1984 — Jorge Orwell

Lilian Freitas
3 min readJan 26, 2023

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Uma narrativa atemporal e um marco dos romances distópicos — pois retrata uma sociedade hipotética e autoritária. O questionamento filosófico que ele faz cabe muito nos dias de hoje.

Em 1984, George Orwell criou uma sociedade distópica, em que tudo é controlado e todos são manipulados pelo Grande Irmão, personificação de um poder autoritário.

“Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado.”

Nessa sociedade, os indivíduos vivem sozinhos, não constroem laços com seus pares, apesar de fazerem tudo coletivamente. Os registros do passado são constantemente alterados pelo Ministério da “Verdade”, onde trabalha Winston, o protagonista do livro. É a história sendo reescrita para que o governo consiga se manter no poder, maquiando a verdade e criando uma ideia de que a sociedade atual é a perfeita. Para se proteger, qualquer forma de pensamento opositor é completamente proibida.

Winston Smith é um membro de baixo escalão do Partido no poder em Londres, no país da Oceania. Em todo lugar que Winston vai, até em sua própria casa, o Partido o observa através de telões. Em todo lugar que olha, vê o rosto do líder aparentemente onisciente do Partido, uma figura conhecida apenas como Grande Irmão.

Winston é obrigado a mudar a história constantemente, alterando dados, estatísticas, nomes e até mesmo apagando a existência de pessoas que provavelmente foram varridas de Oceania. A população vivia alienada e não tinha a capacidade de pensar por si própria.

O Partido controla tudo na Oceania, até a história e a linguagem das pessoas. O Partido estava implementando uma linguagem inventada chamada Novafala, que tenta impedir a rebelião política, eliminando toda a possibilidade de pensamentos rebeldes, que eram considerados ilegais. Esse crime de pensamento é, de fato, o pior de todos os crimes.

Quando o romance se abre, Winston se sente frustrado com a opressão e o rígido controle do Partido, que proíbe o pensamento livre, o sexo e qualquer expressão de individualidade. Winston não gosta de nada que vive e compra ilegalmente um diário para escrever seus pensamentos criminosos.

Além da espionagem constante, o Partido possuía a Polícia do Pensamento, que controlava o pensamento, analisava todas as atitudes e comportamento da população e ao menor sinal de mudança de comportamento, a pessoa era presa.

Filhos eram ensinados a delatar os pais caso percebessem algo estranho, caracterizando uma quebra no vínculo familiar, o Partido estava acima de todos. Os indivíduos tinham medo de criticar o Partido durante seu sono.

Não existia confiança e nem privacidade. Os cidadãos viviam em estado de paranóia, sem contato próximo ou afetivo com ninguém. Tudo em nome do Partido.

O Partido sequer tem um nome. É simplesmente Partido, uma estrutura onipresente e absoluta. O lema do Partido é:

“GUERRA É PAZ

LIBERDADE É ESCRAVIDÃO

IGNORÂNCIA É FORÇA.”

Pelas ruas viam-se cartazes com o escrito:

“O Grande Irmão está de olho em você”.

forma tão instigante que é difícil parar de ler.

A obra também nos faz refletir muito, principalmente considerando os dias atuais, em que também nos sentimos vigiados e controlados o tempo todo. Hoje a noção da verdade está comprometida com as fake news, com esse novo ambiente digital em que vivemos.

A internet é um laboratório onde as informações se chocam com a realidade. Boatos, mentiras e verdades são manipulados por ideologias. Edward Snowden, um ex-agente de inteligência norte-americano — exilado na Rússia, vazou informações de como os Estados Unidos espionam a vida de pessoas e colhem informações de uma maneira sofisticada.

Não é atoa que dizemos que os livros clássicos são atemporais já que “1984” não está tão longe assim.

George Orwell terminou a obra no ano de 1949, por isso é uma distopia futurística, já que imaginou uma sociedade oprimida no futuro, mas que se apresentava como uma boa sociedade, avançada; isto é, uma utopia. Esse é o principal aprendizado, perceber que o mal se apresenta como um bem.

George Orwell é um pseudônimo do autor, um nome que ele adotou para assinar suas obras. Em seu batismo na Igreja Anglicana, foi chamado de Eric Arthur Blair. Nasceu em 25 de junho de 1903, na Índia. Seu pai era funcionário colonial inglês, agente do Departamento Britânico de Ópio. Orwell, ou Blair, tendo deixado a vida militar, tornou-se jornalista, ensaísta e romancista.

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