Ressuscitando o Manchester United: uma saga no Football Manager 20

Lucas Filus
8 min readNov 14, 2019

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Pra não dizer que nunca escrevi sobre Football Manager, teve um solitário texto: matéria pra Placar sobre as novidades do jogo na edição de 2016, se não me engano. Mas nunca foi uma prática assídua.

Jogar, sim. Escrever, só do futebol ‘real’. Mas depois de tantas leituras me deu vontade de fazer o óbvio e postar algumas coisas sobre FM também. Tenho contato com esse negócio viciante desde 2011, quando ‘descobri’ Pierre-Emerick Aubameyang e me encantei com Idris Saadi; então ponta promissor do Saint-Ettiene, agora está no Cercle Brugge, último colocado do campeonato belga. Faz parte.

Enfim, as responsabilidades aumentaram e não dedico ao jogo o tempo de antigamente, quando dormia fechando a Steam e acordava abrindo a Steam. Mas de vez em quando vou postar algumas coisas aqui.

A princípio, no FM20 vou seguir carreira no Manchester United. Como um bom torcedor, é sempre meu primeiro save e o interessante é que gradativamente foi se transformando de ‘apelação’ pra ‘trabalho de recuperação’. Vocês já devem saber a história de nossa queda, mas resumindo: os donos, os diretores e os treinadores pós-Ferguson fizeram besteira e aqui estou para ser a exceção e fazer as coisas andarem pra frente.

Somos cotados para a 6ª colocação na Premier League e essa é a visão do clube:

Sim, a meta de disputar de fato a liga nacional ficou pra 2021/22. Até lá tenho que provar que estamos no caminho pra esse título. Como os tempos mudaram, né? Outros elementos permanecem: o desejo de ter um futebol atrativo e o desenvolvimento de jogadores da base. Acredito que posso fazer um trabalho bem legal com os garotos. Uma mini classe de 92.

Vejo futuro em Old Trafford pra Brandon Williams, James Garner, Angel Gomes e talvez Tahith Chong. Mas por enquanto saem de empréstimo para Bolton, Swansea, Stoke e Seattle Sounders, respectivamente. Dar certa rodagem enquanto alinho com os principais jogadores o que quero pra equipe. O único que vai ficar é justamente o mais novo, mas também o mais talentoso: Mason Greenwood.

É uma futura estrela nos gramados verdadeiros e virtuais, com talento natural pra finalizar e criar suas próprias chances. Já parece preparado pra ser peça de rotação e não ficará perdido contra adversários de alto nível. Espero vê-lo se tornar um ‘franchise player’ em alguns anos.

Sobre outro desejo traçado pelo questionável chairman Ed Woodward (inclusive, está chegando um profissional pra compensar seus erros; finalmente), cada um tem sua própria definição de ‘futebol atrativo’. Decidi por uma mescla de compatibilidade com o elenco, intenções pessoais e filosofia da instituição. Vou recuperar a nossa marca registrada de ataques rápidos e jogo vertical, mas com uma ênfase reforçada no esforço sem a bola.

A tática com a bola, sem a bola e na transição

Quero uma pressão pós-perda (o famoso ‘gegenpressing’) firme e eficaz, acabando com o problema de jogadores alheios ao ritmo das partidas e sem saber o que fazer. Correr atrás do prejuízo causado por José Mourinhocom todo respeito ao meu antecessor. Espero enfrentá-lo em breve. Como preza Ole Gunnar Solskjaer, a palavra da vez é energia. Num plano geral, aqueles que não suam a camisa a todo momento e são incapazes de colaborar com a intensidade serão gentilmente convidados a se retirar. É, Mata, você não vai mais poder assistir aos jogos do gramado pra fazer uma resenha no seu blog.

Conclui como atributos base para o plantel, portanto, o seguinte: técnica, “compostura”, “sem bola”, força, físico, energia (stamina) e determinação.

Jogadores que não preencham um ou outro requisito ainda terão espaço — caso a performance agrade -, pois cada função carrega sua especificidade, mas no geral essas características consistem em nosso ‘núcleo de valores’. Continuando o processo de limpa que Solskjaer havia iniciado, liberei Rojo, Jones e Matic por empréstimo e Mata e Romero por definitivo. De Gea, favor não se machucar.

O espaço da folha salarial se abriu por jogadores que dão dor de cabeça para quatro que me empolgam. A começar por Jadon Sancho, que pra diretoria da vida real é a estrela dos olhos e no jogo não a convence: tentaram bloquear sua vinda, mas persuadi Avram Glazer a aceitar e fechei a transação com o Dortmund.

Desembolsei £75 milhões (podendo chegar a £92M) por um dos jovens que prometem entrar na briga por Ballon d’Or quando a ‘era Messi e Ronaldo’ acabar. Se você é torcedor do United, sei que queria vê-lo com o nosso número 7 nas costas; vai acontecer! Criatividade e controle de bola pra um ataque que já conta com a velocidade de Rashford e Martial. No setor, o francês vai ser responsável por receber de costas pro gol e acionar os ingleses. E marcar.

Ah, o meio-campo. O problema que o clube tenta resolver desde a aposentadoria de Paul Scholes. Só 7 anos desde então… Cheguei pra ir atrás dos caras certos.

