Loryel Rocha - IMUB
4 min readSep 19, 2018

O GRANDE EMBUSTE: A MANIPULAÇÃO DA HISTÓRIA DO BRASIL PELA MAÇONARIA E PELOS INTELECTUAIS

Este tem o objetivo de sintetizar as grandes linhas teórico-conceituais que fabricaram uma história do Brasil a partir do século XIX, bem como, os intelectuais que a propuseram. Essa linha foi artificialmente construída depois do golpe de Estado em 1822 pela maçonaria e tem determinado até hoje a forma como lemos e interpretamos a história, a cultura, a sociedade, a política, a economia, a religião do Brasil. Trata-se, portanto, de uma linha revolucionária, artificial e está equivocada, porque, assenta-se em erros, omissões e forjas documentais obediente a uma ideologia revolucionária específica anti-monárquica, anti-cristã e à revelia, em sua grande medida, da documentação oficial da Coroa Portuguesa. Insiro, igualmente, algumas frentes intelectuais anti-revolucionárias que foram abafadas e seus membros e obras execrados da vida cultural nacional.

1) 1822- José Bonifácio (carbonário), para legitimar a Independência do Brasil, cria a falsa tese do "Brasil colónia de Portugal".

2) 1838- Januário da Cunha Barbosa e Raimundo José da Cunha (ambos maçons) criam o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) para, dentre outros objetivos, promover a “identidade nacional” e “reescrever” a história do Brasil. Nesta “promoção”, toda memória da presença portuguesa deveria ser eliminada.

3) 1844- o IHGB promoveu um concurso aonde a proposta era: Como se escrever a história do Brasil. O vencedor foi o naturalista e sócio correspondente do IHGB o alemão Karl F. P. von Martius o qual propôs entender o “desenvolvimento” do Brasil a partir do estudo das três raças que o formaram, os portugueses, indígenas e africanos. Cabe ressaltar que a teoria eugenista das 3 raças nunca fez parte da documentação portuguesa. Essa tese marca o modo como se deve escrever a história do Brasil a partir de então.

4) Em épocas distintas, Adolfo Varnhagen, Oliveira Lima, Caio Prado Jr. e Sérgio B. Holanda propõem o modelo básico da interpretação da história do Império, da Coroa Portuguesa e da maçonaria, sobretudo no tocante a administração enfatizando a relação Estado-política, distorcendo a base do Poder e afirmando que toda a corrupção está no Estado e, com isso, isentam o esquema financeiro, jornalístico e burocrático de corrupção e com ele, a maçonaria.

5) 1932- Ação Integralista Brasileira (Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale) inspirada no Integralismo Lusitano (António Sardinha) sistematizou a teoria do Estado Integral de cariz monárquico, cristã e tradicional propondo um diálogo com Portugal. O Integralismo se propôs a combater o liberalismo, o socialismo, o capitalismo internacional, e as sociedades secretas vinculadas ao judaísmo e à maçonaria. O movimento foi acusado falsamente de fascista e um anátema lhe foi interposto. No entanto, grandes intelectuais brasileiros cristãos fizeram parte dele.

6) 1933- Gilberto Freyre propõe a construção de uma “idéia de Brasil”. Ele a constrói a enfocando escravismo, patrimonialismo, elites corruptas e subordinadas ao poder Real, instituições decadentes da Coroa. Tal vertente é capitaneada pela USP e disseminada Brasil a fora até os dias de hoje. Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro e Simon Schwartzman, são autores centrais nessa “ideia de Brasil”.

7) 1940–50- os irmãos Tito Lívio Ferreira e Manoel Rodrigues Ferreira desmontam, baseado em 150 mil documentos de fontes primárias, a falsa tese do "Brasil Colónia de Portugal" de José Bonifácio, que constitui a mola-mestra de todas essas distorções da história do Brasil desde 1822 além de constituir a base dos discursos esquerdistas/marxistas/socialistas que infecta e destrói o Brasil atual. O trabalho dos historiadores paulistas foi silenciado pela norma dominante da academia nacional, por razões óbvias. Depois deles, nenhum intelectual propôs novos rumos e interpretações para a historiografia nacional.

8) 1950- o Grupo de São Paulo (Agostinho da Silva, Eudoro de Sousa, Miguel Reale, Vicente Ferreira da Silva, Adolpho Crippa, Dora Ferreira da Silva), formado por intelectuais luso-brasileiros atuando na USP, na UnB (da qual alguns foram fundadores) e na Universidade Federal da Bahia (para citar apensas algumas universidades) encetam diálogos para considerar a presença da memória e herança luso-brasileira no Brasil além de criar diversas entidades científicas e culturais, dentre elas o CEAO (Centro de Estudos Afro-Orientais) criado por Agostinho da Silva possibilitando os primeiros estudos africanos surgirem no Brasil. Esse esforço deixou muitos frutos institucionais e abriu um intercâmbio contínuo, mas, tímido entre Portugal, Brasil, África, Ásia. A filósofa Constança Marcondes César tem se destacado nesse quesito sendo uma das grandes vozes na reaproximação e diálogo entre diversos segmentos da filosofia e da história na América Latina e na Europa.

9) 1980- o programa MAPA (Memória da Administração Pública Brasileira) do Arquivo Nacional abriu um projeto de pesquisa (apoiado por Portugal) no sentido de fazer um levantamento metódico da administração da Coroa Portuguesa, que até então nunca tinha sido estudada no Brasil, exceto de modo mais do que superficial produzindo distorções e anacronismos incontornáveis.

10) 2015-Jessé Souza (UFF), criticando as interpretações sociológicas da esquerda e da direita, publicar obras críticas que revisitam, questionam e desmontam as ideias de Gilberto Freyre e Sérgio B. Holanda, os fundadores da moderna sociologia brasileira, responsáveis pela construção de uma “idéia de Brasil”.

Loryel Rocha - IMUB

Filósofo, pesquisador em Cultura Oral e Simbólica Tradicional Luso-Afro-Brasileira. Presidente do IMUB www.imub.org