O seu tempo é o mesmo que o da Beyoncé

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Existem matérias publicadas em jornais que analisam a produtividade da cantora Beyoncé. A curiosidade de pesquisá-las surgiu quando, no grupo das meninas do colégio, comentaram um meme do Facebook que dizia “o seu tempo é o mesmo que o da Beyoncé”. Fiquei curiosa. Fui procurar. Achei que a cantora é reconhecida por fazer diversas coisas ao longo do dia, e ter um portfólio generoso: cantora, compositora, dançarina, atriz, fundadora de instituição de caridade, empresária, esposa e mãe.

Ultimamente tenho escutado diversas críticas sobre a forma como se vive, o tempo que não se tem e a correria da vida moderna. De fato, vivemos tempos líquidos: como se as experiências escorressem pelas nossas mãos sem ao menos termos a chance de experimentá-las. Entretanto, já que cruzamos uma linha que não tem volta — devido à dimensão populacional, à complexidade das relações humanas ou até mesmo do mercado financeiro, caso assim queiram justificar — seria útil reclamar da vida? É como aquele ditado bem velho “chorar pelo leite derramado”, sabe?

Vejo pessoas se lamentando pelos cantos, escoradas nas paredes, esperando em filas de elevador ao invés de subirem escadas, reclamando do emprego, da faculdade, do transporte público, da porta quebrada, do computador e até do gatinho preto que passou pelo meio do caminho numa sexta-feira 13. Parece até que esperam o tempo das princesas, dos unicórnios e de la belle vie. Parece que não se lembram — existem também aqueles que nem chegaram a conhecer — que viver é dureza. É mais batente que travesseiro, mais fechadura que maçaneta, mais tijolo que cimento. E isso é bom.

As habilidades de produção, desenvolvimento e criação provém, na maioria das vezes, de situações adversas. O mundo gira para todos na mesma velocidade. Talvez alguns acreditem que esse discurso é massivo e totalizador — e talvez até seja — mas, se absorvido individualmente, faz sentido. Atitudes reivindicadas são necessárias: as escolhas devem ser de responsabilidade de um sujeito, não de uma entidade. O indivíduo, quando protagoniza sua própria história, se estabelece nas situações como agente transformador — não agente reclamador.

Alguns podem estar se perguntando o que a reivindicação da própria vida tem a ver com a produtividade de Beyoncé… É simples — e a cantora só serve de exemplo maravilhosamente dançante. Quando tomamos as rédeas da nossa história — sem culpabilizar as situações desfavoráveis — tornamo-nos produtivos. A capacidade de reinventar-se é intrínseca ao ser humano. Lutar contra isso é como lutar contra si mesmo. E muitas pessoas vivem desse jeito, querendo uma natureza que não lhes pertencem: não é ruim acordar cedo (para as pessoas diurnas), não é ruim dormir 4h por dia, não é ruim fazer exercícios, não é ruim ter disciplina. Talvez seja difícil, mas é necessário manter hábitos que condizem com seu projeto de vida. E aí está a reivindicação do seu nome e da sua história. É aí que você escolhe, e se culpa, pela forma como aproveitou o dia. As variáveis podem ser diferentes entres as pessoas, mas sempre existirão variáveis. E o dia permanecerá cumprindo suas 24h.

Luana Aladim
Liga do Empreendedorismo Potiguar

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