Nem tudo são flores no StartupWeekend

Lidia Pessoa
6 min readApr 27, 2018

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MINI FLASHBACKS

Pensa em uma pessoa que tem mais de 15 anos de experiência como funcionária, CLTista, que panicava só de pensar em não receber seu salário no final do mês… então essa pessoa sou eu. Ou melhor, era eu.

Fazendo um breve retrospecto, em 2015 eu estava super bem empregada, trabalhando numa agência grande, bacana, com um time super legal, tinha reconhecimento, um horário digno, um cargo de diretora, apartamento, carro… enfim, tudo exatamente como eu havia planejado.

Tudo ótimo, certo? Errado! Algo dentro de mim me incomodava, e muito. Eu não sabia exatamente o que era mas sabia que precisava tomar uma ação.

De lá pra cá muita coisa mudou: pedi demissão, conheci vários lugares, vivi muitas experiências, casei, tive um filho e participei de um Startup Weekend.

O que isso tudo tem a ver? Essas experiências me fizeram entrar em contato com um mundo de possibilidades, que até então não faziam parte da minha vida. Ainda não sei qual será o destino final, mas estou cada vez mais certa que o caminho é através do empreendedorismo.

Incentivada pelo meu marido, nos inscrevemos no SWSP. Moramos no Rio, temos um bebê em casa, uma agenda super complicada, mas nada disso foi motivo para não irmos. Essa é a primeira lição logo de cara: pare de dar desculpas, e faça!

A PRIMEIRA NOITE DE DESCONFORTOS

Sou uma pessoa que mais observo do que falo. Se eu puder ficar quieta no meu canto, sem ser exposta, eu prefiro. Assim, já comecei o evento sendo retirada da minha zona de conforto. Em uma só noite, 3 vezes.

A primeira, ao saber que não poderia ficar no mesmo grupo do meu marido. A segunda, ao quase vencer o Jankenpon (vulgo pedra, papel e tesoura). Conforme eu ia ganhando, o meu time ia se multiplicando, gritando meu nome… Sobrevivi. E por último, fazer o pitch da sua ideia inicial. (Ah, o pitch! Nesse final de semana vivi momentos de amor e ódio com o pitch e na sexta feira foi apenas nossa primeira introdução). E assim lá fui eu para fila, falar sobre uma ideia de negócio. (Ideia emprestada da Carla, uma amiga que tinha conhecido há alguns minutos no evento).

A ideia era usar o desperdício de alimentos, de restaurantes, vendendo mais barato para quem não podia pagar o preço cheio.

Na hora da votação, várias bolinhas começaram a ser coladas na minha ideia e aquela sensação foi muito boa! A ideia foi selecionada e formamos o grupo. Dica N⁰2: ouça as dicas dos mentores e facilitadores. Não ouvimos e formamos um grupo de 9 pessoas (o indicado é no máximo 7).

Durante a noite achamos um app europeu que era exatamente a nossa ideia. E melhor: ele era um sucesso, já tinha mais de um milhão de downloads. Fomos dormir com a certeza de que a validação seria moleza no dia seguinte.

Eu e minha duplinha, Carla.

NENHUMA IDEIA RESISTE A VALIDAÇÃO NAS RUAS

No sábado de manhã, o time todo unido, animado, se dividiu para irmos as ruas validar nossa ideia. A segurança de que seria fácil estava estampado no rosto de cada um de nós. Duas horas depois, o primeiro choque de realidade (que também já havia sido alertada pelos mentores): o desperdício de alimentos não era uma dor para os donos de restaurante.

Na volta da validação tivemos visões diferentes no grupo e as primeiras discordâncias. Pensando hoje, é interessante ver a transformação da união do grupo, quando algo não vai como planejado. Ficou nítida a frustração e mais do que isso, o apego de alguns àquele “problema”- eu inclusive.

Nesse cenário, perdemos o sábado quase todo. Queríamos arrumar uma forma de validar aquele problema. Fomos para rua de novo, ligamos, pesquisamos… tudo que podíamos fazer. Até que aos poucos, o grupo todo foi percebendo que o tempo passava e que não tínhamos nada para trabalhar em cima. Passamos horas patinando. Entre um mentor e outro, a minha ansiedade e desespero só iam aumentando.

