Os “não ditos” na escrita

Elane Lima
2 min readMar 7, 2024

No inicio da semana fui surpreendida com essa dúvida e estou até esse momento tentando elaborar uma resposta que eu julgue coerente e que compreenda a complexidade do que ela quis saber e não esta sendo fácil.

Afinal como “cientista” qual o conselhos que daria para alguém que queira lidar com um bloqueio emocionais na escrita?

De certo, eu posso dizer sem medo de errar que a escrita é um processo em que seu resultado é a comunicação. Diante disto, durante muito tempo eu acreditei que escreve bem aquela que tem algo relevante a dizer, que as palavras são instrumentos e para ser uma boa escritora é necessário praticar além da escrita, a leitura e a escuta. E eu não estava de todo errada, mas tem algo que não esteve presente no meu entendimento da produção escrita e eu percebo isso agora.

Que escrever é mais que comunicar é também criar e se expor.

Antes eu não via essa etapa pública da construção intelectual, como algo tão complexo e desafiador como nesse momento, agora vejo o escrever como alguém que sentiu-se atravessa por emoções em que a ansiedade turvou meus pensamentos e impossibilitou a execução do texto, as palavras não puderam dar voz ao que gostaria que fosse dito e eu sofri.

E agora após essa experiencia me quedo nesse exercício, defronte ao pensar a escrita eu me vejo e ao me por em perspectiva reparo que labor da produção intelectual com uma profundidade maior, em fases que hoje não mais entendo o processo de escrever como puramente racional e linear. Estou compreendendo aos poucos novas dimensões sobre racionalidade e consequentemente na escrita.

Assim percebo as circularidades e pluralidades que convergem: razões, emoções e sentimentos. Diferentes dimensões psíquicas as quais afetam o pensar e diretamente influenciam uso das palavras, o conteúdo do texto e o modo de dizer, os sentidos da escrita estão passando em mim por uma profunda transformação, pois, agora vejo a imensidão que sou incapaz de mensurar.

Mas no momento eu posso dizer que minha experiência recente eu pude sentir arder no peito emoções e pensamentos que me possibilitaram aprender muito sobre escrever. E afinal no processo laboral com as palavras, como contornar as limitações impostas pela própria mente e comunicar? Ainda que eu esteja assimilando, concluo é necessário estar consciente de si e também que um texto é só um produto, como tal esta passível de erros, incorrências e incompletudes. E como criação não define sua criadora, ser escritora é também um tornar-se em um processo que devemos lidar não só com a razão e a pratica mas também com as emoções que ora ou outra invadem o pensamento técnico e possibilitam construir novos sentidos, isso compõem o não dito na produção intelectual.

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Elane Lima

Descobri que escrever é o mesmo que carregar água na peneira e com as palavras eu consigo preencher os vazio e agregar aos sentidos aos despropósitos.