O tempo nos tira pra dançar
1 min readApr 5, 2017
As horas, dias, meses e anos são correnteza. Controlamos o mergulho, perdemos o fôlego e, vez ou outra, flutuamos à deriva.
Com os braços abertos e olhos fechados, levito pelo rio da memória. Fio que conduz ao cais.
Até o próximo mergulho, até quando a angústia dos pulmões vazios obriga a retomar.
Voltar para a superfície é sobrevivência. Quanto mais tempo sendo barco a vela, mais profundo pode ser o mergulho seguinte.
Insistir em mergulhar sem fôlego é se afogar no próprio tempo.
Decidir é respirar.
Permitir ser deriva é se ouvir.
Não há posse do nosso próprio poço. Somos mesmo barco a vela.
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