Você que me conhece: adivinhem por onde vou começar? Ele mesmo.

Bruno Guimarães, vendido pelo Athletico por £18.5M. Pogba comemora a chegada de seu companheiro de repertório vasto; não vai mais ficar sobrecarregado na articulação. (Na realidade, ele flertou com pedir pra sair nessa janela, mas prometi a classificação para a Champions e garanti mais uns meses do camisa 6.) O brasileiro é versátil, mas inicialmente vai ser meu box-to-box. A meta é fazê-lo uma fonte confiável de gols, já instruído a entrar na área como elemento surpresa.

É qualificado e agressivo na marcação também, ponto fundamental pra recuperarmos a bola antes dela chegar em nossa defesa. Terá um companheiro e tanto nessa missão: Wilfried Ndidi, comprado por £60M (pode chegar a £68M) junto ao Leicester.

Com 14 de determinação, 17 de desarmes e 17 de stamina, tem tudo pra ser peça-chave e puxar a intensidade do resto do time. É o Matic, só que ao contrário. Já está acostumado com a cultura e não deve ter dificuldades de adaptação. McTominay, Lingard e Andreas são nomes de confiança pra mim e vão ter seus minutos. O primeiro a princípio como substituto de Ndidi e os dois últimos cobrindo tanto o meio quanto o ataque.

(Sim, sou aquele treinador chato que aponta pro trabalho ‘sem bola’ do Lingard e a dedicação tática de Andreas pra justificar quando roubarem a vaga dos queridinhos da torcida.)

A linha defensiva não teve alterações da minha parte. Wan-Bissaka e Shaw são laterais com o físico avantajado e oferecem cobertura suficiente para o jogo mais solto dos pontas. O lateral direito não chegará tanto na linha de fundo, ficando na intermediária pra cuidar de eventuais contragolpes, e o esquerdo vai avançar mais. Já tem entrosamento com Rashford e confio por mais uma ou duas temporadas, quando avaliarei o desenvolvimento de Williams e a possibilidade de reforços — talvez Lodi pra reeditar a dupla vencedora com o Bruno. Claro.

Maguire comanda tudo lá atrás e a dupla com Lindelof terá que apresentar uma saída de bola de qualidade também. São ball-playing defenders, um dominante na marcação e outro rápido, e se encaixam no estilo proposto. A linha vai ser alta e vai trazer desafios para os dois, vejo alguns erros no início até que se acostumem. Confesso que cheguei a fechar negócio com o Tottenham e sentar na mesa pra discutir o contrato de Alderweireld, mas desisti de último instante. Idade avançada e pedida salarial exorbitante é uma soma de fatores que não me agrada — e vai contra a visão da diretoria.

Os reservas Young (é a última temporada, prometo!), Dalot, Tuanzebe e Bailly me dão opções de mudança de estilo em suas respectivas posições ou uma troca de formação. Em algumas partidas, principalmente contra times grandes, vou emular Solskjaer e pretendo usar variações táticas da linha de 5. Mas o sistema padrão é o 4–3–3 com mentalidade positiva; ritmo alto, marcação alta e pressão pós-perda englobam a equipe inteira. De Gea pode tirar a calça jeans e se preparar pra se movimentar mais.

No ataque, uso das pontas e muita liberdade expressiva, visto a capacidade de drible e explosão dos jogadores. Não vou esconder que tô visualizando aquele trio Ronaldo, Rooney e Tevez. Sir Alex terá orgulho. Sem a bola, a ideia é estreitar a estrutura e povoar o centro do campo. Se o oponente tenta passar por ali, temos capacidade de anular em números e combatividade. Caso vá para as laterais — meu objetivo principal -, terá que encarar o competente Shaw e o monstruoso Wan-Bissaka. É onde quero ver muitos desarmes.

O time base no momento
O elenco para 2019/20

Ah, faltou uma contratação, né? É porque ela só chega no meio da temporada, em janeiro:

Isso mesmo, o excêntrico Gabriel Barbosa terá mais uma oportunidade na Europa. Artilheiro nato, criativo, leve e de ótima capacidade de associação, resolvi apostar e paguei £18M a Internazionale. Agora é esperar ele ganhar o Brasileirão com o Flamengo e preparar o terreno pra sua chegada. E sósias, claro.

Basicamente é isso. Ainda tenho trabalho a fazer com a comissão técnica, o departamento médico e departamento de análise, mas fica pra depois. Vou jogar um pouco e daqui alguns dias volto com novidades.

A caminho de onde o United nunca deveria ter saído: o topo. Filus Beckham inicia sua saga de consertar o clube.

Gostaram? Sintam-se livres pra sugerir o formato dos posts, quais dos infinitos aspectos do jogo abordar com mais profundidade, etc. E a dar dicas, viso que não sou nenhum especialista, rs. Até a próxima!

*Em breve vou ajustar certinho a questão de logos, faces, etc. Também me incomodo com esses escudos genéricos.

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Lucas Filus

Apaixonado por futebol, principalmente o inglês. Ex-blogueiro do Manchester United no ESPN FC. Colaborador do Footure e do PL Brasil. No Twitter, @filuslucas.