever uma foto de casamento, na qual culturalmente esperamos que o vestido da noiva seja branco, a quebra de expectativa se o vestido da noiva for vermelho será tão significativa pra quem enxerga quanto pra quem não enxerga. […] Dizer que a folha é verde significa algo totalmente diferente de dizer que a pele de alguém está verde. Cores carregam sentidos diferentes em contextos diferentes, e isso é importante para as descrições.

5. Gifs

Da mesma forma das imagens, é necessário pontuar as características notáveis e importantes, tendo a adição do movimento do gif.

6. Vídeos

Ao compartilhar um vídeo também se deve fazer uma descrição. Assim como no gif, pontue os movimentos e informações importantes.

Se o vídeo a ser compartilhado for seu, além da opção da descrição por escrito você também pode utilizar da audiodescrição.

7. Mais de uma foto

Se você pretende colocar diversas imagens na mesma postagem e elas são parecidas, não é necessário descrever a imagem por inteiro duas vezes, repetindo o que já foi anteriormente dito. Apenas pontue o que na segunda (terceira ou quantas forem) imagem está diferente da anterior.

8. Posts separados

No entanto, se as imagens forem em postagens separadas, é necessário descrevê-la novamente, sim. Nem sempre a pessoa que encontrar um de seus posts encontrará o outro. E isto vale de forma mais ampla: Se você já descreveu a sua aparência em uma foto anterior, ainda que esteja no seu próprio feed do instagram e só hajam fotos suas, é importante fazê-lo novamente, pois pode ser a primeira vez que uma pessoa se depara com uma foto sua.

Por último: isto também vale para personagens. Se você vai postar a imagem de ume personagem, é importante descrevê-lo. Ao colocar “a imagem apresenta o personagem Dipper de Gravity Falls”, você supõe que a pessoa já está familiarizada com o personagem, e nem sempre é assim.

Pondo as descrições em prática:

No twitter:

Ao adicionar uma imagem a um tweet, em suas configurações (ao clicar na imagem), há a opção “+alt”. Você deve depositar suas descrições lá, e o máximo é de 1000 caracteres. A mesma coisa serve para gifs.

Para vídeos, no entanto, não há essa opção, e então você deverá fazer a descrição abaixo, nos comentários.

No instagram:

Ao clicar em avançar, após editar sua imagem, o instagram abre a última aba de edição antes da publicação, onde você deve colocar a legenda, marcar pessoas e adicionar localização. No fim da aba, clique em “configurações avançadas” e então verá a aba de texto alternativo. É só descrever.

Assim como no twitter, não há esta opção para vídeos.

Vale pontuar que pode dar insegurança ou medo de estar fazendo errado, mas a descrição também é um pouco sobre prática e, conforme você faz, pega o jeito.

Além disso, lembre-se que acessibilidade não deveria ser uma opção. Estar com preguiça não deve ser uma desculpa para não descrever alguma imagem a ser postada

Sigam pessoas com deficiência. Ter contato com pessoas de uma minoria nos dá uma visão diferente e nos ajuda a desconstruir diversas atitudes problemáticas, ofensivas e, para esta minoria em específico, capacitistas.

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