Prazer culpado.

Necrophilia Varations —Supervert

cachalote pigmeu
5 min readJun 17, 2019

Sinto medo. Eu sinto estar acumulando um karma ruim e estou fazendo por vontade própria. Sou um homem brincando com o destino e eu sei disso, faço com total satisfação. Estou provocando o meu futuro, fazendo a minha própria vida mais difícil e dolorosa, faço de bom grado e orgulho do trabalho que me aterroriza, todo o tempo tremendo o tempo em que ele me alcança. É especialmente irônico que eu já tenha estado lá antes. Eu sei como é. Experimente a magoa e a triste futilidade, essa estranha sensação de fazer parte de clubes exclusivos, Os Adultos Machucados Até a Morte. Estive lá na manhã anterior, e um dia estarei na manhã seguinte. Estarei encharcado de dor, afogado em minha própria tristeza, e Deus, como odiarei isso, me odiarei por ser tão insensível, simples.

Cedo ou tarde, todos passarão por isso — a perda e a dor. Em respeito, temo não esperar apenas por mim, mas por todos. Não existe alguém que não seja repulsivo em alguns momentos. Terão que pensar nisso na hora da sua dor, e vê-lo através do véu de lágrimas vai adoecer e apavorar. Além disso, repugnando todos, eu me isolei. Quando meus momentos vem e eu lamento por tudo que causa a dor do meu próprio luto, não há ninguém a recorrer. “Ele mereceu isso isso”, disseram “Ele não tem ninguém pra culpar além de si mesmo.” E isso será verdade. Eu fiz isso comigo. Eu sei disso. Me vejo piorando as feridas que ainda terei, agravando minha futura tristeza por causa do um prazer temporário, e ainda assim faço.

O que importa para mim? Por que continuo com tudo apesar de todos os motivos e sanidade? Tem momentos que espero conselhos da morte, espíritos preocupados, balançando as cabeças tristes, maravilhados com a minha audácia irracional.

Eu espero um espectro me avisar, uma voz crescendo do além dizendo “Não brinque com a morte”, isso irá sacudir as maçanetas e agitar correntes, improvisando uma melodia fúnebre em um esforço para me assustar na direção saudável de volta a vida. “Arrependa-se do seu flerte com o poder além do seu controle! Somos a morte e vamos te esmagar!”

Mas então isso se desenrola. Você tem que respeitar a morte. Eu me alerto, mas você não tem que fazer isso de algo que não é. Morte não é um esqueleto em um cavalo indo atrás de você com uma foice. Morte é um processo biológico, sua vida acaba, seus rins falham, seu coração para. E isso não é tudo, você pode parar de baixo de um caminhão de lixo, cair de uma altura considerável, correr pra fora da rota. Ei, merdas acontecem. Tudo é morte.

E nesse ponto, o que é necrofilia? Uma explosão de fluídos em um objeto inanimado. Em um grande esquema de coisas, o que não é mais ou menos imoral do que assoar seu nariz ou mijar no mato? O que tem demais? Qual a fonte do medo? Por que se preocupar com karma? Nada está voltando ou te assombrando exceto seus próprios medos e ansiedade. Você pode foder com um corpo morto se quiser. O destino não jogará isso na sua cara —o que não se refere a polícia ou alguma doença horrível. Só dizendo que não é necessário isso, nenhuma força superior processando uma justiça cósmica. Tudo é humano e relativo. Deus é morte. Moralidade é feita por homens, então que credibilidade tem? Hoje ta tudo bem amar um espírito morto, mas não em carne e osso. Amanhã quem sabe? Talvez homens do futuro considerem mais como nostálgico do que desprezível e pervertido. Depois de tudo, amar a morte é viver no passado, e isso não pode ser saudável.

De novo, mesmo que você se considere iluminado sozinho, quando aquele que se sente livre para viver suas próprias estranhezas para seus recessos mais afastados —mesmo que você seja mestre da depravação que considera necrofilia mais ou menos repugnante que todos os outros obscuros e complexos desejos humanos —provavelmente tolerável quando o cadáver em questão é alguém que você ama. Como você vai se sentir então? Você será capaz de manter sua postura filosófica, sua indecente suspensão de julgamentos? Depois de tudo, você leu isso. Você passivamente fantasiou. Talvez você gostou e portanto mudou para sempre. Um dia você terá uma perda e no luto lembrará da sua cumplicidade com isso, talvez até se delicie, e então como vai se sentir? É fácil ser simplista agora, especular sobre interseção de Eros e Thanatos, mas e na hora de tristeza e luta, como vai se sentir?

Provavelmente não é justo eu colocar estas coisas na sua cabeça. Eu sei, mas estou fazendo isso por mim, ou ao menos eu espero até certo ponto. Você provavelmente não pensa nisso tudo, você estava apenas navegando em expectativa de um pouco de choque e admiração. Agora eu tive que ir e pontuar uma espécie de consequências morais desagradáveis — que baixo astral. Amaldiçoado seja o leitor destas páginas. Normalmente quando você está em um período de luto, é difícil esquecer todos os filmes de terror que já viu, todos os livros que já leu, videogames onde matou inocentes. Mas agora esta pequena maldição ficará na sua cabeça criando cada associação desconfortável. Você se verá no velório de alguém que ama, olhar no rosto, descer um pouco e BUM! de repente você vai ver imagens horríveis se reproduzindo na sua mente. A intimidade que você conhece é a alegria será atravessada por uma doença. Pensamentos grotescos zombarão de suas despedidas mais doloras. É divertido imaginar douching com sangue humano —até que o sangue venha da mamãe ou papai.

Infelizmente não há muito que você possa fazer nesse ponto. Você foi longe demais. Você colocou isso na cabeça. Talvez já tenha ido lá antes, mas de um jeito ou de outro, te dei isso, esse momento chocante —a colisão de a mobilidade ingênua com mortalidade implacável. Pelo que posso entender, há apenas três maneiras de lidar com isso; Primeiro, você pode ser o próximo a morrer, poupe-se do luto. Segundo, tentar esquecer —mas seria como um Zen Koan, você consegue perder uma memória? Meditação ou hipnose para extinguir qualquer traço de necrofilia do seu cérebro? Terceiro, você pode evitar escrupulosamente anexos emocionais. Não ame ninguém, não cuide de ninguém e depois a morte será apenas indiferente para você. Relações morrem, vizinhos perecem e você quase não percebe.

Assassinatos, guerra, doenças, limpezas étnicas —isso também não te afeta, já que não ama pessoa ao seu redor, certamente não liga para humanidade. “Sobreviver é pro mais forte” você boceja. “Controle populacional” e você volta para contemplação depravado de pensamentos depravados Hm se eu moer um crânio em pó fino e por na bebida de alguém na balada, ele age como estimulante? Um necrodisíaco?

Então se quiser uma saída, lhe sugiro isso: não ame ninguém. Caso contrario, se insistir em amar, estará fodido.

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