Meu escritório é redondo.

Comecei a trabalhar em comunicação aos 19 anos. Como fui mãe cedo, tive que me dividir em mil nessa rotina louca de agência.

Correria, pressão, tudo pra ontem, e por aí vai.

Lembro das inúmeras vezes em que saía 22h, 23h, 24h e meu filho ligava reclamando: “mãe, vem logo que eu tô com saudade! Diz pro seu chefe que você tem filho e quer ficar com ele!”.

Nossa, meu coração ficava apertadinho, doído, sofrido. Porque no mundo de fantasia que povoa a cabeça de uma criança, querer é poder. É como nos desenhos animados — os heróis sempre dão um jeito.

Já aconteceu de ficar até tarde uma semana inteira e não conseguir dar um beijinho de boa noite nele. Me questionava o tempo todo se esse esquema, tantas vezes insano, era o que eu realmente queria pra minha vida.

Depois de muita ralação e reflexões, encontrei meu espaço nesse mundão da comunicação — meu “home sweet office”, que pode ser o clube, o restaurante ou a praia, não importa. Basta ter um note nas mãos, olhos atentos, paixão pelo que faz e boas ideias na cabeça. Às vezes, até um celular resolve.

É verdade que meu filho não se beneficia muito com essa nova vida, afinal, hoje já tem 18 anos e mal para em casa. De qualquer forma, posso experimentar os prazeres de uma rotina feliz, saudável e produtiva. Posso acreditar que, SIM, é possível trabalhar em paz, com liberdade e fazer as coisas darem certo. Porque, agora, minha sala não é mais quadrada. Ela se chama mundo ;-).