Muito além da produção de conteúdo

Lincoln Ferdinand
7 min readDec 1, 2016

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Bom, vou logo avisando que eu não faço a menor ideia de onde esse texto vai dar. Embora ele seja curto (talvez… não sei. Também não tenho o controle disso agora), a sua fabricação já tem quase uns seis meses - quando eu resolvi voltar a produzir conteúdo próprio nas bandas da internet.

O motivo dele ter demorado tanto a sair eu não sei (e nesse momento ainda me pergunto se devo mesmo publicar um texto em que estou tateando a cada palavra, sem nenhum planejamento prévio), mas é possível analisar algumas variáveis que me trouxeram até aqui.

Faz quase um ano e meio da minha última publicação no Medium, quando resolvi dar uma freada pra me dedicar mais na conclusão da minha dissertação de mestrado. Só que nunca esteve nos planos parar de vez a produção, visto que eu havia me identificado muito com a plataforma. O mestrado já acabou faz nove meses e nada de voltar com os textos (com exceção de um, sobre Bob Dylan, que escrevi para o FolkdaWorld. E só!).

Bob Dylan é esse danadinho aí!

A única coisa que eu dizia nesse tempo era:

“Preciso voltar a produzir conteúdo.”

Como eu tenho um rascunho com diversas ideias para desenvolver em textos (e talvez em vídeos, mas não vamos falar sobre isso agora), achei que seria tranquilo sentar e PÁ! Um texto. Só que não. E foi ficando cada vez mais difícil a ponto de eu fugir disso. Eu escrevo em blogs desde 2010 e nunca me encontrei com tanto medo de escrever um texto como depois dessa longa pausa do último ano.

Não só de escrever, mas de todo o processo. Da estruturação da ideia, da produção, revisão e revisão e revisão, publicação, de monitorar o alcance, de ler os comentários, responder quando necessário e tudo isso aí que envolve o negócio. Não sei porque usei a palavra “medo”. Talvez nem seja isso, mas algo não só me impedia de produzir mais, como também me deixava cada vez mais longe de uma coisa que sempre gostei de fazer, desde que me meti nisso de internet.

Vou dar uma pausa aqui pra comer, peraí!

Então, 2016 foi um ano de muito imprevisto na minha vida. Eu e minha esposa passamos por algumas reviravoltas, novidades, aventuras e loucuras. Foi um ano que mexeu muito com a nossa cabeça (depois que 2015 já tinha feito um belo trabalho nesse ponto aí) e rolou muito estudo, observação, análise e reflexão sobre tudo que aconteceu e que está acontecendo. Tivemos mudanças abruptas de hábitos e comportamentos. Algumas de forma lenta e outras de porrada na nossa cara.

Entrei nesse assunto que talvez seja até alvo de outro texto, mas pode ser uma das razões do meu afastamento na criação de conteúdo. Minha mente trabalhou mais na direção de tentar entender como as coisas estavam acontecendo nessa nossa nova recém louca vida de adulto pagador das próprias contas.

Foi um ano que absorvi muito conteúdo, aprendi muita coisa, me abri mais a novas experiências, amadureci bastante e talvez não tenha tido a disposição e atrevimento pra falar sobre nada. Eu só sabia que queria voltar a produzir conteúdo, disso não tinha dúvidas. Só não sabia como e quando eu estaria preparado pra fazer isso de novo. Dessa vez tava mais pesado, mais complicado, tinha mais medo envolvido.

Agora eu me pergunto:

MEDO DE QUÊ?

Medo de voltar? De começar novamente? Do zero! De não estar mais tão apto para o trabalho? Sei lá. Eu até considerei por muito tempo estar passando por um hiato criativo. Mas acredito que isso só acontece quando você tenta, tenta e não consegue. No meu caso, eu evitava tentar. Estava claro que não iria sair nada. Sem começo não tem fim, ora bolas!

A única coisa que eu sabia, quando comecei a falar que precisava voltar, era que tinha que escrever um texto, qualquer um, sobre qualquer coisa. Algo que me trouxesse de volta. Não tinha tema, não sabia sobre o que ia falar (e isso me dava mais medo ainda), mas considerei um ato de libertação. Libertação do atual estado em que minha mente se encontra. Nesse último mês isso se tornou A GRANDE COISA que me tiraria de um certo comodismo. A ideia não era só voltar a escrever, mas também praticar um ato que ajudasse nos meus conflitos internos. Eu me esforcei muito pra sair da inércia mas não conseguia sentar, abrir o computador e digitar bulhufas nenhuma.

