Arte em Looping
Como os GIFs se tornaram um novo gênero artístico
Os GIFs estão por toda parte. Estão na sua timeline, na sua caixa de entrada, nos fóruns de discussão e em cada canto da rede. Hoje, para muitas pessoas, o formato já alcançou até o status de arte.
Guilherme Marques, também conhecido como Guma, é um dos artistas que descobriram no formato uma nova maneira de expressão — e também de trabalho. O paulistano começou a “brincar” com a extensão desenvolvendo filmes publicitários, e, hoje, GIFs são uma de suas especialidades.
“O que eu sinto que é mais forte nos GIFs é o poder de hipnose que eles causam. Às vezes, o GIF pode até ter um movimento lento, mas se ele tem um timing legal, ele hipnotiza.”
Para o ilustrador e quadrinista brasileiro Magenta King, GIFs são como “chegar perto da animação, mas dentro de outra mídia”. Ele utiliza o recurso em sua série de quadrinhos Jihanki Battle, uma história com referências à cultura milenar japonesa, muitas cores e imagens psicodélicas. Uma mistura perfeita para o formato.
“Acho que, em ilustração e quadrinhos, o GIF ajuda a ‘contar’ mais em uma imagem só. Em vez de desenhar mais quadros, ou dividir a ilustração em mais imagens, podemos, numa só em movimento, mostrar uma sequência de cenas.”
Em geral, os artistas utilizam softwares como Photoshop e Flash, mas outros recursos também estão disponíveis para quem usa Dragonframe (popular na produção de filmes em stop motion), After Effects e Cinema 4D, entre outros.
Mas será que o futuro reserva grandes exposições, tapetes vermelhos e holofotes para os artistas de GIFs? Na opinião do norte-americano Joe Maccarone, autor de imagens que abusam do surrealismo e do bom-humor, a resposta é não. Para ele, a internet é o endereço das galerias de arte do futuro.
“Os GIFs são incríveis por conta do lugar onde eles existem. Eles só podem ser expostos online, ou em um computador, o que os torna ideais para a maneira como as pessoas tendem a consumir arte hoje em dia. É um formato que pode ter muito sucesso como forma de comunicação, especialmente na nossa época.”
Reportagem publicada originalmente na edição nº 354 da revista INFO (julho/2015)