Até que lá pra às 19horas, tivemos um mentor anjo (Allan Kajimoto) que “organizou a casa” e nos ajudou a desapegar da ideia original e seguir em frente, com algo que fosse realmente uma dor para o nosso público alvo: a dificuldade de encontrar fornecedores e comparar preços de maneira eficiente.

Nova validação feita, conseguimos começar nosso MPV. A essa altura, o grupo estava fracionado: parte animada com o novo problema, parte desmotivada pela perda do problema inicial… estávamos longe de ser um time unido.

SE TÁ COM MEDO, VAI COM MEDO MESMO!

Na manhã de domingo, o clima ainda não era dos melhores. Fomos para palestra e surgiu a pergunta: “Quem quer vai fazer o pitch? “ Não tivemos tempo nem de pensar, um dos integrantes do grupo se candidatou e já era hora do Pré Pitch. Entramos na sala sabendo que iríamos apanhar dos mentores. Dito e Feito.

Tudo bem, foi só o primeiro teste” pensei. Roteiro feito, duas horas depois, estávamos de novo, há 5 minutos do segundo pré pitch e sentia que não estávamos preparados ainda. Foi então que resolvemos mudar a pessoa e enquanto eu dava sugestões, ela falou: “Por que você mesma não faz?”

Minha primeira resposta foi um sonoro “não”. Inventei um monte de desculpas (voltamos a primeira lição). Até que parei e pensei: “se eu não for, nunca vou saber se poderíamos ter ganho com o meu pitch”. Assim, entrei na sala dos mentores, para o segundo pré pitch sem nunca ter ensaiado.

A partir daí senti que o grupo voltou a se unir. Faltavam poucas horas pra a entrega da apresentação, pra consolidação das nossas vendas e para o pitch. Cada um assumiu sua responsabilidade com o objetivo único de subirmos no pódio, como tínhamos prometido no primeiro dia.

Me isolei para tentar organizar a minha cabeça e foi aí que bateu o medo! O que eu tinha assumido? Podia arruinar todo o trabalho do grupo. Logo eu, que não gostava de me expôr, ainda mais na frente de mais de 100 pessoas… E quando eu procurava um buraco pra me enfiar, surgiu outra mentora anjo (Camila Florentino). Sentou do meu lado e em poucos minutos me ajudou a organizar meus pensamentos, me deu insights valiosos e mandou eu arrasar no pitch.

E assim passei os 50 minutos que restavam: ensaiando, ensaiando, ensaiando.. sem parar, até ganhar confiança no meu discurso, no nosso produto e cravar o tempo.

Slide sobre o Pitch: "pouca" pressão #sqn

É chegada a hora! Subi no palco, respirei fundo e comecei. Palavra por palavra, minuto a minuto, o olhar de aprovação dos mentores e do grupo me deu a certeza de um trabalho bem feito. Sai do palco, com a mesma sensação boa da sexta feira, e fui recebida por uma equipe unida, que conseguiu dar a volta por cima e entregar um projeto promissor!

De quebra, antes do resultado, ainda me expus mais um pouquinho fazendo mímica e dançando “evidências” no palco, com direito a encenação romântica com o marido. ❤

Eu & Ele (Cadu Angeli)

E O TERCEIRO LUGAR VAI PARA…

Começou a premiação e ouvir “Negócio Certo” da boca do patrocinador que anunciava o terceiro lugar foi muito bom! Não pelo pódio em si, mas como um reconhecimento a tantos tropeços, frustrações, desânimos e finalmente um grand finale!

Saí tão apaixonada pela experiência, que volto agora da reunião de organização do SW Rio de Janeiro, pra trazer pra minha cidade um pouco desse “mundo paralelo”. #GiveFirst

Obrigada organização, mentores, facilitadores, palestrantes. Vocês realmente geram um impacto muito positivo na vida de muitas pessoas, e isso é lindo!

Obrigada equipe, por resistir, por se unir, por fazer valer nosso esforço e dedicação nessas 54 horas!!!

Equipe Negócio Certo
Allan e Camila, mentores mais que especiais!

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Lidia Pessoa

Marketing Executive, first-time Mom, starting a relationship with entrepreneurship as a new lifestyle.