(Abrindo parêntese para dizer como está sendo estranho escrever esse texto sem voltar nenhuma vez para conferir a coerência e conexão entre os parágrafos. Sinto que vou terminar e ele não vai dizer coisa com coisa, mas vamos lá. Preciso dele.)

Até que chegou o dia de ontem. O dia que eu julguei esse simples texto o ponto de partida para me tirar de algumas zonas de conforto e me fazer reprocessar alguns comportamentos. O que ia me obrigar a ter uma mudança de rotina grande (ao menos em uma área da minha vida).

Ele é mais pra mim do que pra você (se tiver alguém aí). É tipo um diário mesmo. Um desabafo. Uma confissão. Não sei se daqui a uns dias vou considerá-lo realmente algo que foi essencial para me destravar, mas hoje ele está sendo super importante. Estava precisando aliviar a mente.

Aí você pode perguntar porque eu não deixo ele no rascunho, já que serve mais para o autor. Imagino que o fato de publicar seja um lance a mais nesse processo que estou acreditando ser importante aqui. Sinto que escrever e não publicar vai cutucar o meu TOC. Mas não vai ser um texto que eu vá divulgar para as pessoas ou buscar que leiam. Quero deixar rolar.

Só pra dar uma noção de como isso tá sendo um big deal pra mim, eu preferi vir em um espaço de coworking (o Tot é muito legal, gente) só escrever isso. Eu queria sentir outro ambiente, ver outras pessoas, sair da minha sala, mudar a rota. Em casa, provavelmente, eu não sairia do lugar, como foi nesses últimos meses.

Acho que não vai ser um bom texto e talvez eu até escreva sobre o mesmo assunto, depois, de maneira mais bem pensada, menos emocional e de um jeito que possa ser interessante para outras pessoas. Agora, ele tem a função maior de me tirar de um lugar subjetivo em que me tranquei e não estava conseguindo sair. Depois de muito refletir, julguei essa como sendo a ação que ia me libertar.

Sei também que não é só esse texto que vai ser responsável por isso. Ele é o primeiro passo de uma espécie de trabalho que estou querendo fazer com meus processos mentais.

O lugar aqui tá fechando mas tô dando uma de doido porque sou amigo do dono. Talvez o botão publicar fique pra quando eu chegar em casa.

Cheguei em casa e quase não consigo me concentrar pra continuar a parada aqui (foco e concentração são dois pontos que estão na lista — que ainda vou criar — de melhorias que preciso implantar na minha mente). Confesso que fui lá em cima ler tudo e ver se fazia sentido o que eu tava escrevendo. Continuo querendo expressar o mesmo. Já sabia que o texto ia ser muito pessoal e envolver muito sentimento, mas não podia ser diferente.

Repetindo, isso vai muito além de um simples texto de retorno. Mexe com todo um processamento de mindset e uma quebra de rotina que precisava acontecer e eu adiei por muito tempo.

São muitas coisas que eu preciso consertar nos meus hábitos, e eu estou usando esse recurso para me ajudar nisso. Talvez escrevendo as ideias e tornando público eu me sinta mais pressionado no compromisso que eu estou criando.

Inclusive, se você é uma pessoa que chegou aqui por acaso e acabou lendo tudo, valeu, cara. Ser ouvido (no caso, lido) é muito bom!

Acho que é isso. Descarreguei. Depois vou organizar melhor os pensamentos e tentar esclarecer minhas metas. Depois dobro as metas!

Eu achei que tivesse terminado o texto. Fui dormir e deixei pra publicar hoje de manhã, mas quem disse que conseguia pensar num título. Me envolvi em alguns dilemas e quase perco o sentido real dessa publicação. Que é começar de novo. Pra ter alguma produto, alguma criação finalizada, a pessoa tem que começar. E como foi difícil começar dessa vez.

Lembrei que uma das coisas que também quero mudar é me desprender de detalhes desnecessários que me fazem, muitas vezes, perder tempo e até mesmo desistir de algo (como foi com o título e com as imagens). Mas desse texto eu não podia desistir. Estou aqui! Comecei!

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Lincoln Ferdinand

Constantemente dizendo o contrário do que eu disse antes. Pode me perturbar em lincolnferdinand@gmail.com